Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Bem vindos ao Lupa na Canção!
Esta é uma lista de novidades lançadas recentemente, de diferentes temáticas e gêneros musicais. Dificilmente você verá no Lupa canções do mainstream. A ideia é apresentar com uma “lupa” coisas novas e alternativas aos grandes sucessos, afinal é este uma das missões da Revista.
É importante ressaltar que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra.
Nova música de Louis Vidall com feat de Lucas Gonçalves é uma ode ao “sentir”
Louis, qual o melhor resumo desse lançamento?
Não tem como não dizer que é uma homenagem ao meu pai, que foi minha maior inspiração para ser músico e compositor. Ele foi spalla de contrabaixo da Orquestra Municipal de São Paulo por muitos anos e também teve uma banda de rock nos anos 90.
Mas seria raso dizer que o EP todo “30 mil canções sobre saudade” é apenas uma homenagem. Na verdade, as músicas sobre a saudade me fizeram mergulhar na composição e ser um compositor melhor, um homem melhor e mais compreensível com os outros. Perdi meu pai aos 17, mas já compunha desde os meus 7 anos.
Evolui como profissional e como pessoa, entendendo melhor a minha dor e aprendendo a superar o luto e a ausência de um pai. Um amor tão grande que não tem como repor, mas posso compor.
O que você canta nessa música, qual sua mensagem?
A mensagem dessa música é sobre curtir a abstração como forma de expressão. Aceitar os seus sentimentos e tentar expressá-los de forma livre.
Claro que existe uma lógica por trás, uma escolha de timbres e versos, mas é importante respeitar a intuição e, se preciso, repetir mil vezes esse processo intuitivo até que o sentimento aflore.
O que inspirou a composição?
É uma auto análise sobre as minhas próprias inspirações. Quando me dei conta de que a saudade que sentia do meu pai movia muito das coisas que eu fazia, quis homenagear de uma vez por todas essa minha relação com o próprio sentir e ao mesmo tempo colocar um ponto final nisso, ainda que seja impossível.
Como a própria letra da música diz “fiz 30 mil canções sobre saudade, mas falhei tentando alterar o objeto” ou seja, não consigo mudar de assunto porque a saudade ainda é muito presente. O que posso fazer é transformar em arte resiginificar a ausência.
Musicalmente, como você a descreve?
A base da música é essa levada de guitarra que intercala pausas e deslizamentos de dedos sobre as cordas. Isso faz com que ela seja dinâmica e ao mesmo tempo intrigante. Gosto de pensar que é uma música quase metalinguística sobre o fazer criativo. Tem uma influência folk, mas soa bastante indie rock com uma pitada de anos 60.
Ela causa riso e relaxamento, o que considero isso um ponto muito positivo. Certa vez um professor me disse “amo qualquer música que me faça sorrir”. Eu fiquei de cara com uma afirmação tão óbvia e potente. Esse professor era o André do IAV, ele nem deve lembrar de mim. Mas fica aqui meu abraço!
Vale ressaltar demais o feat com o Lucas Gonçalves, da Maglore, um amigo de longa data que com sua participação transformou a canção “30 Mil Canções Sobre Saudade” nesse dueto leve e sincero. A produção e mixagem são de Kaneo Ramos. Masterização Iran Ribas.
Respostas de Louis Vidall
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Com simplicidade, alma e paisagens urbanas, Dado Sa apresenta a música “Sousas”
Dado, qual o melhor resumo desse lançamento?
Seguindo com a mistura de influências de bossa nova e world jazz, esse álbum “Alegria de Viver” de composições originais, passeia por melodias com violões de nylon, guitarleles, trompete, muita percussão e vocais harmoniosos. As letras de alegria, positivismo, fé e nostalgismo usam formas de poesia urbana e coloquial.
O que você canta nessa música, qual sua mensagem?
Nessa canção eu passo pelas imagens da região de Sousas no estado de São Paulo. Os rios Atibaia e Ribeirão das Cabras, o povo de Sousas e Joaquim Egídio… a mata, fauna como João de Barro e outras coisas as vezes coloquiais mas sempre lindas como pastel na feira. Cantada com carinho e nostalgia. A maior mensagem é de que nossa alma se apega aos lugares que vão além do que se vê, mas também tudo que se sente na alma e conecta físico e metafísico.
Qual foi a fonte de inspiração para compor “Sousas”?
A canção Sousas é um carinho poético dedicado à cidade de Sousas na região de Campinas, SP. É por lá que tenho minha residência no Brasil e toda aquela beleza de região com suas pessoas carinhosas, matas verdes, rios, pássaros e bichos me tocam sempre o coração… aí vem a saudades quando estou estrada a fora e aí surgiu a canção com uma pegada de Bossa e dedilhado… O trompete do meu parceiro musical Derek Banach dá uma pitada geral jazzística à composição.
