Reprodução/instagram do artista.
Rodrigo Suricato é um artista que guia sua carreira pela versatilidade e, especialmente nos últimos anos, também pela adaptabilidade. Liderando a banda nomeada por seu sobrenome, participou do reality show SuperStar da Globo, abriu shows de diversos artistas nacionais consagrados e lançou dois álbuns com repertório autoral.
De sonoridade essencialmente folk, importante dizer, mas que flertava com o pop e o rock de modo mais pontual, sempre com uso de instrumentos e timbres que fugissem do óbvio. Depois disso, passou a ocupar o lugar de Roberto Frejat como vocalista e guitarrista do Barão Vermelho,
além de ter desconstruído a Suricato de banda para o singular formato de one man band, tanto ao vivo quanto em estúdio.
E é numa tentativa de reestruturação de sua carreira solo que “Suricato Sessions #1” é concebido e lançado ao mundo em janeiro de 2022. Pela primeira vez em bastante tempo, Rodrigo se vê acompanhado de banda completa, com novos e jovens integrantes que, dentro de um conciso total de quatro faixas, tentam dar frescor ao que a Suricato já havia apresentado em seu catálogo na mesma medida em que apontam para um futuro possível do
projeto.
A audição do EP, porém, mostra logo que não há nada de muito revolucionário aqui, uma vez que os arranjos e a direção musical são bastante parecidos com o que pode ser ouvido nos registros originais das canções tocadas. O que acaba sendo reforçado em sua totalidade é, na realidade, o já mencionado caráter multifacetado de Rodrigo Suricato.
“Talvez” é uma canção pop deliciosa com pitadas de country e, por conta da gaita tocada pelo convidado Milton Guedes, também de blues. Soa pulsante e com o vigor que só poderia ser provido pela dinâmica vinda dos integrantes da banda. Por outro lado, “Diante de qualquer nariz” se guia por um lado mais romântico e intimista do líder do grupo sem abandonar também a força colocada coletivamente pelo grupo.
“A lista”, por sua vez, é uma interessante releitura de uma música de Oswaldo Montenegro que funciona dentro da lógica muito presente no trabalho de Suricato de tocar covers com sonoridade muito autoral e própria. A intenção é não só homenagear outros artistas como fazer isso colocando traços de personalidade própria neles dentro do possível. Por fim, “Astronauta” fecha o trabalho se
destacando por seus elementos eletrônicos e elétricos que funcionam bem e se distanciam de sua versão original, acústica e pautada primordialmente pela voz acompanhada do violão.
Não seria exagero dizer que Rodrigo Suricato andou vivendo num ritmo de
montanha-russa dentro de sua vida profissional e que Suricato Sessions #1 aparece como afirmação de uma obra relativamente consolidada, mas que pretende alçar voos ainda maiores. Bem arranjado, tocado, mixado e interpretado, abraça os ouvidos do público com muita qualidade e leveza.