Já é um sucesso o nosso quadro ALÉM DA BR, focado em artistas não-brasileiros. Com o ALÉM DA BR, já divulgamos mais de três mil músicas de artistas de todas as partes do mundo. Agora, apresentamos um novo lado desta lista, no qual iremos focar somente em músicas do gênero rock e de seus subgêneros, sem limitações! Para isso, selecionaremos sempre cinco artistas, que irão contar com suas próprias palavras como foram estes processos de suas novas músicas. Vale dizer que o conteúdo produzido por eles tem exclusividade da Arte Brasileira, escrito sob encomenda. A sequência foi escolhida via sorteio, ou seja, não há “melhores e piores”.
Vamos nessa?
The Sunset Donkeys – “DEVIL CALLS MY NAME” – (Reino Unido)
O que sugere e qual a mensagem de “Devil Calls My Name”? O que a inspirou?
Para mim, há aqui algumas camadas e texturas.
Para começar, Chris Constantinou e Hal Lindes, em Venice Beach, Los Angeles, a improvisar espontaneamente, geram este som de guitarra sombrio, corajoso e preocupante. Uma vibração ameaçadora, mas quase sinuosa. A pressão aumenta, irrompendo em guitarras punk encharcadas de autêntica e original atitude rock old school. Não se pode fingir isso.
Eu estava a dormir no chão de um amigo, como se faz em Londres, e acordei por volta das 4 da manhã. Adorei o facto de ser uma colaboração musical e parcerias de escrita como deve ser. Uma mensagem do Chris a dizer… “Shagger, vê o que consegues fazer com isto”. Todos os artistas têm títulos de trabalho para as canções/jams e a peça chamava-se ‘CLIFF’.
Esse título criou instantaneamente uma imagem óbvia, conjurando emoções líricas vívidas. Esta partitura sombria e ameaçadora. A paisagem. Bonita, desgastada, perigosa, desgastada pelo tempo, desolada, acidentada, romântica, pacífica, traumática… Escolhe. Estás no precipício. Cai? Saltas? Recua? Sente-se atraído pelo horizonte e é capaz de ver o amanhã? Ou fixas o teu olhar nas ondas que rebentam lá em baixo?
A natureza como espelho da psique.
Em segundo lugar, as letras estão claramente manchadas com uma camada de abuso e dependência, mas aludem não só à mecânica da dependência, mas também à batalha espiritual “aquele empurrão” “aquele salto”… a exaltação perversa ou a rebelião alegre. Quero dizer isto no sentido em que a personagem da história está a tentar, a tentar e a tentar ver a luz, o lado positivo… continuar a avançar. Quando a destruição se aproxima… tem alma e coragem. Estão a lutar para se manterem firmes. Há também uma camada de moralidade e espírito pessoal. Pode representar qualquer pessoa que, atualmente, se sinta rodeada de opressão e conformidade e que diga simplesmente “que se lixe! Eu vou por aqui”. Estou a cair, mas ei! Estou a cair, mas adoro esta visão.
O que me leva ao ponto em que imaginei o desenrolar da história…
Soube imediatamente que o ADN desta canção, a sua musa, cambalearia pelos passeios de Nova Iorque (ou de qualquer subúrbio metropolitano). Crepúsculo sem fim em Gotham. Filmes como Taxi Driver, Mean Streets, We Own The Night, Goodfellas, Carlitos Way, The Joker. E também séries de televisão como The Sopranos, Boardwalk Empire, The Wire, City on a Hill. Não pretendia que isto fosse um cliché. Apenas a banda sonora de Constantinou e Lindes tinha esta ressonância de “anti-herói” e uma aura cinematográfica.
Escrevi a letra talvez numa hora? A partitura de Chris e Hals, para mim, foi uma dádiva. Pintar por números.
Finalmente, a entrega, a letra e o sentimento do refrão sustentam a natureza redentora e, em última análise, positiva deste número. Um vislumbre de salvação, coragem da classe trabalhadora, espinha dorsal, humor mesmo…
Quem faz parte da banda “The Sunset Donkeys”?
Pode dizer-se que Chris Constantinou e Glen Lynch (eu) são a parceria que formou a banda. Mas depois de 3 lançamentos até agora, Hal Lindes e Preston Heyman (eles não precisam da minha validação, obviamente) são tão parte desta história e da cultura dos ‘The Sunset Donkeys”.
Há dezenas de canções à espera de serem tocadas…. E eu sei que o Chris sente o mesmo que eu… Toda a gente é uma joia!
