Revista Arte Brasileira Além da BR Playlist “Além da BR” #105 – Sons do mundo que chegam até nós
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Playlist “Além da BR” #105 – Sons do mundo que chegam até nós

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Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”.

Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 105ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes da playlist.

ANGEL OF DISCORD – “GAMECHANGER” – (Turquia) – [MINI ENTREVISTA]

– Resumindo, que música é essa? Esta é uma música que elogia a descoberta de uma progressão de acordes jazzística e funky. É simultaneamente uma sátira à cultura. É realmente uma música de festa com um elemento irônico e um groove forte.

– Qual é a sua mensagem para o mundo? Cada música tem uma mensagem diferente, é claro, a mensagem dessa música está respondida acima, então direi que minha mensagem geral como artista é esta: Podemos encontrar alegria e realização fora do status quo. Você não precisa destruir o planeta ou ter a maior casa do quarteirão, às vezes essas coisas deixam você mais infeliz. A vida não é encontrar a si mesmo, é criar a si mesmo. Torne-se a pessoa que você deseja ser sem medo. Não deixe ninguém lhe dizer quem você deve ser. Há beleza em seu caos.

– Em que contexto surgiu? Essa música surgiu como uma improvisação no minuto em que aprendi a progressão de acordes. Eu inventei letras divertidas e um ritmo de festa e decidi fazer uma espécie de sátira sobre estilo de vida.

– E sobre o som, o que você fez? Como artista DIY solo, fiz tudo. Bateria. vocais. baixo. guitarras. composição. e mixagem e masterização de produção. É um processo divertido e gosto de todos eles.

Respostas ANGEL OF DISCORD

Viola Ottomari “Jongo de Compadre” – (Itália-Portugal) – [MINI ENTREVISTA]

Esta é uma composição de Guinga com letra de Aldir Blanc e Simone Guimarães. Como você enxerga esta música brasileira? “Jongo de Compadre” é algo entre um samba e um baião, com melodia de choro e uma letra que poderia muito bem ser um trava língua dos mais difíceis (risos). Tocar e cantar Guinga é sempre um desafio colossal, pela dificuldade intervalar que ele impõe nas suas canções, até mesmo nas mais lentas. E não é o caso dessa, essa é meio que um caminhão descendo uma ladeira sem freio, rapidíssima, o que deixa tudo ainda mais desafiador e interessante. 

Por que resolveu gravá-la? Ela é inegavelmente hipnotizante: a gente se sente muito atraído pelo jeito em que melodia e letra se encaixam. O andamento das notas acompanha o relato da letra com graves e agudos, com pausas e acelerações bruscas. A harmonia e a melodia deslizam em síncrono e a letra, muito expressiva, costura impecavelmente as duas em cada palavra e em cada respiração. Claro que, além da estética, também existe a vontade de se desafiar: para mim (Viola) isso acontece na complexidade da melodia, nos rápidos saltos entre as notas e, obviamente, no português que não é minha língua-mãe. Para Nino, diria que o maior desafio é respeitar e ressaltar a eloquência do violão.

Como você avalia esta versão? Ela tenta ser fiel à versão original, pois para dar outra roupagem a “Jongo de Compadre” seria preciso um gênio mais absurdo do que Guinga, ou muita burrice e mau-gosto. De certeza que é um teste principalmente para nós mesmos: estamos falando de um compositor que faz uso de ritmos brasileiros (e portanto africanos), mesclando isso com o que há de mais revolucionário nas harmonias e melodias européias, advindas do impressionismo. Como disse Thiago Amud: “Guinga é um bezerro de cinco patas”. E interpretá-lo é se deparar com esse bezerro. É muito mais viver pra não morrer, sobreviver, do que tentar explicar o bezerro.

Há algo neste lançamento que você queira destacar? Fale sobre seu novo disco. Esse disco é um ponto de chegada e um ponto de partida. Faz relativamente pouco tempo que eu e Nino trabalhamos juntos, mas o jeito que a gente olha para a Música se revelou parecido desde o começo. Para mim, Petricor declara sutilmente aonde na terra música a gente quer cultivar nosso terreno, quais sementes queremos plantar. A gente sente mais afinidade com a sonoridade que escolhemos para Petricor, então a partir daqui podemos começar a “cultivar nosso campo”. Querendo destacar algo, esse disco tem uma música autoral, Ninna Nanna (Lullaby). Ela veio do nada, depois de eu ter assistido pela primeira vez Mônica Salmaso se exibindo ao vivo. A ternura da voz e da figura dela inspiraram essa modinha, que veio com melodia e letra. Foi só gravá-la no celular e enviá-la a Nino: no final do dia, ela já tinha arranjo e tudo mais, uma cria feita e pronta para engatinhar. Concluindo, esse discoé nosso começo, e o augúrio de que nosso trabalho sempre seja promissor de fertilidade, assim como o petricor é promissor de chuva fértil.

