(Crédito: Mandy Medeiros)
A cantora e compositora Jéssica Berdet teve a ideia, durante o período pandêmico, de lançar uma trilogia de singles, material que revisita seu primeiro álbum, o “(In)visível”. Com uma pegada orgânica e muitas das vezes, com passeios pelo neosoul de Duda Raupp, a artista já revelou, no ano passado, o primeiro lançamento deste projeto, duas novas versões para “Singular”. O segundo, “Sorri” chega as plataformas no próximo dia 29.
O QUE HÁ DE NOVO?
É importante lembrar que os singles foram gravados durante a pandemia e, assim entendemos um pouco mais da atmosfera que rodeia as gravações. Em meio a tudo isso, a artista buscou inovar, principalmente, nos arranjos, na forma de interpretar e, em algumas situações, até mesmo em ressignificar as músicas.
“Em ‘Singular’, por exemplo, foi muito interessante observar a percepção das pessoas de que, embora a letra seja a mesma, as sensações e sentimentos de cada uma das versões é totalmente diferente.”, explica ela que, curiosamente, é quem assina praticamente todos os processos, até mesmo a produção musical, mercado ainda muito restritivo ao universo masculino.
“A versão com voz e gaita de boca (‘Singular II’, com Bernardo Zubaran) traz uma singeleza que leva ao ouvinte ares de um amor puro, simples, quase imaculado, que remete à clássica mpb. Alguns já me disseram que dá até vontade de se apaixonar [risos]. Já o remix feito por Duda Raupp (‘Singular I’) tem uma pegada diferente, trazendo a ideia de um amor mais “humano”, com pitada de sensualidade no clima neo soul.”
EXPLORANDO O SOM!
Com o compromisso de assumir um novo papel, a ideia de fazer uma trilogia revisitando seu primeiro trabalho surgiu em meio à pandemia, o que pode ser considerado uma autoimposição para que ela desbravasse o inexplorado de cada canção.
“No ‘(in)visível’ (2018), eu dividi a produção com Amaro Neto. Já no atual projeto, eu assino a produção sozinha. Então, além de explorar mais o potencial das músicas, também acabei descobrindo coisas sobre mim, sobre a minha forma de criar e sobre capacidades que às vezes desacreditamos, mas que precisam apenas de um ‘sim’ para virem à tona e proporcionarem novos horizontes.”
REFLEXÃO…
Para a cantora, as aparências enganam. Jéssica acredita que, apesar de existirem muitas plataformas e muitas maneiras de ouvir música, o mercado se tornou ainda mais restritivo para o artista independente. Em sua forma de enxergar a situação, ela dá ênfase a questão de que a quantidade de informações na qual estamos expostos diariamente e o domínio das grandes produções são pontos cruciais para que o artista independente acabe tendo dificuldades em alcançar o público desejado.
“Fazer música brasileira de forma independente, é um jeito de resgatar e manter viva uma parte importante da nossa identidade cultural, uma identidade que muda conforme o mundo se movimenta, mas que precisa ser fortalecida. Acredito que o nosso maior desafio neste cenário seja furar a bolha e alcançar as pessoas que desejam consumir um tipo de música diferente do que tem sido massivamente impulsionado.”, comenta ela.
OLHA QUE LEGAL!
Uma curiosidade ressaltada por Jéssica sobre as gravações é de que a intimidade com o momento é grande, em vista que as captações são feitas dentro de sua própria casa. É nessa ideia que “o guarda-roupa vira uma cabine de gravação, os cobertores e colchões ajudam em uma melhor captação, e assim a gente vai construindo. Sem mania de grandiosidade, o negócio é fazer o melhor que se pode, sendo feliz durante o processo. A gente aprende lidando com as dificuldades e tudo isso que está acontecendo resulta em um agregado de ferramentas que serão úteis pro resto da vida.”, como ela diz em suas próprias palavras.
PARA ENCERRAR…
Berdet acredita que tudo o que vem produzindo nos últimos tempos seja uma maneira efetiva de cravar uma nova mudança em sua vida profissional e até mesmo pessoal: um novo olhar sobre sua obra e tudo o que faz. No dia 29 de janeiro, ela lança “Sorri” nas plataformas digitais de música e no Youtube. Se trata de mais uma música marcante do seu primeiro trabalho e que vem para compor a trilogia.