18 de março de 2025

Playlist “Além da BR” #253 – Sons do mundo que chegam até nós

Além da BR

Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”. Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 253ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes que nos são apresentados.

Até o primeiro semestre de 2024 publicávamos também no formato de texto corrido, produzido pela redação da Arte Brasileira. Contudo, decidimos publicar apenas no formato minientrevista, em resposta aos pedidos de parte significativa dos nossos leitores.

Sasha Raskin“Amitabha Buddha Mantra (feat. Felissia Mae)” – (Estados Unidos)

Em resumo, o que é esse lançamento? Essa é uma música de inspiração budista, que apresenta um antigo mantra sagrado do Buda Amitabha em sânscrito e foi gravada dentro de uma estrutura budista sagrada, chamada Stupa, no Colorado, Estados Unidos, em um retiro de meditação por Sasha Raskin.

Que mensagem essa música transmite em sua letra? O mantra antigo que canto na música é Om Ami Dewa Hri. Ele não é facilmente traduzível, mas acredita-se que seja a assinatura sônica desse ser iluminado, o Buda Amitabha. O cântico começa com as orações matinais que faço todas as manhãs como parte de minha prática matinal budista, que vem da linhagem Nyingma, e termina com uma dedicação de mérito, ambas da liturgia da Sangha de Mangala Shri Bhtuti. É desejar o bem a todos os seres sencientes no tempo e no espaço.

Qual é a origem da música? Há cerca de meio ano, participei de um retiro de meditação budista com Andrew Holecek, dedicado ao Buda Amitabha. Durante todo o retiro, cantamos o mantra de Amitabha: Om Ami Dewa Hri, sons sagrados do mantra que se acredita incorporar a própria essência da presença de Amitabha.

Certa noite, enquanto eu estava diante da magnífica Grande Stupa de Dharmakaya, no Colorado, perto da qual o retiro foi realizado, uma melodia surgiu em minha mente – como se estivesse esperando o momento perfeito para vir à tona. E, é claro, ela se encaixou perfeitamente no mantra, quase como se os dois estivessem destinados a ficar juntos. Talvez sempre tenham sido, e eu estava lá na hora certa e no lugar certo, atento o suficiente para ajudar a melodia a emergir.

Como foi trabalhar nessa música na produção musical e na gravação em estúdio? Felizmente, eu havia trazido para o retiro de meditação alguns de meus equipamentos portáteis de estúdio, como sempre faço.Dentro da Grande Stupa de Dharmakaya no Drala Mountain Center – uma das raras no mundo que tem entrada – gravei o violão, os vocais e os tons ressonantes de uma tigela de canto.Acredito que o espaço sagrado infundiu sua energia na música, algo que espero que seja percebido na gravação.
Um momento marcante durante o processo de gravação deixou uma impressão duradoura em mim.Os ventos naquela noite estavam muito fortes.As árvores ao redor da Stupa estavam tremendo enquanto eu trazia meu equipamento de gravação para dentro à meia-noite (não queria incomodar ninguém que estava meditando lá dentro, então esperei até o anoitecer). No entanto, assim que comecei a gravar, o vento cessou milagrosamente, como se a própria natureza estivesse ouvindo e ajudando. Foi um momento de quietude e graça que jamais esquecerei. Os ventos voltaram a soprar assim que terminei.

Uma querida amiga minha e musicista maravilhosa, Felissia Mae Cappelletti, gravou mais tarde vocais adicionais para esse cântico budista.

O que a arte da capa da música representa e o que é? A arte da capa representa o rosto do Buda Amitabha, que é lido em cores, conhecido como o Buda da Luz Imensurável, está associado à misericórdia e à sabedoria e reside na terra pura Sukhavati. É também uma representação do potencial iluminado em cada um de nós, que é simplesmente obscurecido pela confusão.

Que essa música contribua para a felicidade e a redução do sofrimento.

