Experiências próprias e pessoais, foi o que norteou o novo álbum da banda Planeta Pandora, porque muito do que estavam sentindo e enfrentando, foi como se tivessem “musicalizado” suas vidas. É dessa forma, que o grupo procura uma conexão com todos que acreditam no que os integrantes também acreditam.
— UM OUTRO ALGUÉM é exatamente o que a gente queria fazer desde moleque mas éramos barrados por nossas desculpas esfarrapadas baseadas unicamente no medo e no senso comum. Você sempre quer esperar a “hora certa” ou fazer do “jeito certo”. Como é que você vai saber a “hora certa” ou o “jeito certo” de fazer algo que você nunca fez — comentou o vocalista André Bayma.
Abaixo, você verá uma entrevista na íntegra com o vocalista da banda.
Vocês estão apostando com tudo nesse EP, não é?
Estamos apostando com tudo na Planeta Pandora. É o projeto das nossas vidas e esses últimos meses têm sido o nosso sonho se tornando realidade a cada dia. Não pretendemos pisar no freio tão cedo.
Inclusive, um de vocês decidiram até largar o emprego… Como foi isso?
Na verdade nós dois fizemos isso. Quando começamos tudo, logo percebemos que pra ter o resultado que queríamos teríamos de dar dedicação total. Começamos a perceber que se a gente meio que desse atenção, a gente ia só meio que conseguir. Temos muito a agradecer às pessoas mais próximas que tanto nos apoiaram nessa decisão. Foi algo difícil de se fazer.
Antes das gravações finais, vocês fizeram gravações caseiras. Pode nos contar como isso aconteceu, e no final, como ficou o trabalho?
Grana era exatamente o que a gente mais NÃO tinha (risos). Então o nosso plano pra gastar o menos possível em estúdio seria já chegar com tudo pronto pra gravar. Na hora de compor nós gravamos cada música com os arranjos e detalhes do começo ao fim. Algumas saíram exatamente como fizemos inicialmente, uma delas foi UM OUTRO ALGUÉM, mas ERRADO por exemplo, teve muitas mudanças que foram aparecendo durante as gravações, como o solo que foi feito na hora.
E os bastidores das produções e criações das músicas?
Fazer o álbum foi demorado e difícil, porque sempre tomamos muito cuidado para não desviar de como nós queríamos que ele soasse. Desenvolvemos o nosso próprio método de composição tanto do instrumental quanto das letras e nos mantivemos nele até o fim. Queríamos fazer algo diferente e acho que todas as nossas músicas têm alguma peculiaridade que põe o nosso “carimbo” lá. O filtro principal era fazermos algo que nós gostaríamos de ouvir. Fazer a banda que a gente queria que existisse. Durante a produção foi mágico conseguirmos escutar pela primeira vez algo feito por nós e finalizado. Foi muito difícil descartar a euforia do momento e se concentrar em julgar os resultados de forma racional, mas acho que conseguimos fazer um bom trabalho. Estar no estúdio gravando o que fizemos foi como estar em casa fora de casa.
Antes de fazer o primeiro álbum você tem alguma ideia de como é, mas somente após o processo e os seus exaustivos obstáculos, nós conseguimos adquirir a sensibilidade pra valorizar verdadeiramente o trabalho massivo que está por trás de cada obra fonográfica.
Seria legal se vocês, em suas opiniões falassem sobre os conceitos musicais e poéticos do EP…
UM OUTRO ALGUÉM fala sobre as dificuldades que enfrentamos pra fazer o que realmente amamos, as brigas internas na nossa cabeça, a dolorida quebra do status quo em buscar conhecer tudo que está além da janela do seu quarto.
Instrumentalmente seguimos a mesma mensagem. Optamos por destaques em quebras de tempo, timbres incomuns e tons dissonantes pra passar o máximo desse conflito de forma que tudo conversasse com o tema de cada música.
Tem alguma história ou curiosidade interessante que envolva o álbum?
Muitas! Mas vou escolher cinco pra que essa resposta não fique gigantesca.
1 – Nós criamos umas 20 músicas até saírem as que queríamos. Gostamos de dizer que o nosso EP de estreia na verdade é o segundo, porque o primeiro a gente jogou fora.
2 – 90% dos vocais foram gravados no meu quarto em volta de colchões porque a grana do estúdio tinha acabado.
3 – A melodia de todo o final de ERRADO (Despido de medo te surpreendi…) foi finalizada momentos antes da gravação.
4 – UM OUTRO ALGUÉM ia ter 5 músicas, mas achamos que seria demais para um EP de estreia, então ficamos com 4.
5 – Eduardo criou muito instrumental de cabeça e me passava através de softwares ou gravações, com a boca mesmo, porque a filhinha dele era muito neném e ele não podia fazer barulho em casa.
Fique à vontade para falar o que quiser sobre o EP.
UM OUTRO ALGUÉM nos ensinou duas coisas que levaremos pra vida toda:
1 – Não existem certos ou errados, se você gosta genuinamente do que fez, então você está pronto.
2 – O trabalho do artista não é convencer pessoas sobre o quão boa sua música é, mas sim, buscar aqueles que partilham das suas opiniões, alegrias e angústias. Quando você encontra essas pessoas, você verá que tudo vale a pena.