Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”. Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 203ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes que nos são apresentados.
Até o primeiro semestre de 2024 publicávamos também no formato de texto corrido, produzido pela redação da Arte Brasileira. Contudo, decidimos publicar apenas no formato minientrevista, em resposta aos pedidos de parte significativa dos nossos leitores.
Anima nera – “Per Te” – (Itália)
Imagine que tem que apresentar rapidamente esta música à alguém, o que você diria?
Anima Nera com “Per te” nos dá uma música atemporal, dedicada a um amor que agora está longe, desaparecido da realidade e da mesma forma vivo dentro dos pensamentos.
A parte mais difícil do amor é que ele pode acabar, mesmo de repente, sem muitas explicações e enquanto tudo flui impassível a dor da falta permanece. Escrever uma carta pode ser uma maneira romântica de fazer as pazes com seu coração.
Como e por que esta música surgiu?
Essa música nasceu por acaso. Conversando com uma amiga sobre uma antiga história de amor dela e a partir daí eu peguei a deixa para a letra. Somos como antenas que percebem emoções e depois as transformam em canções. Da nostalgia percebida naquele bate-papo no bar hou fez um poema sobre as memórias que permanecem, mesmo que acreditemos que elas foram apagadas de nossas mentes e corações.
Em nossa jornada musical, nos perguntamos o que se entende por amor eterno, concordamos que quando uma memória volta à nossa cabeça, filha de uma situação, um lugar ou uma música, talvez haja a definição de amor para sempre.
O que a letra da música retrata?
A música é um belo poema que fala de memórias um pouco melancólicas, mas ainda cheias de carinho.
Qual a proposta do videoclipe?
no vídeo o realizador Manuel Furlan seguiu o rasto do texto e repropôs-o de forma visual, criando assim uma história real.
Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?
A música escrita por Massimiliano De Angeli e Davide Faresin foi produzida por Roberto Visentin com arranjos de Anima Nera. Lançamento para o selo BeNext Music com distribuição da Universal Music Itália, gerenciada pela SorryMom.
O vídeo filmado por Manuel Furlan contou com a extraordinária participação de Alessia Bartolomucci.
Respostas de Anima Nera
Rui Salgado – “João dos jornais” – (Bélgica)
Imagine que tem que apresentar rapidamente esta música à alguém, o que você diria?
É uma balada com melancolia e doçura. Tem um background instrumental jazzístico com uma bateria suave, uma guitarra jazz e um som de baixo bem acústico.
O que a letra da música retrata?
“João dos Jornais” é a historia de um rapaz pequeno que vende jornais e nasceu num gueto. A letra da canção desenvolve o facto de que o João nasceu num gueto e do gueto não sai. É sobre a impossibilidade de subir na escala social. A canção fala dos anos 70, no momento da revolução Portuguesa do 25 de Abril. Mas nós queremos continuar a cantar pois apesar de sermos politicamente mais livres, não conseguimos utilizar essa liberdade com responsabilidade política para que quem nasce pobre se possa educar e aceder a uma vida mais confortável.
Qual sua mensagem ao mundo?
Os problemas de ontem continuam presentes hoje. A dificuldade de aceder aos privilégios das elites (educação, saúde, alojamento, um ordenado confortável) quando se nasce sem recursos é enorme. Curar esse problema faria uma sociedade muito mais pacifica. Com menos revolta interior e menos violência.
Como e por que esta música surgiu?
Este ano são os 50 anos da Revolução Portuguesa do 25 de Abril de 1974. Nessa altura derrubamos uma ditadura fascista e lutamos pelos ideais de Liberdade, acabar com a discriminação das mulheres, Igualdade entre as pessoas e possibilidade dos pobres acederem aos privilégios dos ricos como educação, alojamento, saúde e mobilidade social. Esses valores não evoluíram tanto assim em 50 Anos. Por isso queremos continuar a cantar esta musica que retrata tão bem essas desigualdades.
Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?
Esta musica está inserida num disco chamado “ELAS – Songs From The Portuguese Revolution”. Todo o álbum são canções da época da revolução (há 50 anos) que nós arranjamos para o nosso grupo e queremos partilhar com todos vocês. Está no Spotify e convidamos todos vocês a descobrirem estas canções.
Respostas de Rui Salgado
Theorem of joy – “Disco Inferno” – (França)
Se tivesses de apresentar rapidamente esta canção a alguém, o que dirias?
Esta canção é simultaneamente um requiem e uma poderosa peça de rock e música pós-clássica. É o clímax do álbum e do espetáculo ao vivo dos “Dysnomia”.
Qual é a sua mensagem para o mundo?