Respostas Sasha Raskin

Upside Of Maybe – “Phat Lady” – (Canadá)

Qual a melhor sinopse deste lançamento?PHAT LADY SINGING” é uma divertida “música baseada em folk/roots” do tão aguardado novo lançamento do Upside of Maybe, “Sinners & Saints”. O vocalista e compositor Michael Bannerman observou que foi uma resposta meio “irônica” à pergunta “como você quer morrer?” Ele observou que “realmente não se importava com como, mas esperava que isso acontecesse enquanto ele estivesse fazendo música e que “quando a phat lady cantar, haverá tempo para pelo menos mais uma música”.

Qual a origem da música? Origem da música – Baseada em raízes, folk/rock.

Há algo de curioso no lançamento que você queira destacar? O novo projeto “Sinners & Saints” foi lançado em 31 DE JANEIRO para uma casa cheia de amigos mais próximos da banda, familiares e fãs. A noite contou com a banda tocando o novo projeto e compartilhando a história por trás de cada uma das músicas da gravação. O álbum é bastante eclético por natureza, mas seu material é tecido junto através da arte de contar histórias – compartilhando trechos e momentos da vida de personagens de todo o mundo. Há os Boys From The North, o pregador de uma pequena cidade do sul de Memphis, o tocador de washboard de Nova Orleans e o casal se apaixonando novamente em uma pequena cafeteria em Stratford, ON.

E, nos diga, quem é Upside Of Maybe? Upside of Maybe é uma banda premiada, familiar e de raízes, de Stratford, ON, CANANDA. Eles fazem turnês pela América do Norte e são conhecidos por sua harmonia vocal firme, seus shows divertidos e envolventes, e sua mistura astuta e um tanto eclética de estilos musicais e instrumentação.

Respostas Upside Of Maybe

Chadjrik ft Crown kizzie – “Move On” – (Jamaica)

O que você canta na letra, o que os versos dizem? Na música “Move On H”, Chadjrik canta principalmente sobre temas de resiliência, crescimento pessoal e a jornada de seguir em frente apesar dos desafios. Os versos enfatizam a importância de deixar de lado experiências e relacionamentos negativos, encorajando os ouvintes a se concentrarem no autoaperfeiçoamento e nas possibilidades futuras. A letra transmite uma mensagem de empoderamento, motivando os indivíduos a abraçar a mudança e olhar para o futuro de forma positiva.

Qual a origem da composição? A composição de “Move On” provavelmente se inspira no rico cenário cultural da Jamaica, combinando elementos de reggae ou dancehall, ambos integrais à herança musical da ilha. Chadjrik , como artista, pode incorporar ritmos e melodias tradicionais jamaicanos, aumentando o impacto emocional de sua mensagem. A criação da música pode refletir experiências pessoais ou observações que ressoam com muitos jamaicanos, preenchendo assim a lacuna entre histórias individuais e a narrativa nacional mais ampla.

Há algo de curioso sobre o lançamento que você queira destacar? Um aspecto interessante do lançamento de “Move On” pode incluir sua recepção nos círculos musicais locais e internacionais. Ele conta com colaborações de Crown Kizzie, um artista americano de rap/hiphop. Além disso, o momento do lançamento — como coincidir com um evento cultural ou movimento social específico — pode fornecer um contexto que contribua para sua importância.

E, afinal, o que esse lançamento diz sobre o seu país, a Jamaica? O lançamento de “Move On” reflete um sentimento mais amplo dentro da sociedade jamaicana em relação à resiliência e esperança. Nos últimos anos, a Jamaica enfrentou vários desafios socioeconômicos, e a música frequentemente serviu como um meio poderoso para comentários sociais e cura. Os temas encontrados na música de Chadjrik se alinham com um desejo crescente entre os jovens de promover mudanças positivas e olhar além das adversidades. Assim, a música pode ser vista como parte de uma narrativa maior na música jamaicana, onde os artistas continuam a inspirar transformação e elevar o espírito de sua comunidade.

