8 de dezembro de 2024
Sons do Século – Por Nildo Morais

FELIZ ANIVERSÁRIO MUSICAL – 25 de Janeiro, a música, o amor e um parabéns diferente

Hoje, especialmente hoje, a música popular brasileira vive um momento de saudosismo. O dia raiou nostálgico. O sol nasceu saudade. É comum pensarmos na vida como um intervalo solto no tempo. Um intervalo que dura uma eternidade, às vezes, mas ainda um intervalo. E hoje, especialmente hoje, vivo em nossas memórias, Tom Jobim completa 95 anos de seu intervalo eterno. 

Mas não é, necessariamente, sobre um dos compositores que levou a MPB ao mundo que eu vim falar aqui hoje. Na verdade, o centro desta matéria não poderia estar mais longe. Entretanto, não posso negar que o que passa pela minha cabeça agora é uma porção, nada humilde, do carinho pela vida que nosso artista carregava em suas músicas.

Vocês vão entender. Eu tenho, atualmente, 21 anos, três meses e quatorze dias. Não lembro de momento algum da minha vida — desde quando seria capaz de me lembrar, é claro — em que a música não me fosse uma parceira sincera. Na infância, ela estava presente. Na adolescência, ela me puxou pelo braço. No início e complicado começo da vida adulta, ela me forneceu o amparo necessário. Quando a depressão quis me derrubar, tive onde descansar para continuar seguindo. Quando a ansiedade quis me tirar o fôlego, tive quem me devolvesse o ar. Para muitos, a música é só música. Para mim, é um dos motivos de seguir em frente. Para muitos, a música é um mero toque saindo de algum aparelho da modernidade. Para mim e para o amado Tom Jobim [aqui entra nosso querido artista], a música é um espaçar singelo entre as tristezas e a força necessária para sobreviver a elas, onde é impossível ser feliz sozinho (Wave, Tom Jobim, 1967 – A&M Records).

Esse é o motivo de eu estar aqui: a música é uma metáfora sincera dos sons que meu coração sinestésico ouve ao lembrar de alguém. E hoje, especialmente hoje, não comemoro só o quase centenário do Jobim, mas também os 28 anos da pessoa a quem eu me referia quando usava o termo “música” no parágrafo acima.

Franciele Bezerra de Morais, a forte mossoroense que eu conheço, é claro, a minha vida toda, ou “Ciele” para muitos e até mesmo “Teté” para o meu eu menino, minha irmã, é uma das três pessoas que eu mais amo na vida. Uma das personificações musicais que meu coração se refere ao me lembrar dos motivos de continuar lutando.

É sabido que a poesia ganha o mundo, seus significados tocam o céu com a beleza de um pássaro na mesma proporção em que a mantém apagada e humilde, como o baixo voo de Dédalo. Assim, não me aventuro em dizer o que de fato ela significa, mas não furto o pensamento ao qual ela representa para mim:

Como disse o poeta, “[…] as águas de março fechando o verão, é promessa de vida no seu coração […]” (Tom Jobim, 1972, Zen Produtora Cinematográfica e Editora Musical Ltda.)

E ao contemplar esses pequenos versos, eu não poderia esquecer de quem passou ao meu lado por todos os paus, pedras e fins de caminho, não posso esquecer de quem, ao observar os restos de toco, nunca me deixou sozinho.

Que Deus te abençoe e a Virgem Puríssima te conceda uma vida alegre, repleta de bençãos e te mantenha na disciplina da busca pela realização dos sonhos. Saiba que meu apoio você tem, minha irmã. Eu te amo. É um prazer para mim dividir meu intervalo eterno com você. Lembre que sempre poderá contar comigo, seu irmão, ainda pigmeu de família gigante.

Muito obrigado.

author
Nildo Morais, colunista nascido na cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte. Atualmente tem 19 anos e é um profundo amante da literatura nacional, da música popular e da cultura brasileira. Tem um foco principal em ajudar novos artistas, conhecer um pouco de suas histórias e lutar para que o mundo também conheça.