Em Andradina o nome “Escovinha” é sinônimo de “alegria” e “conexão”. Mas por trás dessa figura tão querida interpretada por Denner Amorim existe uma história transformadora que vai muito além da comédia. “Escovinha” é mais que um personagem, ele é a alma de uma comunidade, a personificação de como a arte pode unir, educar e deixar um impacto duradouro nas pessoas. Seu enredo de vida, suas risadas e seu carisma contagiante mostram o papel fundamental dos artistas locais no fortalecimento de uma identidade cultural única e vibrante.
1. Nos conte sua história.
- “Eu sou Denner Amorim, trabalho com teatro desde 1998 e me profissionalizei em 2001. Meu primeiro espetáculo foi parte de um projeto chamado “Teatro por um Mundo Melhor”, realizado aqui no interior de Andradina. Minha formação em teatro passou por diversas instituições, como a UEL (Universidade Estadual de Londrina) e outras escolas importantes, além de oficinas pelo Sesc São Paulo e outros lugares. Já viajei por mais de 3.000 cidades com minha arte, e também escrevi cerca de 15 espetáculos ao longo da minha carreira. Fundei e atuei em grupos de teatro, como o “Certeza Arte” e “Folhas”, em São Paulo, e mais tarde fui para o universo do circo. Fiz a Escola Nacional de Circo e trabalhei em vários deles. Atualmente, viajo com o espetáculo “De Cadeira Alegria”, que faz parte do projeto “Alegria Estrada Fora”, promovendo cultura e arte na região. Além disso, tenho orgulho de viver exclusivamente da arte, algo desafiador no interior.
2. O que significa a arte performática para você?
- Acredito que a arte performática é a capacidade de criar experiências marcantes e transformadoras. Atualmente, ficou mais fácil criar performances porque temos mais recursos à disposição. Antigamente, tudo era manual, lembro de quando criei meu projeto de pirofagia em Andradina, em 2005. Tive que fazer as tochas à mão e treinar mais de 10 pessoas. Sempre busquei integrar diferentes expressões artísticas – músicos, DJs, atores – em meus projetos, promovendo colaborações que enriquecem a arte. A arte performática é também um espaço de serviço e doação. Um artista de verdade não só brilha, mas permite que outros brilhem ao seu lado. Quando você se encontra como artista e está pronto para servir e compartilhar, você alcança a essência da arte.
3. Como a visibilidade da arte em Andradina pode melhorar?
- Eu acredito que, para melhorar a visibilidade da arte em Andradina, os artistas precisam parar de se “achar” e começar a se “encontrar”. Muitas vezes, falta parceria e colaboração entre os próprios artistas, o que prejudica o desenvolvimento da cena local. Também é importante formar novos grupos e criar projetos contínuos. Por exemplo, no passado, conseguimos mobilizar muitos artistas para atuar em projetos como “Alegria Estrada Fora”. Hoje, vejo iniciativas como o “Palco Escola”, no Maria Vera, que estão resgatando o interesse pelo teatro entre os jovens. Além disso, precisamos de mais incentivos, capacitações e espaços para apresentações. Acredito que a chave está em deixar o individualismo de lado e pensar no coletivo. Isso pode atrair mais pessoas e criar um legado duradouro para o teatro e as artes em coletivo.

Valorizar artistas como “Escovinha” é um passo essencial para garantir que a arte continue nas comunidades. Eles não são apenas entretenimento, são os verdadeiros
embaixadores da identidade local. A trajetória de Denner Amorim nos lembra que a arte tem o poder de transformar não só a vida dos artistas, mas também a de todos ao seu
redor. Por isso, é preciso mais do que aplausos, é necessário apoio e reconhecimento vindos de todos nós. Ao celebrar e apoiar nossos artistas locais estamos ajudando a construir um futuro mais criativo, mais unido e mais forte, afinal, cada risada do “Palhaço Escovinha” é um lembrete de que a arte tem o poder de tocar e transformar novas fases.
Entrevista: Késsia Santos e Emy Monte
Transcrição: Stefany Carvalho
Edição: Yasmin Honorato
Fotógrafo: Dudu Aizza
Leia o PUPILA CULT na íntegra
Jornal PUPILA CULT é uma realização da OFIJOR
A Oficina de Experiência Prática de Jornalismo (OFIJOR) é um projeto social, educativo e profissionalizante desenvolvido pela Revista Arte Brasileira, com coordenação do jornalista andradinense Matheus Luzi.
A primeira edição aconteceu na Escola Estadual Alice Marques, de Andradina. O objetivo foi apresentar a profissão jornalística e suas nuances aos alunos do ensino médio, que receberam o desafio de produzir um jornal impresso em uma semana. Os jovens, de 16 a 18 anos, produziram todo o conteúdo e se envolveram em boa parte dos processos de uma redação jornalística profissional (fotografias, entrevistas, redações, edições, produção, contatos comerciais, etc). Os alunos tiveram o apoio e a supervisão de profissionais do jornalismo, da publicidade e propaganda e da fotografia.
Os conteúdos produzidos resultaram no PUPILA CULT, que agora chega gratuitamente à população andradinense no formato impresso (mil exemplares, tabloide) e para o público nacional no formato digital (PDF e em publicações no site da Revista Arte Brasileira).
A OFIJOR foi financiada pela PNAB-2024 (Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura), com apoio do Governo de Andradina e realização do Governo Federal por meio do MinC (Ministério da Cultura).
Matheus Luzi, coordenador OFIJOR