O carnaval passou há pouco tempo, e um dos rastros deixado por ele é a música BLOCO TRISTE, composição de Almir Chiaratti, que apesar de ter um um ritmo triste no início, se mostra uma verdadeira mudança conforme os segundos passam, o que também se dialoga com a letra que busca a superação do mal estar. Muito além disso, BLOCO TRISTE também mostra que não é necessário somente colocar o bloco na rua, mas sim fazer gingar.
— Eu acho que o famoso verso do Sérgio Sampaio: “eu quero é botar por meu bloco na rua” foi um ponto de partida inconsciente pra essa canção. Ela fala sobre essa fé que a gente tem no progresso. De que o futuro tende a ser melhor que o presente. Mas ao mesmo tempo ela afirma uma necessidade de mudanças de hábitos, o que nem sempre é um movimento fácil —, explica Almir Chiaratti.
Você se inspirou em EU QUERO É BOTAR MEU BLOCO NA RUA do Sérgio Sampaio para compor BLOCO TRISTE.
Na verdade foi uma livre associação mesmo, uma brincadeira com o ato de botar o bloco na rua como um simbolismo de expor algum sentimento.
Ainda assim, como chegou a temática da música? Fale mais sobre a letra dela.
A canção é sobre essa sensação de estar todo mundo mal e de que a coisa anda estagnada ou se desenvolve lentamente no país, sabe? E ao mesmo tempo um movimento no sentido de encontrar potência nas nossas vulnerabilidades, no ato de abraçar, nossa fragilidade sem essa de romantizar as “badvibes” sabe?
O que você quer dizer com potencializar a celebração do “bem estar”?
Eu acho que a gente tem que assumir nossa imperfeição, abraçar nosso processo, reconhecer que nossa autenticidade está exatamente nos nossos pontos fracos e em como a gente lida com eles. Aquela história de ser o que podemos com o que fizeram de nós. Aceitar o jogo que a gente tá inserido, sentir as dores da realidade e a partir daí propor novas configurações. O que proponho na canção é enxergarmos nossos problemas de frente e a partir daí propor soluções reais sem distrações e desvios.
Parece ter sido bem interessante os processos de criação/produção/gravação da faixa…
Eu tive a honra de ter ao meu lado na produção dessa faixa com o Federico Puppi que é uma das pessoas que mais admiro na cena atual. Além disso, minha banda com Eric, Mateus, Antônio e Edu gravaram nessa faixa que ainda contou com as percussões do Marco Lobo que é uma referência gigante pra mim! Eu decidi fazê-la assim pois senti que a canção estava pronta pra ser gravada em um ensaio com a banda e o Puppi e o Marco surgiram no meio do processo para levar a canção para um outro nível. Aí se somaram os arranjos que o Eduardo Rezende fez para os metais que foram gravados por ele, pelo Mateus, pela Ciça Salles e pelo Thiago Garcia.
Melodicamente falando, chama muito a atenção as mudanças rítmicas que acontecem durante a música…
Eu criei a canção no violão e voz mas tinha claro que eu queria que um bloco passasse pelo meio da música na segunda repetição dela. Então com esse conceito fomos criando a produção da canção como se fosse um início dramático com uma virada percussiva mais impactante. Eu fiquei muito feliz com o resultado.