O Chris e eu planeamos lançar mais algumas canções este ano como ‘The Sunset Donkeys’. Por isso, de momento… vamos ver o que acontece a seguir. Mas eu PROMETO! Não ficarão desiludidos.
Os membros recorrentes também podem ser mencionados musicalmente como Bob Wiczling e Josephine Banham.
James Mottershead Gravação/Engenheiro.
Há alguma coisa interessante que gostaria de mencionar?
Espero que os vossos ouvintes gostem de “The Sunset Donkeys”, apreciem as nossas canções e estejam atentos ao próximo lançamento. Interessante? Possivelmente? O Chris e eu encontrámo-nos por acaso numa noite num pub. Depois de algumas bebidas, fomos para uma festa. Ele pegou numa guitarra e tocou, eu cantei. Escrevemos duas canções nessa noite, que felizmente alguém gravou num tele móvel… num só take, com improvisações e improvisações que esperamos lançar em breve. Nasceram os ‘The Sunset Donkeys’.
A canção ‘Setting it all on fire’ (ouça-a x) The Sunset Donkeys foi censurada em algumas estações de rádio do Reino Unido por ser demasiado ‘agressiva e politicamente carregada’
E uma que os seus ouvintes podem achar divertida…. O brasileiro que eu mais gostaria de conhecer, para além de Caroline Trentini… Claudio Taffarel. Eu era guardardes nessa altura e ele era um dos meus guarda redes preferidos!
Respostas de Glen Lynch
ANTONOW – “Sie lebt” – (Alemanha)
E em qual momento surgiu essa composição?
A ideia de compor uma música sobre uma experiência de quase-morte me acompanha há muitos anos. Conheço pessoas que vivenciaram isso, e sempre me senti profundamente fascinado pelo tema. Os primeiros passos concretos na produção da música começaram em 2021.
E a letra, o que especificamente ela diz?
A letra conta a história de uma mulher que passa por uma experiência de quase morte – em várias camadas:
No primeiro verso, ela se despede do mundo terreno, a vida parece chegar ao fim. O segundo verso descreve, do ponto de vista dela, como ela vivencia o além: um campo, vozes, luz – um espaço de transição pacífico. A frase “Ein Funke der Erinnerung, sie blickt nochmal zurück” (Um lampejo de lembrança, ela olha para trás) representa aquele momento decisivo em que os médicos, mesmo com o coração parado, tentam chamá-la de volta.
Os refrões expressam a alegria imensa por ela ter retornado à vida – apesar das dúvidas, apesar de tudo parecer impossível. Um harmônico agudo na guitarra representa a parada cardíaca, seguido por um canto gregoriano que simboliza a reanimação – não só física, mas também mental e espiritual. Esse momento sagrado representa um verdadeiro renascimento.
Dentro do universo do rock n roll, o que essa música representa?
Essa música representa o lado profundo, emocional e sombrio do rock – mais especificamente, uma fusão entre gothic e alternative metal. Ela evita clichês e aborda temas existenciais e espirituais, como é comum no rock europeu, especialmente no gothic metal alemão. “Sie lebt” mostra que o rock pode ser mais do que rebeldia: pode ser filosófico, atmosférico e profundamente humano.
Qual a ligação dessa com o seu país, a Alemanha?
ANTONOW é um projeto alemão de gothic metal. Sou falante nativo de alemão e grande admirador de escritores como Hermann Hesse, Rainer Maria Rilke e Georg Trakl. “Sie lebt” é propositalmente lírica – uma forma moderna de poesia alemã transformada em música, inspirada nesses grandes mestres da literatura.
O trecho com o coro de monges no final é cantado em latim, justamente para dar uma profundidade sagrada a essa parte especial. Essa combinação de lirismo alemão, tradição musical sombria e herança cultural molda a linguagem sonora única da faixa.
Há algo de curioso que você queira destacar?
Sim – uma boa amiga minha, que passou por uma experiência de quase-morte, teve a oportunidade de ouvir a música antes do lançamento. Ela ficou muito emocionada e me pediu para tê-la antes, pois a canção a ajuda a processar suas próprias vivências. Fiquei muito feliz com isso – por ver que a música pode tocar tão fundo, além do puro entretenimento.
Respostas de Antonow
King Father Baboon – “Heading to the Sun” – (Alemanha)
Descreva a proposta geral da música?
Ao longo dos anos, acumulamos muitas ideias de músicas — a maioria delas permaneceu como rascunhos não finalizados em nosso disco rígido. Para comemorar os 10 anos da banda, queremos compartilhar nossas obras e jornada criativa com todos que nos acompanharam até aqui — e também com quem está nos descobrindo agora. “Heading to the Sun” é uma dessas músicas que, até agora, nunca havia sido lançada.
