23 de março de 2025

Rogério Skylab: o feio e o bonito na MPB

Rogério Skylab

Criador do estilo “punk-barroco” (o punk que se expressa através de contrastes), o compositor Rogério Skylab (1956 -) é um exótico na ensolarada cena carioca: ele não bronzeia, não malha e é formado em Filosofia!

Por isso, sua música só decolou depois de uma passagem pela cidade de Nossa Senhora de Juiz de Fora, paraíso underground subtropical onde as árvores são docemente substituídas por cimento e os passarinhos são engaiolados em massa.

Impossível de ser vendido como “punk de butique” pelas gravadoras, Rogério Skylab foi então artista-bancário, trabalhando no Banco do Brasil por inacreditáveis 28 anos pra bancar sua arte. E seu maior legado é a inclusão da feiura na MPB (antes circunscrita à alegria obrigatória praiana e ao corno de carnaval).

Implícita em canções como “Você é feia” e “Você vai continuar fazendo música?”, a oposição músico-feio vs. músico-bonito se traduz assim em Skylab:

O músico-bonito não nasce, ele inaugura! Herdeiro aristocrático, teve a dupla sorte de ter sua aventura artística bancada pela cônjuge, muito loura e com cara de gringa, e que ele não cansa de postar em seu Insta, em passeios e viagens intermináveis. Ganhou de seus pa(i)trocinadores uma casa numa metrópole imperial – Berlim, Paris, Nova Iorque – de onde assiste ao Brasil de bem longe, acumulando todas as oportunidades possíveis, nacionais ou interestelares. O bonito não vive, ele plana e paira por sobre todas as dificuldades alheias. É um deus, o Deus! E, embora eu diga “ele”, o bonito também pode se passar oportunamente por “ela” ou “elx”, pois para um projeto de poder assim, melhor nem ter sexo, gênero ou rosto.

Já o músico-feio, não: ele não nasce, ele ocorre!, escorre, e depois corre, numa correria sem-fim até o túmulo. Seu nariz imenso, que sua avó tentou frear em vão, não cabe nos stories de Instagram, verdadeiro desafio da harmonização facial. Cor-de-burro-quando-foge, auto indeciso e expulso de todas as panelas, ele sequer consegue se encaixar em política identitária, está fora dos editais de arte-bandeira, nunca será agraciado por políticas de cotas, pois o feio é o maior pária da sociedade. Ele está e permanecerá sozinho. E vai morrer abraçado apenas à sua Arte…

Resenha escrita por Luiz Castelões

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