No espetáculo ao vivo de “Dysnomia”, esta peça surge numa altura em que se assiste à decadência e autodestruição do ser humano. Esta canção mostra o sofrimento e a deambulação da humanidade. Questiona os rumos da nossa vida individual e as nossas escolhas coletivas.
Como e porquê surgiu esta canção?
A canção surgiu durante a escrita do espetáculo “Dysnomia live”.
Há alguma curiosidade sobre este disco que gostasses de destacar?
Este disco é a música para a história contada no espetáculo, e é uma colaboração entre Thomas Julienne, compositor e líder dos Theorem of Joy, e o fotógrafo Alexandre Dupeyon. Mais aqui: https://theoremofjoy.com/dysnomia/
Ilario Ferrari – “Ilario Ferrari” – (Reino Unido)
Imagine que tem que apresentar este lançamento á alguém, o que diria?
Olá a todos, sejam bem vindos ao mundo do meu novo álbum, “Above The Clouds”, o quarto na verdade e o segundo do trio com os maravilhosos Charlie Pyne e Katie Patterson. Este trabalho, que representa a minha recente evolução estilística, mistura sons de jazz, harmonias vocais e a escrita refinada de canções pop.
O que diz a letra da música e qual sua mensagem?
De forma geral, nosso novo álbum “Above The Clouds” aborda o tema das relações entre nós, seres humanos, e com o nosso planeta. Imaginei uma viagem “acima das nuvens” onde poderíamos observar a nossa vida de um ponto de vista vantajoso. “Morning Samba” nosso primeiro single é um convite à leveza, imaginei uma música que pudesse descrever o início do meu dia de uma forma leve. Uma música que também poderá acompanhar nossos ouvintes nas manhãs.
Em quais condições surgiu esta música?
Escrevi essa música pensando em um começo de dia leve. A melodia me veio à mente e corri para o piano para transcrevê-la para o papel. Imediatamente percebi que estava escrevendo uma música inspirada nos ritmos do samba brasileiro e sul-americano. Imaginei a voz de Charlie (nosso contrabaixista) sendo um veículo perfeito para expressar a música.
O que esta música diz sobre você, Ilario Ferrari?
Sobre mim? Bem, talvez eu goste de começar o dia com um toque positivo, e que ame os ritmos e a cultura da América Latina, do Brasil em particular.
Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?
Embora as músicas tenham sido criadas por mim, elas foram desenvolvidas em trio, a introdução dessa música por exemplo foi praticamente improvisada em estúdio, em um take. Pede a Charlie e Katie que se realizassem na improvisação de algumas partes do ritmo vocal e, milagrosamente, primeiro Charlie, depois eu e Katie nos revezamos no microfone improvisando a introdução da música.
Respostas de Ilario Ferrari
Alla Len – “Take Me With You” – (França)
Alla, como você pode apresentar ligeiramente esta música aos leitores do ALÉM DA BR?
“Take Me With You” é uma canção que mistura a suavidade do piano com a profundidade emocional da minha voz. É uma peça que explora os sentimentos complexos do amor e a dor de ser deixado para trás, tudo isso retratado através de uma metáfora visual poderosa com cavalos no videoclipe, representando a liberdade e o desejo de escapar para uma realidade melhor.
O que esta música tem a ensinar aos ouvintes?
A música convida os ouvintes a refletirem sobre a força do amor, mesmo nos momentos mais difíceis. Ela ensina que, apesar das adversidades, ainda é possível acreditar em um futuro melhor e em conexões verdadeiras. É uma mensagem de esperança para aqueles que já sentiram a dor da perda ou da solidão.
Como você chegou até a composição de “Take Me With You”?
“Take Me With You” nasceu de um lugar muito pessoal e íntimo. A inspiração veio das minhas próprias experiências de vida, especialmente daquelas em que enfrentei a dor da perda e a necessidade de encontrar uma nova esperança. A música é um reflexo da minha jornada emocional, canalizada através do piano e da melodia, para expressar o desejo de superar os desafios e seguir em frente.
Há algo curioso a ser destacado sobre o lançamento?
Um aspecto interessante sobre o lançamento é a escolha dos cavalos como símbolo no videoclipe. Eles representam não só a velocidade e a liberdade, mas também a ideia de que, em nossa busca por amor e significado, às vezes precisamos nos permitir ser levados por algo maior, algo que nos inspire a seguir em frente, mesmo quando tudo parece estar contra nós.
Enfim, o que aprendemos sobre você com esta música?
“Take Me With You” revela minha resiliência e minha crença inabalável no poder do amor. Através dela, os ouvintes podem entender que, apesar das dificuldades que enfrentei, minha música é uma forma de encontrar e compartilhar esperança. Essa canção é uma expressão sincera do que sou e do que desejo transmitir ao mundo.
Respostas de Alla Len