No editorial da 1ª Edição, escrevemos um pouco sobre o “renascimento” que esta revista vive atualmente, um curto relato da sua história e o que será daqui para frente. Junho foi o mês que marcou esta nova etapa, cravando a 1ª edição mais do que oficial da Arte Brasileira. Muito felizes, conseguimos manter os ânimos aflorados e, agora, a 2ª está completa e finalizada.
Desta vez, uma novidade: estreamos o projeto de áudio da revista, uma espécie de programa de rádio em formato gravado, ou, caso prefiram, o famoso podcast. Foram dois episódios, aliás, esta é a promessa para todo mês. O Investiga é um podcast no qual eu, Matheus Luzi, converso com algum convidado para investigar algum assunto, tema, ideia, sempre num período entre 20 e 40 minutos aproximadamente. Tivemos o músico Perdido contando “como era trabalhar na MTV” e o advogado Ednilton Farias Meira nos guiando a respeito do cambismo, crime estritamente ligado ao universo artístico.
Caso você tenha lido o editorial anterior a este, verá que vivemos uma evolução (e revolução) constante, embora em passos lentos. Novos colaboradores, novos programas, novos formatos. Espere muito da Arte Brasileira, nossa Revista não sonha pequeno.
Por ora, é isso… Fique agora com as publicações de Julho.
Podcast Investiga: Como era trabalhar na MTV? (com Perdido)
Nos anos 1990 e 2000, a MTV Brasil, emissora aberta de radiodifusão, não era nada comum para o padrão da TV aberta brasileira. Como uma “representante” da cultura jovem, a MTV Brasil não tinha somente fãs, mas jovens que ansiavam em trabalhar no Edifício Victor Civita (sede da MTV). Era o sonho de muitos conviver com os VJs (apresentadores), a produção técnica, diretoria, mas, principalmente, o de conhecer artistas dos mais variados graus de sucesso e fama, bem como fazer grana trabalhando com o que se ama: música em vídeo.
Um destes jovens entusiastas em trabalhar na MTV era o curioso e aventureiro Perdido, cantor e compositor que, hoje, tem espaço considerável no cenário independente, com uma discografia que reúne 8 álbuns, 1 EP e 6 singles. O artista carioca e radicado em São Paulo conseguiu o que tantos queriam: em 2008 passou a integrar o time de trabalhadores da emissora. Pouco tempo depois, em 2013, a MTV Brasil deixou a TV aberta e tornou-se, então, uma nostalgia imensa para os millenials, uma lenda.
Já no turbulento e digital 2023, o mesmo Perdido se juntou à banda Pullovers para lançar (adivinhem?) a música “Trabalhar na MTV”. E foi graças a esta música que nós descobrimos toda esta história, que originou este episódio. É por meio do Perdido que iremos, então, entender um pouco de como era trabalhar na MTV e, também, desfrutar de algumas reflexões e um bom bate-papo.
“A Grande Família” e o poder da comédia do cotidiano
A série “A Grande Família” é exemplo de um gênero do humor que funciona como um espelho capaz de revelar os traços mais engraçados dos nossos dilemas diários. Mergulhe no assunto com este artigo escrito por Jean Fronho em 2018 e editado por Matheus Luzi no mesmo ano.
Música Machista Popular Brasileira?
A música, diz a lógica, é um retrato da realidade de um povo. É expressão de sentimentos de um compositor, mas também expressa as coisas da vida. Portanto, a música brasileira (queira ou não) retrata o nosso país, nossos anseios, nossas dificuldades, etc. É assim que o machismo entra em cena no cenário artístico, embora, muitas das vezes, seja tão difícil encontrá-lo em nossa música brasileira. Esta fotografia da MPB, um lado oculto (as vezes, nem tanto), é o alvo de um grupo de cinco mulheres empenhadas em abrir os olhos da sociedade quanto à este assunto.
Juntas, elas formaram em 2017 o projeto MMPB (Música Machista Popular Brasileira). Hoje com um site e páginas nas redes sociais, o MMPB já tem exposto um número significativo de canções que, em graus diferentes de intensidade, são baseadas em princípios machistas. Muitas destas canções passam despercebidas por nossos olhares, e é justamente aí que entra o trabalho clínico do projeto: investigar, analisar e expor o machismo impregnado em canções brasileiras.
