(Capa do EP)
Após o sucesso da bem-humorada canção “O Romance Ideal”, uma bela brincadeira com os personagens queridos da cultura pop, a banda Revolução lançou o EP “Era uma Vez no Brasil”, coletânea de oito faixas com letras e melodias assinadas pelo guitarrista Johnny Kiff, e que sinceramente, fazem críticas pesadas aos “donos da lei”, como insinua a sexta faixa.
(Foto da manifestação do dia 30 de maio, ocasião escolhida pela banda para a gravação de “Donos da Lei”, dirigido também pelo vocalista)
Em um discurso de rebeldia e revolução, os integrantes da banda vão a fundo no assunto “política”. Por mais que a letra de algumas das músicas pareça ser de cunho romântica, há sempre por trás, uma mensagem política e de resistência, em relação a assuntos como educação versus armas.
“Existem muitas polêmicas no Brasil e na internet, mas indiscutivelmente a educação tem que ser prioridade de um país que quer se desenvolver […] Não é uma grande produção audiovisual, apenas quis dar voz a milhares de pessoas que tem muito o que dizer. Sei que para alguns soará como apenas uma crítica ao governo federal atual, mas para mim é bem mais do que isso, os problemas são maiores e a causa é maior”, explica Kiff
Este trabalho não poderia passar despercebido e com poucos cuidados. Foi por isso, que a Arte Brasileira entrevistou o pessoal da banda, com respostas apenas do vocalista.
Não sei se foi essa ou não a intenção da faixa de introdução do EP, mas para mim, “Me Tire Daqui” soa como um grito de fuga, de liberdade, como se vocês quisessem dizer “Me tirem dessa sociedade maluca”.
Então pessoal, super alegre de poder falar com vocês, é muito belo o trabalho que vocês fazem pela arte no nosso país. E a princípio gostaria de parabenizar pela iniciativa do canal no youtube, que tem tudo para agregar ao conteúdo que vocês produzem e divulgam. Quanto a primeira música do disco, vocês têm razão. Por mais que a letra seja descontraída, o título dela dentro do álbum “Era Uma Vez No Brasil“, foi realmente pensado como uma espécie de trocadilho. Por mais que eu queira viver aqui, acho que tem muita gente que gostaria de sair do país e viver em locais mais justos.
Ideia incrível de escrever uma letra citando os nossos personagens tão queridos da cultura pop, e ao mesmo tempo, com um ritmo empolgante e até mesmo dançante. Mas afinal, o que seria um “Romance Ideal”, levando em consideração toda a parte poética da canção?
Essa música a princípio foi escrita para um casal de amigos anos atrás. Mas nesse novo disco foi reescrita para ser a canção mais pop do trabalho. Eu amo todo e qualquer tipo de citação e referência entre obras de arte. Os casais da canção talvez sejam os mais famosos do mundo inspiram milhões de pessoas ao redor do mundo, por isso foram homenageados. Até pensei em colocar algum casal gay para a música ser mais atual, mas não encontrei algo que coubesse. Quem sabe daqui alguns anos.
Na terceira faixa, de onde vem a indagação de que “Quanto vale o amor?”?
Essa música começou em um sonho no fim de uma madrugada de dezembro de 2018. Antes do sol nascer estava no teclado gravando e guardando a inspiração que veio muito forte e do nada. Alguns dias depois o ex-baixista da banda, Silas Lopes, que por anos foi base do nosso trabalho, pediu para se retirar do grupo. Nesse momento escrever o restante da canção foi “fácil”. A pergunta do refrão e título da música é uma indagação sobre o peso que as escolhas trazem para a vida das pessoas. A música também pode ser pensada como uma crítica aos cristãos e igrejas que apoiaram o atual presidente apesar de muitas de suas declarações e comportamentos questionáveis na época das eleições. Como que lembrando das bases do cristianismo e pensando nos motivos das pessoas colocarem o amor em segundo plano diante das posses materiais. Por sua vez, o clipe de “Quanto Vale o Amor?” será com base nas vítimas do crime cometido em Brumadinho em janeiro pela Vale e o Estado brasileiro.
“Era Uma Vez no Brasil” e “Guerra Civil, Guerra Imbecil” retrata as guerras, a dor, os problemas sociais. Nessas letras, vocês se referem a algum caos social da atualidade? Ou, na verdade, vocês se referem a tudo que acontece e aconteceu no Brasil como um todo?
Essas músicas dialogam, a primeira é mais abrangente e a segunda fala sobre o atentado do ônibus 174, que aconteceu em 2000 no Rio de Janeiro. A violência no Brasil atinge todas as classes sociais, e todos nós saímos perdendo. Essas canções são desabafos e críticas que buscam apontar os dirigentes da nação e os mais poderosos como culpados pelas enormes desigualdades que fazem crescer a violência cada vez mais.
Ainda nessa pergunta, aproveitando o gancho. Para vocês, qual o(s) maior(es) problema(s) do Brasil? E a solução? Vocês têm essas respostas?
Os maiores problemas do país são a ignorância, a injustiça social, e as falsas soluções que só atrasam uma real mudança. Acredito que as soluções sejam demoradas, e passam pela educação de base, pela readequação do valor dos impostos e reestruturação da economia do país de um modo que fortaleça os empreendedores. Mas isso com muito planejamento e menos partidarismo, que só atrasa o país.
Sobre a faixa que fecha o EP. Reflitam sobre os “Donos da lei”.
Donos da Lei são todos esses destruidores da nação que mantém seus privilégios trocando favores e enganando o povo ano após ano. É triste demais pensar que o país poderia ser outro, mas sempre foi governado para manter os ricos mais ricos e os pobres distantes das principais decisões políticas que poderiam mudar seu futuro para melhor.
Vocês tem alguma(s) história(s) ou curiosidade(s) para nos contar?
As duas últimas faixas do disco “Brasil Acima de Todos” e “Fake News” foram lançadas no youtube e no PalcoMP3 antes do lançamento oficial do álbum. Agora após o lançamento completo do disco ainda lançaremos mais clipes com uma perspectiva mais cinematográfica, contando histórias que revelam um pouco sobre o Brasil.
Fiquem à vontade para falarem algo que eu não perguntei e que vocês gostariam de ter dito.
O disco foi lançado no Casa Radar Estúdio zona norte de Belo Horizonte. É o quarto disco completo da banda gravado em estúdio. Gravei a maioria das faixas e mixei algumas também sob supervisão do estúdio, o que permitiu dar uma cara mais alternativa ao “Era Uma Vez No Brasil”.