Achei curiosa a produção musical, uso de instrumentos e gravação. Qual seu comentário sobre isso?
Fiquei contente de você perguntar pela produção musical. O objetivo aqui é verdadeiramente orgânico. Eu sempre busco um som muito acústico nas minhas gravações muito em função das minhas escolhas instrumentais… violões, guitarleles, ukuleles, muita percussão e instrumentos de sopro, focalizando bastante nas letras, melodia e poesia da canção. Tento não interferir muito no que seria o som original se o ouvinte estivesse assistindo eu tocar solo ou com grupo em um aconchegante canto de festa. Este álbum foi inteiramente gravado no meu acústico estúdio de varanda.
Há alguma curiosidade sobre o lançamento que você queira destacar?
A curiosidade e naturalidade é sempre tentar gravar e lançar músicas que toquem o coração, a alma e o percurso bonito das melodias e das canções… e ter essa oportunidade de me expressar aqui na Lupa Na Canção traz alegria… Alegria de Viver.
Respostas de Dado Sa
Disponível na playlist “MPB – O que há de novo?”
Marcos Henrique Guimarães apresenta o álbum instrumental “InterioR”; nós indicamos começar pela faixa “Farnoroeste”
Marcos, qual a melhor descrição geral dessa música?
Farnoroeste é uma mistura (ou tentativa) de várias influências musicais que tenho, desde o rock mais clássico, southern rock, metal, tudo ali que se “engloba” dentro do rock, e também de músicas que tem esse clima mais velho oeste e country.
E o nome foi inventado, e se dá ao fato de morar em uma cidade que fica no Noroeste do Paraná, chamada Paranavaí, embora aqui não seja tão deserto, é uma cidade que na maior parte do ano faz muito calor rs.
Há algum tema, ou seja, uma mensagem por trás do instrumental?
Eu não sei dizer ao certo se tem um tema específico, geralmente vou tendo as ideias e vou organizando elas ate virarem uma música, creio que a ideia principal é deixar que cada um que escute ela, tenha um tipo de interpretação, seja ele qual for.
Agora peço que comente a sonoridade e arranjos da música, que você diz ter experimentado diversos instrumentos.
Minhas músicas instrumentais eu que faço tudo, desde a composição ate o processo de finalização da produção, trabalho como produtor musical também de outros artistas, me arrisco tocar alguns instrumentos, e em Farnoroeste, o riff de introdução é executado pela guitarra, e também o banjo que é o instrumento principal da faixa, acompanhado também pela base de bateria, baixo, guitarra base, violão de 12 cordas, e um instrumento virtual que simula um instrumento chamado “jaw harp”, que também é usado no inicio da música blaze of glory do Jon Bon Jovi.
A música é uma das faixas do álbum “InterioR”, fale sobre esse trabalho.
O album InterioR contem 10 faixas instrumentais, e geralmente costumo compor meu instrumentais pensando em cada música tendo um instrumento principal, no qual digamos assim, faria o papel de um vocalista, e cada musica tem sua peculiaridade, e que foi pensada carinhosamente em cada detalhe, e cada sensação da qual gostaria de passar, os nomes de cada musica foi escolhido por minha noiva Juliana Santana (hehehe tenho dificuldades em colocar nomes nas músicas)
Com certeza o álbum não é para apreciadores de instrumentais cheio de técnicas musicais, mas sim pra quem gosta de colocar um fone de ouvido e passar um momento de olho fechado ouvindo música e viajando em cada detalhe.
Há algo de curioso sobre esse lançamento que vocês queiram destacar?
O nome interioR com o R maiúsculo no final, foi uma maneira da gente conseguir mostrar como puxamos o R aqui no interior, então pode-se ler interioRRRRR kkkk, mas quando subi o album para as plataformas digitais eu não pude deixar o R maiúsculo.
E o álbum também marca o que pode ser o último álbum instrumental feito no meu antigo home studio, antes de se mudar para outro que está sendo construído, então pode se dizer que a palavra interior pode ter vários significados.
Respostas de Marcos Henrique Guimarães
Disponível na playlist “Apenas Instrumental BR”
Em ode às raízes da cultura brasileira e do Brasil profundo, Nanan & Triska chegam à novo EP, com destaque para a faixa “A Fogueira Tá Acesa”
Para começar: quem são João Triska e Nanan e o que trazem de novo e especial para a música brasileira? Triska e Nanan são artistas paranaenses, pesquisadores musicais, na busca de raízes milenares e da cultura brasileira do Brasil profundo. Trazem as descobertas de uma nova geração que busca se conectar com os elos perdidos, e a nível musical, um identidade única e original, mesclando diversificadas influências e um jeito muito próprio de compor, tocar e criar, priorizando o som orgânico.
