14 de outubro de 2025

Guerra à vista: STF poderá redefinir direitos autorais em serviços de streaming no Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar, nos próximos meses, um caso que pode mudar profundamente o modelo de negócios do streaming musical no Brasil. Na ação original, Roberto Carlos e os herdeiros de Erasmo Carlos (falecido em 2022) argumentaram que os contratos firmados com a editora Fermata do Brasil entre 1964 e 1987 deveriam ser reavaliados, já que contemplavam apenas a exploração das obras em suportes analógicos — como LPs, CDs e DVDs — e não em plataformas digitais.

O recurso extraordinário chegou ao STF após decisões desfavoráveis tanto na primeira instância quanto no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Para Victoria Dias, advogada do Ambiel Advogados e especialista em Propriedade Intelectual, uma decisão favorável aos artistas tem potencial para redefinir o modelo de negócios do streaming no Brasil.

“Caso o Supremo Tribunal Federal entenda que contratos antigos de direitos autorais não autorizam a exploração em novas tecnologias, algumas cessões que eram consideradas definitivas poderão perder efeito no ambiente digital. Na prática, isso significa devolver aos criadores ou seus herdeiros o direito de decidir sobre a disponibilização de suas obras nas plataformas de streaming”, explica.

Com esse cenário, distribuidoras e plataformas não poderiam mais se basear exclusivamente nos contratos firmados com gravadoras ou editoras para licenciar músicas de catálogo. “Seria necessário negociar diretamente com os titulares originais dos direitos, como os próprios artistas ou seus espólios, para assegurar a transmissão digital dessas obras. Isso aumentaria o poder de barganha dos autores, que poderiam estabelecer novos termos de remuneração ou até condicionar a liberação de seus repertórios ao fechamento de acordos específicos para o streaming”, acrescenta a advogada.

Além disso, os autores da ação alegam que a remuneração atual é desproporcional e carece de transparência na prestação de contas. Para Victoria, uma decisão favorável pode abrir caminho para a revisão desses modelos de remuneração, exigindo que plataformas e intermediários aumentem os repasses ou até suspendam a veiculação de determinados conteúdos enquanto novos contratos não forem formalizados.

“O setor pode passar por um verdadeiro ajuste de contas, com renegociação de direitos, custos adicionais com royalties e possíveis impactos no modelo de negócios de toda a cadeia da música digital”, afirma a especialista.

Direitos autorais e o futuro da indústria criativa

O desfecho desse caso no STF pode ultrapassar o universo da música e abrir precedentes para outros setores da indústria criativa. Se o Supremo estabelecer que contratos firmados antes da era digital não cobrem automaticamente novas formas de distribuição, produtores, roteiristas e atores poderão, por exemplo, questionar contratos antigos de audiovisual que previam apenas exibição em TV, VHS ou DVD. “Situação semelhante ao que já ocorreu em Hollywood, com renegociações envolvendo serviços como Netflix e Disney+, que operam em modelos impensáveis na época da assinatura de muitos contratos”, diz Victoria.

Na mesma linha, Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial e Propriedade Intelectual, entende que a tese jurídica aprovada pelo STF servirá como orientação para todos os demais processos em curso nos tribunais brasileiros, e não ficará limitada ao mercado fonográfico.

“Setores como audiovisual, games e podcasts, que também dependem de contratos firmados nas décadas anteriores, poderão revisitar acordos que não previam streaming, downloads ou distribuições digitais. Isso gera preocupação quanto à estabilidade de contratos antigos e reforça a necessidade de cláusulas específicas que abordem o digital”, completa o especialista.

Fonte: Marcio Santos (M2 Comunicação)

Newsletter

ENTREVISTA – Conversa Ribeira e seu Brasil profundo

Três artistas de cidades interioranas, Andrea dos Guimarães (voz), Daniel Muller (piano e acordeão) e João Paulo Amaral (viola caipira.

LEIA MAIS

Autor publica livro de fantasia sobre a 3ª Guerra Mundial na América do Sul

O autor brasileiro Pedro Reis, publicou ano passado, um livro de fantasia e ficção científica, onde a ideia de uma.

LEIA MAIS

É tempo de celebrar o folclore brasileiro (Luiz Neves Castro)

FOLCLORE BRASILEIRO – Em agosto, comemoramos o Mês do Folclore no Brasil com a passagem do Dia do Folclore em.

LEIA MAIS

Bethânia só sabe amar direito e Almério também (Crítica de Fernanda Lucena sobre o single

O mundo acaba de ser presenteado com uma obra que, sem dúvidas, nasceu para ser eterna na história da música.

LEIA MAIS

CONTO: Fixação Autêntica e Gêmeas Idênticas (Gil Silva Freires)

Antônio Pedro estava casado havia mais de um ano e ainda não tinha aprendido a distinguir sua esposa da irmã.

LEIA MAIS

Por que Sid teima em não menosprezar o seu título de MC?

Sobre seu primeiro single de 2022, ele disse que “quis trazer outra veia musical, explorar outros lados, brincar com outros.

LEIA MAIS

Sonoridades dos continentes se encontram em “Saudoso Amarais”, disco do artista campinense Leandro Serizo

O projeto solo discográfico do paulista Leandro Serizo se iniciou em 2021, quando o single “Libertas Navy” foi disponibilizado. Aproximadamente.

LEIA MAIS

A conexão musical entre Portugal e Brasil, contada pela siberiana Svetlana Bakushina

Artigo escrito por Svetlana Bakushina com exclusividade para Arte BrasileiraPortugal, agosto de 2024 Nasci e cresci na Sibéria, onde a.

LEIA MAIS

Ana Canan: metáforas da solidão extraídas da natureza

Clique aquiClique aquiClique aqui Perfil Ana Canan FlickrClique aqui Previous Next Suave é viver sóGrande e nobre é sempreviver simplesmente.Deixa.

LEIA MAIS

Conhecimento abre horizontes

Durante anos a ignorância era atribuída a falta de conhecimento e estudo. Mas não ter conhecimento ou estudo não é.

LEIA MAIS