Revista Arte Brasileira Literatura 3º Episódio da série “Clarice no País da Putaria” de Luan FH
Literatura

3º Episódio da série “Clarice no País da Putaria” de Luan FH

 

Sucesso na internet e com dois livros escritos, ‘’Vou te desenhar em braile’’ e‘’Cigarette, sex and alcohol’’, o jovem escritor Luan FH se aventura ao escrever a série escrita “Clarice no País da Putaria”, inspirado em um livro de Clarice Lispector. O projeto foi apresentado com exclusividade pela Revista Arte Brasileira, com dez episódios sendo postados todos os dias no site do veículo. Quer saber mais: clique aqui.

 

3º EPISÓDIO – “Será um Talvez?”

 

Criar uma conta em uma rede social é divertido, mas no meado do processo começa a ficar entediante. Toda aquela asneira de ”Foto do perfil”, ”Biografia”, não sei descrever que eu sou; ocupada demais para poder preencher essas coisas. Mas que se dane. Está criado. Agora só pôr o disco do Tame impala e comemorar essa milagrosa iniciativa. O vinho hoje é do bom, comprei no mercado da esquina, apesar de bom, foi um pouco barato, tudo por aqui é barato. Parece que são frutos de roubos —   mais uma vez que se dane toda essa merda  —  Eu adoro a paisagem daqui, eu adoro como a hipocrisia humana me inspira a não ser sociável. 

* Celular vibra * 
— Oi crush.
 — Olá, garoto. Quem é? 
— Vi que criou uma conta aqui no Zip, pensei em te conhecer.
— Qual o teu nome? 
— João Gilberto.
— Seu pai tinha um bom gosto musical. 
— Chega de saudade, não?
— Que tal um brinde?
— Ao quê?
— Ao mundo.
— Qual o teu maior sonho?
— Viajar o mundo em uma van casa. Caí na estrada com alguém e sorri pra caralho por sentir a liberdade, a libertação da rotina.
— Caralho, gostei disso. 
 
O mundo às vezes para, pensa e te joga num caminho estranho ou numa situação embaraçosa. Passamos grande parte do dia, pode ter certeza, que ou sentindo saudade ou sentindo que algo está errado e que precisamos corrigir. É isso. Mas eu arrisco em dizer ”Nos escondemos atrás de vícios e não importa quais, mas nos escondemos muito. A mascará algum dia cai ou a gente simplesmente tira. 
 
— Vamos nos encontrar qualquer dia desses?
— Não tá cedo demais, senhor?
— Talvez. Mas e daí? Redes sociais não nos levam muito longe.
— Tudo bem, mas posso escolher o local?
— Claro.
— Em frente ao Farol da Barra, lá a gente dá uns rolês ou ficamos parados observando as ondas baterem nas pedras.
— Você é bem jovem, não? 
— O espírito? Sim. 
 
Está na hora de arriscar mesmo que o coração saía machucado. Tim maia, canta, amigo. Canta. Troquei o disco. O quarto está um pouco iluminado, o céu? Muito, muito estrelado. Deu poesia. Deu alegria.
 
 
 
 
 
 
 

 

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