E em qual momento surgiu essa composição, o que a inspirou?
Os primeiros rascunhos da música surgiram há mais de dois anos. As inspirações sonoras vieram de bandas como Khruangbin, The Heavy Heavy, The Black Keys, além de ícones como John Lennon e Jimi Hendrix. No entanto, nosso foco principal não foi seguir esses artistas, mas sim experimentar como dar um clima em tom maior à música, sem que ela soasse ingênua ou exageradamente otimista. Muitas vezes, nosso processo de composição começa com uma estrutura harmônica e rítmica, a partir da qual Kris desenvolve a letra e a melodia vocal.
E a letra, o que especificamente ela diz?
A letra expressa o profundo desejo de escapar deste mundo — uma busca por um novo começo além da vida terrena.
Em versos eufóricos e quase invocatórios como: “If you like to join me, we could fight gravity / You don’t have to fear it, leaving means to arrive somewhere,” o protagonista convida uma companhia desconhecida a deixar o familiar para trás e ver a mudança como uma oportunidade. “Heading to the Sun”, cantada por Laura Lillian, representa a voz interior que constantemente lembra o objetivo. O Sol simboliza esperança, luz e vida — mas também é inalcançável e perigoso: um lugar que pode representar tanto recomeço quanto fim. Essa dualidade expressa as dúvidas e medos de um passo tão ousado.
Como foi trabalhada a produção musical e qual seu comentário sobre a sonoridade em geral?
As gravações de “Heading to the Sun” surgiram de forma bastante espontânea, feitas por conta própria em nossa sala de ensaio.
Normalmente, Kris (nosso vocalista e guitarrista) traz uma ideia inicial, e então passamos um bom tempo improvisando em cima dela. A partir disso, criamos juntos a estrutura da música. Durante esse processo, surgem melodias, riffs, grooves — e às vezes até novas composições. Antes de gravar, costumamos tocar a música ao vivo pelo menos uma vez, para sentir melhor sua dinâmica e a reação do público. Para esta gravação, tocamos os instrumentos todos juntos na sala de ensaio. Os vocais e alguns poucos instrumentos adicionais — como o Mellotron — foram gravados depois, com overdubs. O resultado é um som que lembra décadas passadas, mas com uma roupagem moderna.
O que essa música representa na carreira de dez anos da banda King Father Baboon?
“Heading to the Sun” faz parte de uma série de singles que estamos lançando ao longo de 2025 para comemorar os 10 anos da banda. Cada música representa uma fase da nossa trajetória como músicos e como pessoas ao longo dessa década. Elas refletem nossas visões artísticas, nossas influências musicais, e também mostram como evoluímos nesse tempo. A diversidade entre as faixas é proposital — queremos mostrar a nossa amplitude e complexidade como banda, artistas e indivíduos.
Respostas de King Father Baboon
Der Betrieb – “Grandparents Hall” – (Alemanha)
Como surgiu essa composição e o que a letra diz especificamente?
Esta música é um sincero agradecimento aos nossos avós. Eles realmente fizeram tudo certo — nos deram seu tempo, sua presença e seu amor sem esperar nada em troca. Muitas vezes sinto que não damos aos nossos avós o crédito e o reconhecimento que merecem. Pessoalmente, sinto falta daqueles pequenos momentos mágicos da minha infância: colher cerejas, correr livremente pelo jardim deles — que eu sempre chamei de “o mundo inteiro”, embora fosse apenas o quintal deles. A letra reflete essa nostalgia, essa apreciação e o sentimento de amor profundo e incondicional que recebemos deles.
Dentro do universo do rock ‘n’ roll, o que essa música representa?
De certa forma, tudo já foi feito no rock ‘n’ roll. Não podemos simplesmente recriar o som heavy metal dos anos 80 e apresentá-lo como algo novo. No entanto, o que podemos fazer é brincar com a direção — que foi exatamente o que fizemos. Criamos um groove direto, algo um pouco mais dançante, e combinamos com guitarras pesadas e vocais melódicos. O resultado é uma mistura inovadora: um aceno respeitoso ao passado, ao mesmo tempo em que impulsiona o gênero para um novo espaço. É Hard Rock/Metal reimaginado, por enquanto.
Qual é a conexão entre essa música e seu país, a Alemanha?