Em termos musicais, o que “A Fogueira Tá Acesa” transmite ao público? A Fogueira tá Acesa é uma das faixas do EP, tem aquela simplicidade e beleza do violão e da viola bem tocadas e bem arranjados com a voz emocionante do meu parceiro Nanan. Lembra muito aqueles sons do Almir Sater e Renato Teixeira juntos.
Já a letra, o que ela diz e qual sua mensagem? A letra traz uma linda poesia acerca da floresta e também retrata a experiência muito comum dos encontros e rituais por aí, no qual o pessoal acende uma bela fogueira noturna para tocar e celebrar a vida. Mas quem brinca com fogo acaba se queimando, já diz a letra: “Cuidado pra não se queimar”. haha
Há algo de curioso que você gostaria de destacar sobre o EP ou sobre “A Fogueira Tá Acesa”?
Lançamos o EP Ao Vivo: Cuida Eu, Cuida Você – para youtube e apps de música, na qual apresentamos um concerto de violão e viola caipira através de uma linguagem contemporânea, conectando o novo com o estilo daquelas duplas antigas. O pessoal pode curtir também Meninos, que é uma canção incrível de Juraíldes da Cruz, compositor do Cerrado; Como La Cigarra, numa bela versão para essa canção interpretada por Mercedes Sosa e também Luzeiro Instrumental, aquele viola bem tocada e empolgante.
Respostas de joaotriska
Disponível nas playlists “Folk Nacional – Lançamentos” e “Brasil Sem Fronteiras…”
No single “Vou Lembrar”, sergipano Silas Morais se entrega grato aos momentos marcantes da vida
Qual a melhor sinopse deste lançamento?
“Vou Lembrar” é um single do músico sergipano Silas Morais que homenageia sua mãe, falecida em decorrência de uma luta contra o câncer. A canção, que traz uma sonoridade próxima do soft rock / soul, andamento lento e voz emotiva foi gravada em Aracaju / SE no estúdio Fabsounds, com Fabrício Rossini assinando a produção. A banda contou com Rafael Snooze na Bateria, Rafael Ramos no teclado, Ivan Reis na guitarra, Fabrício Rossini no baixo e Silas Morais na voz e no violão.
O que você canta na letra, o que os versos dizem?
A letra da canção tem um tom de agradecimento pelos momentos que foram compartilhados em vida. Nos versos, eu relato minha experiência na primeira idade, no primeiro acordar, onde sempre tive o suporte da minha mãe, me conduzindo e orientando da melhor forma que ela podia mesmo diante das maiores adversidades. No refrão relembro que, mesmo quando se forem, nossos progenitores viverão através de nós – seus filhos, uma vez que compartilhamos do mesmo DNA, além de que absorvemos toda a carga de valores, ensinamentos e trejeitos transmitidos pelo convívio. Por fim, é feita a promessa de que ela sempre estará presente comigo em minha lembrança: “Uma vez que foi jamais não será!”
Como você pode descrever a sonoridade e musicalidade deste single?
A canção tem uma forte carga emotiva. Ela se caracteriza por seu andamento lento, beat e bases firmes e constantes e guitarra melódica e flutuante. Na voz há flutuações: ora aparece em registros mais graves e em cadências mais suaves, ora aparece em regiões mais agudas e com mais força. O single tem um estilo similar ao Góspel Americano / Slow rock / Soul.
O que representa a arte de capa, afinal?
A arte da capa, ilustrada por Sônia Mellone, artista visual sergipana, traz três pássaros de uma coloração mais viva sendo conduzidos por um pássaro maior e em um tom de menor destaque: simboliza a condução dos filhotes por parte de uma mãe que, tendo cumprido a sua missão com amor e zelo, sai de cena.
E, afinal, quem é Silas Morais?
Sou um artista independente de Tobias Barreto, interior de Sergipe. Comecei a me envolver com música no ensino médio através de pequenas bandas (achávamos que iríamos ganhar o mundo, é claro!). Foi assim que comecei a passar dias e mais dias com um violão tentando encaixar recortes de letras em acordes quaisquer, até que soasse bem. Música faz parte da minha vida, adoro descobrir novos artistas e revisitar os de sempre. Compor é a atividade que mais me inspira, por isso, certamente, mesmo sem grandes contratos ou números expressivos, seguirei fazendo um som!
Respostas de Silas Morais