Respostas Nino Costa/Viola Ottomari

East Harbor – “Exosphere” – (Estados Unidos) – [MINI ENTREVISTA]

Exosphere

– O que é esta música, em resumo? Influenciado por Alt-Pop, Indie Pop e Folk,  Exosphere  é definitivamente uma nova direção para East Harbor. Muitas pessoas lutam contra instabilidades mentais (como ansiedade e depressão), e esta é a primeira vez que escrevemos sobre isso. É uma canção de beleza, autoestima e esperança.

– O que a letra diz? A letra canta “quando você me encontrar, estarei na Exosfera” é uma representação encorajadora de que em breve estarei em um lugar melhor do que você está atualmente. Acreditamos que pessoas de todas as culturas e origens se identificarão com esta música.

– Fale mais sobre a música. Exosphere é uma continuação de suas faixas anteriores “Away From You” (8.10.23) e “NXT2U” (9.15.23), que  receberam elogios de fãs e formadores de opinião em todo o mundo. East  Harbour está rapidamente se aproximando das massas e seu próximo single “ Exosphere serve como uma amostra do que está por vir em seu próximo LP!

Respostas East Harbor

Rocío Faks – “Rainha (feat. Josep Pou, Salvador Toscano & Dani Pérez)” – (Argentina) – [MINI ENTREVISTA]

– O que é esta música, em resumo? A música fala sobre Yemanjá, e resumindo o que ela representa para o artista é a esperança de poder apagar a violência, o mal, com a água, como diz Yemanjá segundo a história. Essa artista nasceu na Argentina e cresceu no Brasil e tem grande adoração por Iemanjá, ela se considera filha de Iemanjá.

– Qual foi sua fonte de inspiração para escrever esta música? A inspiração é a própria história da divindade, e a ligação que o artista tem com o mar e a rainha dos mares.

– Qual sua mensagem ao mundo? Para tentar mitificar a violência e colocar mais amor e doçura nas coisas do dia a dia.

– É possível definir a musicalidade e sonoridade? Difícil…Acho que a artista busca a própria identidade nas músicas que compõe.

Respostas Rocío Faks

KJ(!) – “Toxic” – (Estados Unidos) – [MINI ENTREVISTA]

– Que música é essa, resumindo? Essa música é meu nono single lançado, e meu segundo lançamento pós-lesão vocal e com tempo suficiente para realmente revisar. É uma música pop trap, mas adoro que tenha elementos de hip hop mais tradicional, emo rap, pop de quarto e até um pouco de samba nas cadências. (Meu engenheiro é baterista de samba e garantiu que “to-xi-ic” tivesse exatamente o swing certo.)

É uma música antiga minha que é uma das minhas primeiras incursões no falsete, uma música muito pessoal que equilibra as narrativas e experiências pessoais com um gancho simples e cativante que foi projetado para ser simplista, mas agradável.

– Qual foi sua fonte de inspiração para escrever essa música? Era uma batida que um dos meus produtores favoritos, Ocean, postou em sua loja e se chamava Toxic. Na época, o nome da batida foi uma grande influência na música final, então, assim que vi o título da batida e ouvi a batida, a frase simples “toxic” começou a cair. Eu a escrevi logo depois de outra música chamada Loversick (meu próximo lançamento, 5 de janeiro!) e os dois compartilharam o refrão simples de duas melodias com uma linha terminando em “ick” então isso certamente fazia parte disso.

Mas assim que tive o refrão, escrevi como costumo fazer: tento deixar os versos se expandirem e preencherem a história dos refrãos. Eu realmente queria pegar o “Veneno” referência, o que eu fiz e fez com que o resto do verso fluísse naturalmente. E o segundo verso foi difícil até que ouvi “Auto Amor” do ROTD III, e a linha “amor próprio é o melhor amor” ficou comigo. A partir desses pontos de partida, foi apenas confiar em minha mente para ir aonde iria e fazer as conexões que faria, e acabou em dois versos pessoais e cheios de referências dos quais estou muito orgulhoso!

– É possível definir a musicalidade e a sonoridade? Imaginei que o refrão fosse como se você conversasse com seu amigo sobre sua situação e ele, brincando, fosse “tóxico!” Aquela piada “tóxica” sarcástica e brincalhona. O tom meio que permeia grande parte da musicalidade e combina com a guitarra, chimbal e 808 para criar um tipo de som dramático, pop, arrependido / saudoso que eu realmente gosto.

– Existe alguma história ou curiosidade sobre esse lançamento? As duas histórias são, número 1, que esta é a terceira vez que gravo essa música, agora e sempre levarei o tempo necessário para tornar a música boa, mas às vezes isso significa múltiplas, múltiplas tentativas ao longo de vários, vários anos.

A outra grande história, porém, é que o lançamento foi meio bagunçado pelo fato de haver 18, um número ridículo, de músicas chamadas “Toxic” por um artista cujo nome é alguma variação de “KJ“. Isso significa que no lançamento algumas dezenas de playlists gostaram da música e a adicionaram à sua playlist, mas adicionaram a música errada! Por alguns dias as streams ficaram muito mais baixas do que eu esperava porque todos adicionaram Toxic do KJ813 às suas listas em vez da minha, o que foi engraçado, mas me senti mal.

Respostas KJ(!)

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