Amamos tanto a Alemanha que escolhemos o nome DER BETRIEB para nossa banda , que significa “A Operação” ou “A Companhia”. Temos orgulho da nossa herança e da riqueza cultural da Alemanha — um país outrora conhecido como a terra dos Dichter und Denker (poetas e pensadores). Esse espírito de criatividade e intelecto é algo que queremos trazer de volta à conversa global por meio da nossa música. É uma celebração de quem somos e de onde viemos.
Há algo mais que você gostaria de destacar?
Sim — notamos uma conexão forte e bela com o público da América Latina, especialmente no México, Brasil e Colômbia. Há uma energia e uma abertura nesses países que realmente ressoam com a nossa música. Não queremos apenas ser ouvidos nesses lugares; queremos construir conexões reais e compartilhar algo significativo com essas comunidades. Além do nosso próprio país, esses são os lugares com os quais sentimos uma forte afinidade emocional e artística.
Respostas de Cosmin Traian Marica (vocais e bateria)
Thea Sass-Ainsworth – “How to Stay Alive” – (EUA)
Primeiramente, qual reflexão ou ideia gerou essa música?
Em todas as minhas composições, trabalho arduamente para comunicar algo que é ao mesmo tempo profundamente individual, mas universal, para cantar sobre as coisas que muitas vezes não são ditas, para pintar uma imagem com música de algo familiar e, no entanto, desconfortável para cada um de nós. Esse é o poder específico da arte, realmente. Esta canção vem no final — acho — de um período de composição que é definido pela nossa relação com a dor, solidão e o medo de que muitas vezes somos os próprios criadores da nossa própria isolação. Uma espécie de acerto de contas com quem somos e as vidas que escolhemos levar. Como Sobreviver é explicitamente, excruciantemente, quase como uma faca em sua tristeza, autocrítica e auto aversão, mas também incorpora o que nos fez ser quem somos. O eterno debate entre criação e natureza, se preferir. Há também, ao contrário, muita esperança nesta canção. Ou eu suponho um reconhecimento de um aspecto fundamental da humanidade, que é a tentativa de fazer as pazes com as partes de nós que nos entristecem ou nos assustam; que não entendemos. As coisas que nos aconteceram, as escolhas que fizemos, os muitos caminhos que percorremos. Gosto de brincar que todas as minhas canções são tristes e isso é verdade. Mas toda arte é triste à sua maneira. Ou pelo menos afiada em sua pungência. Sempre que conseguimos vislumbrar um pedaço tão claro da humanidade, isso nos faz confrontar algo sobre nós mesmos e como nos relacionamos uns com os outros.
E a letra em particular, o que diz?
As letras são uma forma de arte tão específica e bela — diferente da poesia ou prosa. Estas letras foram muito difíceis para eu escrever e falar sobre porque estava tentando evocar algo enterrado muito profundamente dentro de mim (e acho que de muitos de nós). Nossos sentimentos e medos mais profundos são os mais difíceis de desentrelaçar e entender. É uma das muitas razões pelas quais a música fala tão poderosamente a cada um de nós; pode acessar essas coisas. A verdade dolorosa de Como Sobreviver é que carregamos cada versão de nós mesmos conosco, onde quer que vamos. Somos nosso eu mais jovem e vulnerável? Somos nosso eu mais sábio e mais velho? Ou a versão de nós mesmos que mais tememos? A sobrevivência, nesta canção, é o que vemos quando seguramos o espelho — as figuras na sombra, as coisas que aparecem com uma clareza que causa aperto no peito — e a agonia de aprender que dor e alegria, solidão e união existem em uma simultaneidade nebulosa e como as distintas e afiadas peças de quebra-cabeça de quem somos e as vidas que vivemos. Esta balada cintilante e ofegante é sobre se podemos fazer as pazes com o que a sobrevivência nos moldou para ser.
É possível comparar essa canção com outros artistas ou bandas do seu gênero musical?
Atualmente, penso em artistas femininas como Boy Genius, Mitski, Angel Olson, St. Vincent, Ethel Cain e Amyl and the Sniffers. Para criar um trabalho autêntico e significativo a partir de uma rica paisagem musical que tira inspiração do rock e pop. Por estarem comprometidas em escrever sua própria música e algo significativo. Por inovar. Eu sou extremamente influenciada e devo muito a artistas dos anos 80/90 como Hole, PJ Harvey, Sheryl Crow, Joan Jett, Concrete Blonde. Artistas que não tiveram medo de fazer algo diferente, de se deixar levar um pouco pela bagunça e mergulhar de cabeça. Quando eu era adolescente me ensinando a tocar violão e entrando em casas de shows de rock, essas mulheres eram faróis para mim.
