A carência de beats de qualidades e ainda por cima, sendo free (gratuito) mostrou um caminho para Alexandre F. Andrade, que nasceu em Mirassol, São Paulo, no ano de 1994 e morou praticamente em São José do Rio Preto. Mais conhecido como ZZZ Beats, o produtor musical do cenário do RAP atual; Trap, Boombap e até Lofi.
História contada por ele
Fui criado por uma família simples e humilde, pude receber uma boa educação no qual me formou como homem nos dias atuais: responsável, independente e bon vivant. Com o passar dos anos, mais ou menos entre a idade de 12-13 anos, a minha paixão na música iniciou.
Luan FH – Como foi esse acontecimento?
ZZZ Beats – Eu comecei na música, por inspiração de um artista norte americano: Marshall Bruce Mathers, cujo vulgo é “Eminem”. Mas, o meu contato com o Rap/HipHop, foi através de um CD que comprei na barraquinha na saída da escola. E a primeira música Rap que ouvi, foi um hino e me formou para vestir a camisa do RAP dali em diante. E o nome dessa canção, onde iniciou tudo e, inclusive minha formação, se chama: Munrá, do renomado/consagrado e mestre do Canão Sabotage. E nesse mesmo álbum continha também clássicos do Racionais Mc’s – “Vida Loka pt. 1 & Vida Loka pt. 2”. E assim, começou o meu interesse pelo RAP. E então, um dia, um ex-namorado da minha irmã, me trouxe o filme do Eminem – “8 Mile – Rua Das Ilusões”, e lembro que assistimos aquele filme e cada frame ficou em minha mente e aquilo despertou o sonho em mim. O sonho de um dia estar em cima do palco, mostrando o que sei fazer.
Luan FH – Como foi meu envolvimento com a música?
ZZZ Beats – Eu comecei escrevendo letras e rimando em beats da internet, e naquela época como minha inspiração era o Eminem, eu escrevia letras do mesmo tipo que ele, e às vezes até copiava um pouco de suas letras. E, com o passar dos anos, eu fui me profissionalizando e até que conheci pessoas do meio no qual formamos um grupo na época, e isso foi me aproximando ainda mais da música. E nesse meio eu comecei como MC e até então, esse era o meu foco até 2015. E até 2015, eu me mantive cantando, escrevendo e fazendo músicas (Mas ainda nada de beats)…
Luan FH – Como foi meu envolvimento com produção musical?
ZZZ Beats – Em meados 2012, eu já estava mais “profissional” e estava meio que cansado de ficar procurando beats na internet e usar conteúdo de terceiros, foi quando pensei: por que não criar meus próprios beats? O problema que na época, eu só sabia cantar e escrever uns versos, não tinha nem se quer tocado um instrumento na vida, meu conhecimento sobre campo harmônico, harmonia, tom e notas era escasso.
Foi então, que arriscando e nesse compasso diário, iniciei meus beats usando o FL Studio 7. Foi onde a minha paixão pelos beats iniciou, e na época, eu era muito bom em criar baterias e ritmos, mas era péssimo em melodias e harmonia. Foi então, que eu comecei a ouvir muito, CBJR e ficava fissurado no som que a banda fazia, no qual eu me identifico até hoje. E isso me motivou a criar instrumentais melhores e elaborados e com uma qualidade sonora mais rica. Foi então, que na época, quando estava no meu antigo grupo de RAP, que na época se nomeava por “Fac Tual Clã”, junto ao meu parceiro Yanng Sy, que fundou o mesmo comigo, decidi este feito debatendo ideias. E por coincidência, conheci uma pessoa no ônibus que se chama Rafael Kades (Cantor sertanejo do interior de SP), no qual, contei ao mesmo que eu fazia rap e até cantei um rap pra ele no ônibus, e então ele se ofereceu pra me ajudar nessa questão.
Luan FH – Como foi o surgimento do Canal ZZZ Beats?
ZZZ Beats – No início, confesso que estava bem interessado na monetização, e eu tinha muito material de instrumentais e não queria deixar guardado pra mim, até porque na época de 2015, eu já não estava mais tão focado em cantar, o meu foco já estava se virando 100% na questão de produção. E no início do Canal, eu publiquei esses instrumentais que já tinha pronto e com o tempo, fui ganhando público e também me profissionalizando na área. E hoje em dia já passei dos 100k de inscritos e me admiro muito com isso e sou muito grato inclusive à tudo que passei e tenho passado.
Resumindo: Comecei a ir na casa dele e o Rafael já era muito bom no violão e entendia muito sobre música, e começamos nesse período a criar instrumentais juntos. Eu fazia as ideias com a boca e ele ia reproduzindo dentro da harmonia correta. Foi então que nasceu o meu amor pela produção de instrumentais e produção musical.
Nesse mesmo ano, conheci um cara que se chama Henrique, no qual, ele morava na frente da minha casa, na mesma rua. E ele era professor de guitarra/baixo/violão, e por influência na época, do renoma “Champignon”, eu me apaixonei pelo contra-baixo e então fiz aula com ele de 2 meses e nesse período me dediquei ao máximo e absorvi o máximo que pude. E foi através do Henrique e do Rafael Kades que pude ter um conhecimento melhor sobre harmonia musical.
A partir disso, já com outra visão sobre música e composição musical, comecei a criar instrumentais melhores e então, veio a paixão em cima disso. Em 2015, decidimos finalizar as atividades do grupo Fac Tual Clã, no qual, estávamos parados e sem atividade. E então decidi assumir uma nova responsabilidade e trabalho solo. Foi aí que criei o Canal ZZZ Beats.
Luan FH – Quais os projetos futuros?
ZZZ Beats – Muita coisa está por acontecer, muitos contatos fluindo e muita gente nova se achegando para trabalhar comigo. Inclusive, atualmente estou dedicando minhas atividades num coletivo no qual sou um dos fundadores e faço parte: B4LLINBOYZ. É um grupo local, que vem prometendo muito e conta com produção musical inteiramente minha.
PEQUENA RESENHA DO COLUNISTA
Um trabalho majestoso, claro que aprendido a longo prazo e repleto de pedras, parafusos cortantes, cacos de vidros, porém, que decolou quando conseguiu aprender. O ZZZ Beats põe Beats para uso livre sem fins lucrativos e a licença não é cara; por ser um trabalho demorado e feito com amor na hora da produção. Bem pensado e elaborado.
No RAP nada é aprendido e esquecido, seja letras, produção, mixagem, edição, tudo tão bem trabalhado, e em questão de dias, semanas, meses, pode sim ser reconhecido e bem recebido pelo público. Tem beats que tocam a alma com seu toque sútil, virada no momento certo e bom para fazer um free ou uma música.
Costumo dizer que uma boa música acaba se tornando melhor por causa do beat, e é este o trabalho do Alexandre, trazer esperança, trazer inspiração para a galera nova que decidiu escrever um som, que decidiu escrever um álbum e quer tentar a vida no RAP atual.
Um trabalho digno, um trabalho que tem mérito e beleza. Pois ao invés de ter desistido, decidiu continuar e falar a rapaziada ”Toma aqui esse beat, faz um som, manda pra mim no inbox que irei ouvir”, sinceramente, é preciso também valorizar quem produz e não apenas o cantor, o MC.
Alexandre, meus parabéns pelo trampo e por não desistir do RAP, você salva muito MC que está começando agora, sendo que eles não tem condição de comprar um beat e decide lançar mesmo sem fins lucrativos. Se um MC fica feliz com um som que produziu em cima do teu beat, mérito é da sua produção, é seu!