8 de dezembro de 2024
Música

Os Dentes caminha entre a complexidade e a simplicidade em novo álbum [ENTREVISTA]

Por Renan Barbosa

 

Várias maneiras compõe o novo disco da banda Os Dentes. Isso porque o grupo se inspirou em temáticas e ritmos variados. É dessa forma, que o álbum SIDERAL transita entre o céu e o espaço, a psicodelia e a calmaria, o oriente e a tropicália, o filosófico e o profano. 

Em SIDERAl, o grupo volta seus olhares à cena que habitam, a Zona Sul do Rio de Janeiro. Nesse sentido, os resultados foram os melhores: letras sinceras, que falam maturidade, inseguranças, loucuras, segredos e questionamentos. Em SIDERAl, se encontra temáticas que caminha entre a Espiritualidade, alienígenas reptilianos, religião e sexualidade.

“Quando a gente se deu conta, vimos que a acidez, o sarcasmo eram uma boa maneira de expressar todo o papo que nem todo mundo vai gostar de ouvir. Ao mesmo tempo, queríamos fazer um disco pop, então fizemos isso com uma dose de humor e tentamos encontrar uma sonoridade interessante pra tornar a experiência agradável.”, comentou Pedro Fonte, baterista e vocal da Os Dentes.

O disco que tem 14 faixas, foi gravado no Rio de Janeiro, no estúdio Espaço Sideral, e foi lançado pelo selo RockIt!, de Dado Villa-Lobos. SIDERAl é o terceiro álbum da carreira da Os Dentes.

 

Abaixo, confira na íntegra uma entrevista que fizemos com a banda.

 

Para ouvir as músicas completas, clique no botão branco no quadro abaixo.

 

O disco parece não ter uma definição musical, por se tratar de uma sonoridade diferente. Falem mais sobre isso.

Rudah Guedes – O disco não é homogêneo, as músicas passeiam por diversos estilos, e nas próprias canções vários estilos se manifestam de diversas formas. Acho que de maneira geral não é totalmente equivocado definir a gente como uma banda de rock, mas a gente não tá muito interessado em fazer parte de uma categoria, que serve mais como uma orientação comercial do que como uma reivindicação política/cultural.

 

E a parte poética, como foi trabalhar com ela? Do que as letras tratam?

Rudah – O disco tem dois temas centrais, que são boemia e espiritualidade. As primeiras canções que apareceram ditaram o caminho que o disco ia seguir, de certa forma. A gente fez a maioria das músicas juntos, e surgiu a vontade de falar sobre o meio que a gente vive, a zona sul do Rio, com sarcasmo e humor. É uma autocrítica, a gente tá inserido nas questões que a gente levanta. A ideia foi levantar questões que permeiam nosso cotidiano privilegiado, sem tentar apontar soluções, sem moralismo.

 

Ainda nessa pergunta, vocês brincam com a ironia em algumas letras, não é?

Rudah – Eu diria que o disco é mais sarcástico do que irônico. O sarcasmo é o mote do disco, nada nele deve ser levado totalmente a sério, tomado ao pé da letra. Isso tá nas letras, mas tá nas músicas também. BIRDS AND FLOWERS é um exemplo disso.

 

E o nome do álbum, o que quer dizer?

Rudah – Quer dizer muitas coisas, é difícil sintetizar. Sideral é o nome do estúdio que a gente gravou o disco e habitou nos últimos dois anos, o empurrão veio daí. E pra gente fez muito sentido chamar de SIDERAL esse caldeirão que mistura o playboy mimado, o ser iluminado, o monstro reptiliano, o artista intelectual boêmio, o cósmico e o profano. Tem a ver com enxergar a potência da mediocridade, o plano que contém todas essas coisas e é afetado por cada movimento de cada uma delas.

 

Em duas faixas do álbum, vocês cantam em inglês. Por que isso aconteceu?

Rudah – Na maioria das músicas a gente fez a melodia antes da letra. A melodia dessas duas músicas flertava muito com o inglês, e a gente resolveu deixar rolar e compor em inglês mesmo.

 

Tem alguma história ou curiosidade interessante que envolva o álbum?

Pedro Fonte – Tem várias curiosidades, na verdade, mas a maioria delas vai soar como uma piada interna que não faz muito sentido contar pro público. Talvez uma informação que pode ser interessante é que o disco ia ter 17 músicas. A gente compôs e chegou a gravar 17 faixas, o Gus entrou numa de que o disco tinha que ter todas essas faixas e deu uma pirada no número 17. Chegamos a masterizar o disco assim, mas seguindo conselho de algumas pessoas, cortamos 3 músicas que agora estão guardadas esperando um futuro melhor.

 

Fiquem à vontade para falarem o que quiserem.

Pedro – As letras do disco falam mais do que a gente conseguiria expressar numa entrevista, às vezes fica redundante explicar os temas que a gente se esforçou muito pra botar nas músicas, é só ouvir. É exatamente por isso que a gente gravou esse disco, com essas letras e com essa sonoridade. Foi a nossa maneira de expressar coisas que precisávamos falar.

 

 

 

 

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.