Afinal, quem é Thea Sass-Ainsworth?
Eu sou uma artista que usa música, linguagem e imagens para explorar temas de memória, desejo e perda. Buscando sempre uma lente feminista essencial através da qual expressar esses temas, minhas influências incluem o terror e a maravilha do gótico, a abundância e a força vital encontrada no barroco, e o escrutínio e a pungência da vida contemporânea. Nasci e cresci em Minneapolis, expandi minhas asas na cidade de Nova York, e finalmente me estabeleci em Los Angeles banhada pelo sol. Cada uma dessas cidades e as pessoas incríveis e diversas que as habitam e as moldam definem meu trabalho.
E, por fim, há algo de curioso que você queira destacar?
Todos os meus singles são acompanhados por visuais (arte do álbum, vídeo, zines, e no caso desta canção um videoclipe) que contam uma história muito específica e funcionam como um companheiro visual/narrativo da música. Vignetas visuais e símbolos. Se você é novo no meu trabalho ou me acompanha há um tempo, há muitas imagens e motivos repetidos que ganham novos e mais profundos significados dentro do contexto de cada nova canção. Esta é uma grande parte do meu trabalho como musicista e é algo que espero que meu público goste de interagir. Por último, o que essa canção significa para você é inspirador para mim. Não há uma maneira certa ou errada de se relacionar com uma obra de arte. Como artistas, uma vez que criamos uma obra, isso está em grande parte fora de nossas mãos – o milagre está na troca entre nós.
Respostas de Thea Sass-Ainsworth
Chaz – “Foreign Lands Revisited” – (EUA)
Qual é o tema da música? Para qual mundo a música direciona o ouvinte?
O tema desta música gira em torno da ideia de viajar, vivenciar outras culturas, terras distantes e as misteriosas deologias/culturas/crenças/ energias humanas ao redor do globo. Viajei pelo mundo durante a maior parte da minha vida/carreira e vi tantos aspectos diferentes das pessoas interagindo e o que as impulsiona ao sucesso, seja como indivíduos ou como construções sociais coesas. A arte está sempre no centro, e eu esperava capturar esse sentimento.
O que inspirou essa composição?
Originalmente inspirada no “Csikos”, o cavaleiro que cavalga em pé, o uso de escalas exóticas, como as escalas húngara e cigana, cria uma atmosfera de mistério. Ritmos impulsivos e tambores pesados, representando cavalos cavalgando forte e rápido, conferem à música energia e impulso. A ideia de trabalhar simbioticamente com o nosso ambiente e nos adaptarmos a ele, a parte central da música, pretende evocar um sentimento de solidariedade e dedicação inabalável que nos leva a perseverar.
Dentro do rock, o que esse lançamento tem de especial?
Este era originalmente um conceito usado em um álbum de curtas enquanto eu ainda estava aprendendo a gravar e produzir música e senti que a música não estava completa. Expandi-o para uma faixa completa e finalizei o produto na esperança de fazer justiça ao conceito.
Como foi o processo de produção musical e gravação em estúdio dessa música?
Desafiador, sempre desafiador. Gravar é algo que eu ainda sou relativamente novo, e lidar com as limitações do software e a formação em engenharia de som provou ser o aspecto mais difícil desta faixa. Sou um artista solo independente, então todo o fardo recai sobre mim, o bom, o ruim e o feio (como mixagens confusas ou guitarras desafinadas). Este foi, como tem sido com todos os meus lançamentos, um processo de aprendizado envolto em algo pelo qual sou apaixonado.
Bandas favoritas: Sou instrumentista, seja de música sinfônica, piano, violão clássico ou rock/metal. Sempre fui apaixonado pela ideia de que somos movidos e influenciados pela música como linguagem universal e gosto muito do processo de descobrir novos aspectos da pintura de palavras por meio da linguagem harmônica e melódica. Fui muito influenciado por artistas como Joe Satriani, Marty Friedman e Jason Becker, do ponto de vista instrumental, mas também por Edward MacDowell e Sergie Rachmaninoff, do ponto de vista clássico. Essencialmente, a ideia de ilustrar um conceito de história apenas por meio do som. Também fui muito influenciado por bandas como Dream Theater e Iron Maiden, bandas que capitalizam aspectos históricos da natureza humana para dar profundidade à sua composição. Existem muitas bandas excelentes; estas são apenas algumas que foram muito influentes na minha vida como artista.
Respostas de Chaz