17 de março de 2025

Música de Selvagem traz novos ares em disco VOLUME ÚNICO, que será lançado também na Europa [ENTREVISTA]

Por Gabriel Basile

 

Depois de dois anos do lançamento do disco de estreia da Música de Selvagem, a banda agora aposta em outras roupagens para um novo álbum, intitulado VOLUME ÚNICO. A primeira diferença que se nota, certamente é a questão de que o trabalho anterior era totalmente composto por músicas instrumentais, ao contrário de VOLUME ÚNICO, que é feito por canções.

Mas o disco não foi feito somente pelo grupo (formado por Arthur Decloedt (contrabaixo), Filipe Nader (saxofones alto e barítono), Oscar Ferreira (sax barítono), Amilcar Rodrigues (trompete e eufônio) e Guilherme Marques (bateria), como também por outros compositores e intérpretes, Tim Bernardes (O Terno), Pedro Pastoriz (Mustache e os Apaches), Sessa e Luiza Lian.

Os integrantes Arthur e Filipe tiveram uma estada longa na Europa e criaram laços fortes, e é pro isso que o disco será lançado também na Europa pelo selo Shhpuma. Mas foi em uma residência na Associação Cultural Cecília (em São Paulo-SP) que a ideia do disco VOLUME ÚNICO acabou surgindo.

VOLUME ÚNICO tem direção musical, arranjos e produção de Nader e Decloedt e foi gravado no
Estúdio A Voz do Brasil por Gui Jesus Toledo, responsável também pela mixagem e masterização no
Estúdio Canoa. O projeto gráfico e a arte são de Maria Cau Levy.

A banda irá fazer um show de lançamento do disco, confira abaixo o serviço.

 

Música de Selvagem Lança seu segundo disco – Volume Único.

Show com participações de Luiza Lian, Pedro Pastoriz e Sessa.

Data: 06 de junho de 2018, quarta-feira
Horário: 20h30
Local: Auditório – Sesc Pinheiros

 

Abaixo, confira na íntegra uma entrevista que fizemos com os integrantes da banda.

 

 

Como chegaram na concepção poética e musical do álbum?

Arthur: ​É muito difícil definir com poucas palavras a concepção poética e musical de um álbum ou trabalho artístico. Eu acho que estamos muito interessados nesse processo de investigar até onde a canção ainda é canção, o que podemos tirar dela e o que acaba sempre permanecendo, aquilo que é essencial.

Acho que a concepção do nosso trabalho, surge naturalmente desse processo.

A voz é outro universo super complexo que a gente quis abordar nesse álbum e que sem dúvida diz muito sobre a concepção poética e musical.

 Filipe: ​Esse disco é acima de tudo sobre a canção, sobre a voz. Sua força e fragilidade.

 

No disco de estreia, vocês gravaram músicas inteiramente instrumentais. Já em ​VOLUME ÚNICO​, isso mudou. Por que isso aconteceu?

Arthur:​ A história do VOLUME ÚNICO começou em uma residência artística que fizemos em agosto de 2016 na Associação Cultural Cecília, em quem convidamos o Tim, a Luiza, o Pedro e o Sessa para tocar com a gente em diferentes noites.

O resultado desse processo foi tão positivo e instigante para todos nós, que surgiu a necessidade de transformar essa experiência em algo maior e gravar um disco.

 

Vocês consideram ​VOLUME ÚNICO​ um trabalho independente? Quais foram suas influências nesse meio?

Filipe: ​Cara, é independente no sentido de que não tem gravadora. Mas temos um monte de gente do nosso lado ajudando a realizar nossas maluquices. O Selo Risco é um parceiro importantíssimo na nossa história e somos eternamente gratos à confiança e estímulo do Gui Jesus Toledo, que é o cara que além de ser uma das cabeças do selo é a pessoa que gravou, mixou e masterizou o nosso disco. Fora o Risco, agora temos a parceria da Shhpuma, selo português que é uma referência internacional nesse tipo de som que a gente curte… coisas que têm uma referência de jazz e improvisação mas não são exatamente isso. Além disso tem mais um monte de parceiros que dão força pra gente e ajudam o grupo.

Sobre influências olhamos muito para o que a Fire Orchestra, All Included, Metá Metá, Negro Leo, Liberation Orchestra, Christian Wallumrød estão fazendo.

 

Capa do álbum (Arte de Maria Cau Levy)

 

Como rolou o convite para as participações especiais? O que esses músicos acrescentaram no disco?

Filipe: ​ Os convites vieram dessa residência que fizemos na Associação Cultural Cecília. A escolha dos convidados foi totalmente afetiva. Somos admiradores dos trabalhos de todos e temos uma proximidade grande com eles. O Arthur toca com o Pedro e gravou/arranjou em uma música do disco MELHOR DO QUE PARECE do Terno, além de ter gravado no disco solo do Tim. Eu toco com o Terno e gravei no disco solo do Tim, além de ter gravado também com a Luiza. O Sessa é um velho amigo e trabalhamos juntos há muito tempo quando ele ainda tocava com o Garotas Suecas, mas aí estamos falando de 10 anos atrás (risos). Os nossos convidados adicionaram uma camada totalmente nova para a gente. A letra, a canção e a voz são coisas completamente novas para o grupo. Encontrar maneiras de falar a nossa verdade musical dentro do universo da canção foi uma das coisas mais legais de fazer esse disco e sem o Tim, Luiza, Pedro e Sessa isso nunca seria possível.

