Carreira
Cultura popular alagoana com Bob Marley e Pink Floyd? Sim… Essa mistura foi possível. Quem apostou nessa ideia inovadora foi a banda Quiçaça formada em 2016, com a primeira apresentação no dia 27 de maio do mesmo ano. Em uma das primeiras reuniões, os integrantes da banda chegaram a nomenclatura que definiria o som do Quiçaça, ou seja, o “Reggae Rural Progressivo Psicodélico”, justamente pela mistura frenética de ritmos nordestinos com o reggae e o rock psicodélico.
A um olhar leigo, o nome “Quiçaça” parece ser bem estranho, mas que lembra muito o nordeste, talvez pela sonoridade da palavra, e é realmente a isso que o nome da banda se refere. “Quiçaça significa ‘mato rasteiro e espinhento, terra seca e estéril de vegetação arbustiva, rala e baixa’. É um tipo de vegetação tradicional do Sertão e do Agreste. Além de ser um nome bem sonoro e que condensa bem o conceito da banda, é algo natural do Nordeste – lugar em que tanto nos apegamos em falar sobre”, explicou Janu Leite, baixista e vocal da banda.
Todos os integrantes do Quiçaça têm uma atividade em paralelo com a banda, o que também ajuda na mistura rítmica e na diversidade musical do grupo. A banda surgiu em meio às criações, ainda quando o Quiçaça não existia. “Ruan me chamou, para terminar uma música que ele estava emperrado, não conseguia um refrão e nem outro verso que finalizasse. Foi aí que fizemos a música AGUARDENTE, que foi o primeiro single de uma banda que ainda não existia – e que percebemos que tínhamos algo além dos nossos trabalhos individuais, com um potencial de aprofundamento impressionante”, comentou o baixista.
A música que abriu a mente dos músicos viria a ser a porta de entrada para o reconhecimento do grupo. AGUARDENTE foi selecionada para alguns festivais como o 1º Festival de Música Popular Alagoana e a canção também foi escalada na coletânea nacional Vida Longa ao Reggae. Com isso, a banda chegou a ser convidada para participar de outros festivais como o Rock Pró Cultura, o São João de Arapiraca e o Som de Cada Dia do SESC Alagoas. De lá pra cá a banda tem se apresentado em diversas oportunidades.
Todo esse reconhecimento não foi à toa: a banda usa a temática do homem do campo para se expressar, principalmente quando aborda as coisas do mato, filosofia do homem do campo, cantos de trabalho e a riqueza da cultura popular. “A Quiçaça acaba sendo uma pesquisa musical. A sonoridade ‘Reggae’ temperada às raízes da música brasileira e outras tendências mundiais junto as letras versadas sobre o rotineiro do homem do campo. Temos músicas sobre Carroceiros, cavalos, pegas de boi, vegetação, habitat e a filosofia de sobrevivência do homem do campo. Divulgar e modernizar as tradições nordestinas virou uma missão a ser continuada”, completou Janu.