22 de abril de 2025

Chiquinha Gonzaga: compositora mulher mestiça

Chiquinha Gonzaga

A mítica compositora Chiquinha Gonzaga (1847-1935) representa um divisor de águas na história da música brasileira.

Nela, convergem 3 marcos principais: o musical, o feminino e o racial.

Em relação ao aspecto musical, a obra dela foi das primeiras vezes em que a música de um(a) compositor(a) brasileiro(a) de música escrita refletiu traços inequívocos de brasilidade, em vez de funcionar como mera XEROX de modelos estéticos europeus; antes (e mesmo depois) de Chiquinha, a música escrita feita no Brasil era difícil de distinguir das referências europeias (clássicos, barrocos, românticos e afins); em alguma medida, esse colonialismo da música escrita brasileira permanece vastamente presente até hoje; neste sentido, sua obra é uma afirmação da possibilidade do brasileiro de existir como sujeito de sua própria Música! De existir como sujeito!

Já em relação ao aspecto feminino, Chiquinha representa a possibilidade de vislumbrar a Mulher como sujeito da música brasileira (em vez de vê-la sempre como mera vítima do patriarcado) e, assim, sua obra oferece a oportunidade de traçar Matriarcados através da História da Música, em vez de apenas genealogias masculinas; neste sentido, sua vida e obra são uma afirmação do feminino! VAI, MULÉ!!!

E, finalmente, em relação ao aspecto racial: Chiquinha é mestiça, preta e branca, o arroz com feijão do Brasil, e reconheceu sua ancestralidade ao longo da vida tanto em obra quanto em sua atuação em prol da abolição. Ela representa uma oportunidade de ver o mestiço como sujeito de sua própria história, e não como mero fruto dos projetos nacionais de embranquecimento e do abuso; ou seja, se não se trata mais do mito equivocado da democracia racial, tampouco se trata de condenar seres humanos que resultaram das origens dupla (europeia-africana) ou tripla (europeia-africana-americana) do Brasil. Sua vida e obra são uma afirmação do plural!

O mundo dos compositores eruditos brasileiros ainda é acachapantemente branco OMO. Não há praticamente mestiço. Muito menos negro. É a apoteose do colonialismo, espelho branco pra rostos mestiços, a eterna negação do Brasil.

Isso dá a medida do desafio que foi pra Chiquinha Gonzaga,
E que é, ainda, hoje… .. .

Artigo escrito por Luiz Castelões em 2023

Rogério Skylab: o feio e o bonito na MPB

O disco que lançou Zé Ramalho

Curador Mario Gioia reflete a importância do artista visual Octávio Araújo

(Crédito: Olney Krüse) Os casos ainda muito vivos de racismo – como por exemplo, o que envolveu o norte americano.

LEIA MAIS

O Abolicionista e escritor Cruz e Sousa

A literatura brasileira se divide em várias vertentes e dentro dela encontramos diversos escritores com personalidades diferentes e alguns até.

LEIA MAIS

LIVE BRASILEIRA #7 – “Muito Mais” da The Apartment Cats e a “Existência” de Nino

1º Convidado Com um álbum, um EP e vários singles nas plataformas digitais, a banda paulistana The Apartment Cats surgiu.

LEIA MAIS

Paz, Festa e Legado: Cem anos de Dona Amélia

Era uma noite de dezembro em São Paulo, dessas que misturam o frescor do verão com o brilho das luzes.

LEIA MAIS

A bossa elegante e original do jovem Will Santt

No período escolar do ensino médio, nasceu o princípio do pseudônimo “Wll Santt”. As roupas retrô e o cabelo black.

LEIA MAIS

Grata à Deus, Marcia Domingues lança a canção “Feeling Lord”

“Feeling Lord” é a nova canção autoral da cantora e compositora paulistana Marcia Domingues. Com letra em inglês, ela revela.

LEIA MAIS

Tropicalismo: o movimento que revolucionou a arte brasileira

  A designação de Tropicália para o movimento que mudou os rumos da cultura brasileira em meados e fim dos.

LEIA MAIS

“Sertão Oriente”, álbum no qual é possível a música nordestina e japonesa caminharem juntas

A cultura musical brasileira e japonesa se encontram no álbum de estreia da cantora, compositora e arranjadora nipo-brasileira Regina Kinjo,.

LEIA MAIS

CONTO: O Grande Herdeiro e o Confuso Caminhoneiro (Gil Silva Freires)

Gregório era o único herdeiro de um tio milionário, seu único parente. Não tinha irmãos, perdera os pais muito cedo.

LEIA MAIS

CONTO: O Flagrante No Suposto Amante (Gil Silva Freires)

Eleutério andava desconfiado da mulher. Ultimamente a Cinara andava de cochichos no telefone e isso e deixava com uma pulga.

LEIA MAIS