10 de fevereiro de 2025

Com EP de apenas duas músicas, a banda Vitrola Sintética mostra sua personalidade e faz show de lançamento dia 27 [ENTREVISTA]

Foto de Manoela Meyer

 

A banda paulistana Vitrola Sintética comemora seus 10 anos de estrada com show que traz canções dos álbuns da história do grupo, além das inéditas VOZ  e SEXO COM MODELOS que integram o novo EP, lançado neste ano. A apresentação acontece no SESC Belenzinho (capital paulista), no dia 27 de julho às 21 horas. A Vitrola Sintética mostra seu potencial neste show ao lado da cantora argentina  Marilina Bertoldi (que fez parte do EP) e Helio Flanders, vocalista da banda Vanguart.

“O EP e o show são frutos da nossa disposição. Nós queremos compartilhar experiências, ideias e, assim, estabelecer uma duradoura ponte cultural entre Brasil e Argentina”,
diz o baixista Otávio Carvalho.

Segundo os próprios integrantes da banda, a Argentina tem um peso importante na formação musical, pessoal e poética de suas canções. Foi em 2016 que a banda conheceu Marilina, quando o grupo foi indicado em duas das principais categorias da premiação mais importante da música latina – o grupo em “Melhor Canção Alternativa” e a cantora em “Melhor Disco de Rock”.

As duas faixas foram gravadas no estúdio Submarino Fantástico em 2017, quando a artista esteve
por alguns dias no Brasil.

 

Abaixo, confira na íntegra uma entrevista que fizemos com a banda.

 

 

O que esses dez anos de carreira da banda acrescentou no EP?

Felipe Antunes: Interessante essa coisa de data comemorativa. A gente ficou um pouco na dúvida sobre se celebrava essa data, ou se simplesmente seguia lançando novidades, como o EP. Mas o fato é que nessas horas a gente para pra analisar a obra toda, pensa em tudo que já fez, no que passou, nas transformações, faz um certo balanço. O fato de tocarmos músicas de todos os trabalhos neste show do dia 27 (dos três álbuns e dos dois EPs) nos fez perceber algum tipo de refinamento estético e literário ao longo do caminho; ao mesmo tempo que conseguimos identificar a pureza das primeiras composições, arranjos e gravações. Enfim, não sei dizer o que os 10 anos acrescentaram no EP, mas sei que o EP é um importante acréscimo na nossa carreira. O EP é parte, mas principalmente fruto, da nossa trilha nesses 10 anos agora oficializados.

 

A banda conheceu a argentina Marilina Bertoldi em 2016 no Grammy Latino. Como foi esse momento para vocês e quanto Marilina contribuiu no EP?

Otávio Carvalho: Quando fomos indicados ao Grammy Latino em 2016, eu e Felipe Tichauer – que masterizou o EP SINTÉTICO, que contém a canção DEUS, indicada do Grammy Latino – conversamos um pouco sobre os indicados e ele me disse que eu precisava ouvir o disco da Marilina. Eu fiquei viciado no álbum e em um dos eventos vi a Marilina de longe. Com toda a “cara-de-pau” fui falar com ela, me apresentei e falei da banda. A partir dali, começamos a conversar, mesmo depois dos eventos do Grammy.

Em 2017 houve a oportunidade dela vir ao Brasil e decidimos gravar essas duas canções. Marilina é uma artista completa, que compõe, canta e toca vários instrumentos muito bem. Nós (Vitrola Sintética) produzimos o corpo das duas bases e enviamos para ela ouvir e quando ela chegou, trabalhamos de forma mais intensiva nas duas canções. Foi um dia muito produtivo, que fez com que as canções ganhassem uma linda identidade.

 

É verdade que a faixa VOZ é inspirada em um conto de Clarice Lispector?