Respostas Chadjrik ft Crown kizzie

Saltataki – “Sous le Soleil” – (Argentina)

É bem curiosa a forma como a música surgiu, conte para os nossos leitores. “Sous le Soleil” surgiu durante um ensaio, onde improvisamos melodias em 4 acordes que Nadine (a mãe desta família musical) começou a tocar no violão. Indi, uma das meninas de 12 anos da família, cantou com facilidade a letra e a melodia simultaneamente em inglês, desde o início, cada palavra e nota criada naquele momento faz parte da música hoje sem qualquer correção. Lumi, de 11 anos, inventou a parte instrumental e outras melodias com a voz e o acordeão. Sabino (o pai formado em composição musical) moldou a música e desenhou-a com a voz, a partir da letra proposta por Indi, mas em espanhol uma ponte para chegar ao refrão, que foi criado em grupo. Nadine, por sua vez, criou um fragmento em francês para finalizar a proposta sonora e diversificada desta música.

O que diz a letra?

Mergulhando no céu selvagem

Querendo saber se havia mais

Derivado por uma lanterna mágica

Não sabendo para onde ir

No céu selvagem a luz

Eu olho para você brilhando no alto

Como o pássaro canta ao sol

Eu te admiro e estou cheio de amor

Cantando, dançando, cantando

Todos os dias sob o sol

Brincamos no jardim

Nós dançamos e cantamos

Todos juntos é divertido

Seguindo uma fantasia mágica

Andar a cavalo no mar

Olhando acima do teto

Pintando cores na neve

A letra foi construída em três idiomas diferentes? Sim, a música tem três momentos com três idiomas: inglês, espanhol e francês, e é inspirada na nossa turnê europeia de 2024 pelos países Espanha, França e Inglaterra.

A música foi elaborada em conjunto pelo grupo, como foi esse processo? É uma criação em grupo, cada um propôs a sua coisa, o trabalho foi feito e articulado para que todas as ideias fossem reunidas em uma única proposta de música. Da mesma forma, todas essas ideias fazem parte de um design único e polifônico onde, uma vez apresentadas, cada melodia em uma instância do clímax da música se reúne em um Quod Libet

E, afinal, o que esse lançamento diz sobre o seu país, a Argetina. Esta canção foi criada e produzida no noroeste da Argentina, nos Andes, onde nos baseamos quando não estamos viajando, como todo o Nosso Continente, um lugar onde a música flui como água de nascente. Fazemos parte de uma linhagem de poetas e criadores, devemos isso à música e ao mundo apresentamos nosso trabalho de amor e alegria em forma de música.

Respostas Saltataki

Attih Soul – Dreams – “Choir Version” – (Nigéria)

QUAL É A MELHOR DESCRIÇÃO DESTE LANÇAMENTO: Dreams é uma música emocional com letras profundas. Nessa música, imaginei um mundo mais pacífico, onde as pessoas pudessem viver em amor e livres para se expressar. As harmonias e arranjos de coro foram as melhores maneiras de expressar as emoções que senti. Essa música significa muito para mim, pessoalmente.

O QUE INSPIROU ESTA COMPOSIÇÃO. Eu escrevi essa música quando estava em um lugar escuro, porque eu enfrentava alguma discriminação e isso me fez pensar “e se o mundo não fosse tão complicado“? Isso me inspirou a imaginar um mundo melhor e escrever uma música com ele.

É POSSÍVEL ESTABELECER UM VÍNCULO ENTRE A MÚSICA E SEU PAÍS? Sim. Eu sou nigeriano. Eu venho de um país onde pessoas ricas são tratadas muito melhor do que aquelas que não têm dinheiro. Por essa razão, algumas pessoas ficam desesperadas para ganhar dinheiro, apenas para serem tratadas melhor ou amadas. Essa experiência também me empurrou a escrever Dreams.

HÁ ALGO CURIOSO SOBRE A MÚSICA QUE VOCÊ GOSTARIA DE DESTACAR? Sim. Vejo que você é brasileiro. Essa música foi produzida por um brasileiro: Jeff Santana. O piano foi gravado no Brasil por Vinicius Alves e a música foi mixada no Brasil por Cassio Play. É interessante como eu moro em Barcelona, ​​mas trabalho com brasileiros talentosos.

Respostas Attih Soul

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