Reprodução/instagram do artista.
Do seu atelier, Bryan Behr se mostra um artista inquieto, em constante atividade. O catarinense de 24 anos tem despontado como nome de uma nova geração da música brasileira que mescla pop acústico e radiofônico com MPB, passeando entre estilos e influências que demonstram certo ecletismo por parte dele.
Ecletismo esse, aliás, que casa bem com esse caráter alvoroçado mencionado antes. Bryan não se limita ao trabalho musical, uma vez que pinta e possui uma preocupação em termos de estética audiovisual que aparece com força em seus videoclipes. Acima de tudo, trata-se de alguém cuja maior vontade é de se expressar através da arte, usar as diversas formas de manifestação artística como canalização para sentimentos e pensamentos.
“Quando eu me descobri pintando e entendi que isso se assemelha muito a fazer música em vários aspectos, eu deixei muitas preocupações de lado.”, diz Bryan. “O segredo da coisa está no processo, sempre.”. Nesse sentido, o cantor e compositor se relaciona com seu ofício dentro da dualidade de meio e fim, de ferramenta e obra finalizada. A experimentação é, portanto, fundamental tanto no processo de composição de canções quanto de pintura de quadros. O estudo da harmonia pode refinar a sonoridade alcançada, dar mais possibilidades e ajudar a desenvolver melhor as ideias, bem como diferentes tipos de telas e tintas geram resultados diferenciados no mundo das artes plásticas. Arte pela arte, dentro desse ponto de vista, perde o sentido e a sinceridade que é tão cara para o jovem rapaz.
A seguir você confere três quadros do artista. Outros podem ser conferidos no instagram
Com dois álbuns de estúdio lançados, ambos em 2020, a carreira de Bryan Behr foi constituída essencialmente no mundo pandêmico. Impossibilitado de fazer shows e por isso se frustrar financeira e artisticamente, o investimento veio forte no polo da composição e da gravação. E é até aí que surge o diferencial do catarinense perante outros de sua geração, que é a crença em álbuns completos. Mais do que apenas singles, Bryan acredita no poder que são músicas lançadas dentro de um contexto coletivo maior e que se entrelaçam por algum eixo temático ou sonoridade.
A entrega de um material coeso que dê vazão para seu ritmo tão prolífico de criação também é importante. Como fala por curiosa analogia, “É como a diferença de quando você tem um minuto para falar com alguém que você ama e quando você tem três dias.”.
A irreverência faz parte do personagem apresentado, de fala fluída e bem articulada de natureza muito expressiva, em todo momento buscando a melhor expressão ou palavra que traduza os sentimentos desejados. Irreverente e extrovertido por natureza. Não é, porém, só na vida profissional de Behr, enquanto artística, que esse traço de comunicador nato é percebido. Inclusive, ele faz questão de reforçar que tem sido, atualmente, mais aventureiro em suas produções e que isso vem sendo uma grande fonte de combustível para si.
No entanto, diferente de sua atuação com artes plásticas, Bryan relata ter parcerias e trabalhar com outras pessoas enquanto cantor-compositor. Seu fazer musical não é introspectivo como é o fazer de seus quadros, e isso parece abraçar bem sua personalidade extrovertida do jeito mais benéfico e colaborativo possível.
Ainda que muito do seu repertório tenha sido gerado e se baseie na voz em conjunto do violão, há uma equipe que deve ser reconhecida e pela qual Bryan é muito agradecido. “Eu realmente gosto muito de deixar para o estúdio essa coisa de estruturá-la.”, fala ele sobre suas canções, comentando a respeito de como se dá a seleção daquilo que será ou não gravado e de como seu produtor vai dando sugestões para a formatação final das músicas. Deixar de lado o ego e entender que seu trabalho não depende só dele é parte importante da lapidação daquilo que Bryan quer colocar no mundo e dividir com seu público.
Não seria exagero considerar que o artista de cabelos cacheados é um verdadeiro artesão do mundo da música. Alguém que não acredita em genialidade e que consegue trabalhar com muito esforço e sinceridade, com uma percepção muito honesta e coletiva de sua própria produção.
Múltiplo, Bryan Behr sempre conta que seu nome artístico veio de uma conversa com uma ex-colega de escola que, ao ler sua mão, disse que o rapaz seria artista no futuro e que esse seria o nome adotado por ele em seu trabalho. Talvez não seja possível dizer que ele estava predestinado desde seu nascimento, mas sem dúvidas se esforça e se entrega de corpo e alma para alcançar os lugares que pretende alcançar.
Como bom desbravador que é, cita a vontade de se mudar para São Paulo ainda esse ano, mesmo sem explicar mais detalhadamente suas intenções com isso, o que reforça essa característica hiperativa e de deixar o futuro aberto para as possibilidades. Desde que no fim, é claro, possa continuar criando e expondo suas criações.