 

Ainda nessa pergunta. Vocês gravaram apenas uma faixa inéditas, ​MÚSICA​. Pensando nisso, como foi o processo de escolha de repertórios?

Filipe: ​A proposta do projeto era justamente pegar músicas que os compositores estivessem já totalmente acostumados a cantar e entortar elas do nosso jeito. Inclusive a música do Sessa já estava feita e tinha uma gravação demo que ele mandou para a gente ouvir. Os convidados deixaram completamente a nosso critério a escolha. Conversamos um pouco com cada um e fizemos algumas propostas. Mas todo o processo foi realmente tranquilo. A Luiza me mandou alguns poemas que ela estava trabalhando na pré produção do último álbum dela, Oyá Tempo, e o Sessa me mandou algumas demos de músicas dele para eu ouvir e escolher o que me interessava mais. O divertido foi mostrar para eles as músicas depois que fizemos os arranjos.

Arthur: ​No meu caso também foi bem relax, eu sugeri o ASSOVIO para o Pedro e ele topou na hora, ela era perfeita para nós e equilibra bem as tensões do disco. Já o MORTO foi uma ótima sugestão do Tim também. Não houve discordância em nenhum momento!

 

Dessa forma, vocês criaram um som sem amarras. O que vocês diriam a respeito da sonoridade e ritmos presentes no disco?

Arthur: ​ O som do música de selvagem é acústico. Desde o começo é assim, inclusive tocamos muitas vezes sem microfonar os instrumentos. Nesse caso não foi diferente, a voz é o que há de mais “acústico” na música talvez. Mas foi interessante ver como a sonoridade em cada canção mudou, porque esse formato trouxe a tona novas questões que não estavam presentes em trabalhos precedentes do grupo.

 

O disco será lançado no Brasil e na Europa. Falem um pouco mais sobre isso.

Filipe: ​ ​Eu e o Arthur moramos quase 7 anos na Europa seguindo nossos estudos de música que começaram aqui no Brasil. Eu morei em Bruxelas e fiz meus estudos no Conservatório Real de Bruxelas e o Arthur morou em Paris e estudou no Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris. Criamos laços muito profundos lá e até hoje eu volto regularmente para tocar com grupos belgas, com pessoas que inclusive inspiraram a gente a fazer o Música de Selvagem. Nosso primeiro disco foi lançado na Bélgica pelo El Negocito Records, que é um excelente selo belga de jazz contemporâneo, inclusive vale a visita ao site deles para ouvir um monte de coisa massa que eles produzem.

 

Tem alguma história ou curiosidade interessante que envolva o álbum?

Arthur: ​Esse disco foi gravado em duas madrugadas na Voz do Brasil, tudo foi feito muito rapidamente, mas com muito carinho. A história é essa: a residência na Cecília, o convite à esses amigos queridos que estão sempre com a gente, a parceria incrível do Gui Jesus Toledo que gravou, mixou e masterizou o disco pra gente nos estúdios d’A Voz do Brasil, tudo feito com amor, com baixo orçamento e com muita sinceridade.

 

 

 

 

Newsletter

Editoras para publicar seu livro de ficção científica e fantasia

Para aqueles que amam a fantasia e a ficção científica, sejam leitores ou escritores, trago aqui três editoras brasileiras que.

LEIA MAIS

Lupa na Canção #edição22

Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Esta é uma lista de novidades mensais, com músicas.

LEIA MAIS

CONTO: O Genro Perfeito e o Estudante de Direito (Gil Silva Freires)

– Filha minha não casa com pé-de-chinelo! – bradava seo Germano, aos quatro ventos. Italianíssimo, não havia desfrutado da mesma.

LEIA MAIS

A conexão musical entre Portugal e Brasil, contada pela siberiana Svetlana Bakushina

Artigo escrito por Svetlana Bakushina com exclusividade para Arte BrasileiraPortugal, agosto de 2024 Nasci e cresci na Sibéria, onde a.

LEIA MAIS

LIVE BRASILEIRA #8 – Do rock “No é No” de Giovanna Moraes ao “golpe emocional”

1ª Convidada Giovanna Moraes é uma cantora e compositora de rock. Ela iniciou sua carreira fonográfica em 2017 com o.

LEIA MAIS

“Minha jornada musical entre o Brasil e a Alemanha” – Um relato de Juliana Blumenschein

Sou Juliana Blumenschein, cantautora alemã-brasileira, nascida em 1992 em Freiburg, no sul da Alemanha. Filha de brasileiros de Goiânia, meus pais migraram.

LEIA MAIS

Bernardo Soares, heterônimo de Fernando Pessoa, é inspiração do também Bernardo Soares, cantautor do “Disco

Olá! Eu sou Bernardo Soares, um artista da palavra cantada, compositor de canções que atua a partir de Curitiba, no.

LEIA MAIS

LIVE BRASILEIRA #17 – O “Espaço Tempo” de Natália Masih e os anjos camaradas de

No dia 27 de outubro de 2022, o jornalista Matheus Luzi conversou com os cantores e compositores Gabriel Deoli e.

LEIA MAIS

CONTO: O Desengano do Rock Star Paulistano (Gil Silva Freires)

Tinha uma guitarra elétrica, canções e sonhos na cabeça. A paixão de Alécio pelo rock and roll era coisa herdada.

LEIA MAIS

Rock Popular Brasileiro, Edson Souza?

Baião com rock foi uma investida polêmica de Raul Seixas, entre outras misturas. Apesar disso, o cantor e compositor baiano.

LEIA MAIS