Eu, Matheus Luzi, editor da Arte Brasileira, entrevistei uma das fundadoras do MMPB, Lilian. Ela nos conta alguns detalhes importantes e interessantes sobre o assunto. Boa leitura!
Os vários Olhos D’agua de Conceição Evaristo
Poderia ser mais uma daquelas resenhas que escrevo sobre um livro que eu acabara de ler, no entanto é algo mais além e profundo que transcreve a nossa realidade. Vamos entrar em mares calmos e outras vezes revoltosos. Uma oscilação na vida de muitas mulheres: A mulher que se vê mãe diante de tanta pobreza, a fome constante e a difícil luta para enganar o estômago das crianças. O cotidiano atribulado da vida de personagens que se contrastam com a realidade atual, ao qual a maior parte da população negra feminina faz parte.
No ônibus lotado temos inúmeras conversas, falas altas retratando mundos diferentes daqueles que nasceram em “berço de ouro”. Em alguns bancos, ali sentadas, mulheres indo para o trabalho, outras em pé, à procura de condições melhores para elas e muitas delas para seus filhos.
CONTO: O Desengano do Rock Star Paulistano (Gil Silva Freires)
Tinha uma guitarra elétrica, canções e sonhos na cabeça.
A paixão de Alécio pelo rock and roll era coisa herdada de um tio roqueiro que, hoje em dia, não tocava mais nada, mas tivera uma banda meio Velhas Virgens no começo dos anos oitenta. O tio de guitarra pendurada vivia dizendo que aquele garoto de dezenove anos tinha todos os predicados para sobressair no cenário musical.
CONTO: Os Bicos de Gás e o Cigarro King Size (Gil Silva Freires)
Maldita família. Malditos papai-mamãe-titia, como diziam os Titãs.
Kleber era fã incondicional dos Titãs e a proibição paterna de assistir ao show da banda favorita tinha sido decisiva. Andava cada vez mais saturado com seo Clóvis, dona Antônia e a Andréia. Todos precisavam sumir para que ele não precisasse mais cortar os cabelos, abaixar o volume do estéreo, perder a chance de ver o Paulo Miklos de perto ou ver a chata da irmã caçula que, mesmo com dezoito anos, recebia todos os mimos da casa.
Podcast Investiga: Cambismo, um crime quase submerso (com Ednilton Farias Meira)
Três afirmações estão próximas de você: (1) talvez você já praticou o Cambismo e muito provavelmente já viu alguém praticar (2) muitos desconhecem que a prática do Cambismo é um crime (3) talvez você não saiba que o Cambismo tem este nome.
Levando em consideração que “talvez você não saiba que esta prática se chama Cambismo”, permita-me uma explicação ligeira e objetiva: De acordo com informações do site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), a prática do Cambismo é caracterizada como crime quando o praticamente fornece, desvia ou facilita a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhete/bilheteria.
Enquanto Lei, o nome “Cambismo” aparece no Estatuto do Torcedor (2003), mas a jurisprudência brasileira entende unanimemente como crime a prática cometida em bilheterias de outros setores, como artísticos, o que justifica, então, o nosso interesse em investigar o assunto.
Quem irá nos esclarecer os pontos mais fundamentais sobre o Cambismo é o Advogado e Bacharel em Ciências Ednilton Farias Meira. Prontos para mais uma investigação?
A nossa relação com os livros
Como diz um autor anônimo, “a leitura nos traz amigos desconhecidos”, e de alguma forma inesperada constrói essa relação “leitor e livros”.
Os livros nos dão essa possibilidade além de nos levarem para lugares diferentes. Arrisco dizer que o livro nos liberta do mundo comum, levando em conta que cada proposta literária traz nas suas páginas uma vasta reflexão. Independentemente de qual seja o seu gênero literário o livro em si, muitas das vezes pode ser uma fuga da realidade. Não que sejamos medrosos ou algo parecido com isso, mas algumas coisas na vida nos assustam e os livros meio que nos fazem viver outra realidade.