Não haveria melhor lugar para que o cantor Toni Platão estivesse em cartaz no Rio de Janeiro com seu show “O Amor Segundo Herbert Vianna” que o Clube Manouche, no subsolo da Casa Camolese, no bairro do Jardim Botânico. O lugar é intimista em sua concepção, conta com cortinas vermelhas em seu palco e até funciona também como espécie de bar mais restrito e de dimensões reduzidas. É tão acolhedor e atmosférico como necessitaria um show como o proposto por Toni Platão, em que o drama e as mil facetas do amor descritas por Herbert Vianna em suas canções são demonstrados ao público em um misto de visceralidade e delicadeza.
A maior força daquilo que foi apresentado, então, se encontra no repertório de canções tocadas e de como ela casa com o ambiente do show. É evidente que a personalidade de Toni Platão e sua banda está nos arranjos feitos das músicas, que inclusive não reproduz as versões de estúdio fielmente e muda a tonalidade de várias delas, mas “O Amor Segundo Herbert Vianna” se trata muito mais do discurso e da ideia de contar histórias a platéia que qualquer outra coisa. O cantor, junto de Gustavo Camardella (guitarra), Cris Caffarelli (violão e teclado), Wlad Pinto (baixo) e Mauricio Borioni (bateria) se colocam como porta-vozes da coleção de composições que apresentam, na mesma medida em que as homenageiam.
As temáticas, como apresentado por Toni Platão durante a comunicação com a sua audiência, passavam várias nuances dentro da questão amorosa e, por isso, é até difícil dizer que “O Amor Segundo Herbert Vianna” se trata de um espetáculo romântico. Paixão, encantamento, traição, ilusão, tesão, idealização são alguns desses tons que apareceram dentro das escolhas do setlist. É possível mencionar “Óculos”, “Cuide bem do seu amor”, “Lanterna dos afogados” como algumas das mais populares e representativas tocadas na noite.
O show foi conciso, curto, sem grandes excessos ou artifícios que não o próprio cantor e sua banda acompanhante fazendo som juntos no palco. Nem houve muita conversa entre as músicas com quem assistia e, quando isso acontecia, era de modo bastante pontual e comedido. O que ficou bastante claro na noite, no Clube Manouche, era a possibilidade de reunir obras de um mesmo compositor a fim de reunir crônicas, contos, comentários dentro de uma mesma unidade temática. “O Amor Segundo Herbert Vianna” foi Toni Platão encarnando aquelas canções selecionadas como sendo profeta daquilo que foi escrito e pregado pelo líder dos Paralamas do Sucesso. Sua produção musical sobre o amor deve sempre ser espalhada por aí e encontrar adeptos, e essa ideia pareceu ser entendida tanto por aqueles que propuseram o show como por aqueles que o assistiam.
Sobre Toni Platão
Nascido no Rio de Janeiro, Toni Platão foi vocalista da Hojerizah durante o efervescente cenário do rock brasileiro durante a década de 80 e estabeleceu carreira solo flertando com a MPB e o soul durante os anos 90. Possui um total de sete álbuns de estúdio lançados em banda e sozinho.