Felipe: Verdade. Em uma noite, tocando violão e pensando em temas para uma canção, peguei o livro TODOS OS CONTOS, de Clarice – quando se trata de livro de contos, ou de poemas, de vez em quando gosto de abrir numa página qualquer e deixar que algum tipo de surpresa temática, vindo de uma história, de uma frase, ou até mesmo de uma palavra, aconteça e provoque uma criação. Nesse dia, lendo o conto PRECIOSIDADE (PARA MAFALDA), fiquei muito movido a escrever sobre o assunto. Claro que isso também vem de outras discussões, aprendizados, evoluções, estudos e etc., mas naquele dia o ímpeto para VOZ fluiu naturalmente. Digo isso porque acredito que uma obra artística não seja fruto de uma pontual “iluminação”, mas sim do que se vem acumulando até ali. Essa música então foi consequência, e coexistência, de questões importantes e necessárias no nosso tempo.

 

As duas faixas têm alguma relação entre si? Se sim, o que?

Otávio: As canções se conectam de alguma forma, pelas letras que trazem um contexto político e social. Na parte do arranjo, acredito que estas trazem dois lados muito interessantes na trajetória da banda. No caso da VOZ, acontece uma construção musical fragmentada, que já aconteceu no nosso terceiro disco SINTÉTICO, mas aqui de uma forma mais ampla. Já na música SEXO COM MODELOS, apresentamos um rock um pouco mais pesado e direto, que sempre teve espaço nos nossos discos.

 

Como será o show de lançamento do EP?

Rodrigo: Para este show, separamos músicas de todos os discos e EPs lançados, dando uma cara nova para algumas músicas dos primeiros discos. Teremos a participação do nosso amigo Hélio Flanders (Vanguart) e da artista argentina Marilina Bertoldi, que participa do nosso novo EP. Além de tudo isso, teremos a contribuição da Laura Salermo (luz) e do Aquiles Luciano (grafite digital) na parte visual do show, com luzes e projeções.

 

Tem alguma história ou curiosidade interessante que envolva o trabalho?

Otávio: Revisitando nosso próprio trabalho e trajetória para esse show de 10 anos, nós percebemos que a nossa relação com a Argentina tem uma importância muito grande.

Em 2013, durante a tour do disco EXPASSOS, fizemos 4 shows pela Argentina e lá dividimos dois shows com a banda Prana, que influenciou diretamente na sonoridade do SINTÉTICO e SINTÉTICO B. Anos depois, esses discos nos levaram ao Grammy Latino, onde conhecemos a Marilina Bertoldi, que está presente no nosso passo seguinte, que é este single. Temos planos de voltar a Argentina em breve, pois construímos uma ótima relação com alguns artistas argentinos e fomos muito bem recebidos pelo público local.

 

Fiquem à vontade para falarem o que quiserem.

Otávio: Em 2015, quando fomos indicados pela primeira vez ao Grammy Latino – como Melhor Artista Novo e Melhor Engenharia de Gravação – nós alugamos um Motorhome e viajamos por 4 cidades dos EUA trocando show por hospedagem em hostels americanos. Essa caminhada entre Hostels e Motorhome até o dia da cerimônia do Grammy Latino (em Las vegas) rendeu um documentário, chamado VITROLA, ESTRADA E SONHO, que já está rodando os festivais e em breve será lançado nas redes sociais e streamings. Convidamos toda a galera para celebrar os 10 anos do Vitrola com a gente, sexta-feira, dia 27 no Sesc Belenzinho.

 

SERVIÇO

VITROLA SINTÉTICA 10 ANOS – convida Marilina Bertoldi e Helio Flanders

Sexta-feira, 27 de julho – a partir de 21h

Local: Sesc Belenzinho

Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – Próximo ao Metrô Belém

Ingressos: R$ 6,00 a R$ 20,00 – Venda Online em http://bit.ly/VitrolaBelenzinho

Evento no Facebook – https://www.facebook.com/events/218021408848708/

Aceita cartões

Possui Estacionamento

Acessível a deficientes

 

 

 

 

 

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