Leo Maier acredita profundamente que o blues está passando por uma fase brilhante no Brasil. E é nesse embalo, que ele acaba de lançar o disco “I Choose the Blues”, que é um verdadeiro apologista ao blues. O álbum será apresentado e lançado em Blumenau, no dia 25 deste mês no Auditório Willy Sievert do Teatro Carlos Gomes. O disco que tem 11 faixas, é patrocinado pelo Fundo Municipal de Apoio a Cultura. Nós entrevistamos Leo, falamos do novo trabalho e também um pouco sobre sua carreira. Veja:
Qual a mensagem musical e poética que você traz com o novo disco?
Se eu quero trazer alguma coisa, é a verdade, a música feita com a alma, orgânica, e que faça o ouvinte se sentir bem. Cada pessoa vai absorver de uma maneira diferente, e espero que elas queiram ouvir o disco mais vezes e pesquisar mais sobre o Blues e seus mestres.
O álbum “I Choose the Blues”, é completamente autoral e é dividido entre instrumentais e vocais. Como você trabalha cada um deles e o que te inspirou na criação desse disco?
Muitos temas e letras surgem em momentos inesperados, então acabo escrevendo e gravando o “esqueleto” naquela hora, e depois vou trabalhando para eles irem evoluindo. Minha paixão pelo Blues foi o que realmente me inspirou a criar o disco.
Além disso, a gente sente uma necessidade muito grande em compor, divulgar o trabalho e registrar isso tudo em disco.
“Tem muita gente que fala que o blues é mais técnico. Outros falam o contrário, que é mais sentimento.”, em relação ao novo disco, o que você tem a dizer sobre essa frase?
Isso é algo bem pessoal. As pessoas veem o Blues de diversas maneiras e eu tento respeitar cada opinião. Mas o sentimento (feeling) é fundamental para que o Blues soe sincero. E a técnica vai te ajudar a colocar o “feeling” para fora. No fim das contas, toda música é assim. Sem a alma, não funciona.
Todas as faixas são em inglês. Por que você escolheu fazer as letras e os títulos em outra língua? Algo te influenciou?
Como quase todo Blues que ouço é cantado em inglês, acabo me expressando melhor dessa forma. Quero que o CD seja ouvido por pessoas de diversos países, e cantando inglês facilita isso. Escrever Blues em português é muito difícil e poucos conseguem fazer algo convincente. Admiro estes compositores.
O blues de uma maneira geral, é pouco escutado no Brasil. Você acredita que esse cenário está mudando ou pode mudar? E qual a contribuição de “I Choose the Blues” para o blues brasileiro?
Em minha opinião, o Blues vem ganhando mais espaço no Brasil. Isso se deve principalmente ao esforço dos fãs, dos músicos, entusiastas, donos de bares e produtores. A cada ano temos mais festivais e eventos, muitos discos sendo lançados, os músicos estão se profissionalizando cada vez mais. Quero que o “I Choose The Blues” seja lembrado por essa boa fase (espero que não seja apenas uma fase) no país e que acabe inspirando músicos mais novos a gravarem seu material.
No começo de sua carreira, você foi integrante de três bandas, o “Delones Blues”, “Tiffany Harp & Capone Brothers” e “Live Sessions”. Essas bandas ajudaram a construir sua personalidade musical? Como isso aconteceu?
O “Live Sessions” é uma demo gravada pela Capone Brothers na verdade.
Este início no Blues foi muito importante para minha formação. Foi nessa época que comecei realmente a estudar o Blues e seus mestres. A Delones foi minha primeira banda do estilo e a Capone veio logo depois. Aprendi principalmente a acompanhar outros músicos, ser ‘sideman’ e fazer parte da banda de apoio. Você acaba treinando muito o ouvido, dinâmicas e o principal: aprende que a música é muito mais importante que o seu instrumento. Foi uma baita escola!
Você já tocou com Zé Geraldo e Rick Ferreira (guitarrista de Raul Seixas) e muitos outros nomes da música brasileira. Como foi tocar com eles? O que eles acrescentaram na sua música e na sua vida?
Eu gosto muito do Raul e tocar com o Rick foi sensacional. Eu estava acompanhando uma lenda e isso é a realização para qualquer fã. Mesma coisa com o Zé Geraldo.
Ouvir os discos é fantástico, mas sentir a atmosfera que vem destes caras no palco é surreal. Eu só queria contribuir para que eles fizessem um grande show. Quanto mais vivências musicais e mais estrada, melhor é para o artista. E isso fica muito claro quando você acompanha monstros consagrados como eles.
Tem algo que eu não perguntei, e que você gostaria de comentar sobre sua carreira e/ou sobre o novo trabalho?
Primeiramente quero agradecer a oportunidade de poder dividir estas palavras aqui com vocês. Quero dizer que o “I Choose The Blues” foi gravado com muito amor a música e claro, ao Blues. Ele é meu terceiro trabalho de estúdio (tenho dois EP´s lançados, um de 2015 e outro de 2016). É impossível lançar um trabalho como este sem a ajuda dos amigos, familiares, músicos e de profissionais de diversas áreas que estão nessa luta comigo. Então deixo aqui o meu MUITO OBRIGADO a todos você!