(Capa do EP)
“Sobra de Arte”: Seja no título de seu primeiro EP, ou mesmo nome próprio nome da banda, Fritãs não esconde seu senso de humor. Suas músicas trazem essa mesma leveza ora combinada com sensibilidade, ora ao lado de posicionamento crítico. No som, o legado das bandas que crescemos ouvindo (como a homenageada no nome) encontra uma nova ambientação, ligada à cena autoral e independente.
Formada por amigos de infância em Dracena (no extremo oeste do estado de São Paulo), Fritãs é capitaneada por Diego Scalada. Ele ficou conhecido no meio indie brasileiro como parte do projeto Onagra Claudique, que lançou o EP “A Hora e a Vez de Onagra Claudique” (2012) e o aclamado álbum “Lira Auriverde” (2014). Há alguns paralelos entre os dois grupos, como a lírica e a temática que escrita por Diego, assim como o teclado de Renato Spinosa, mas a concepção estética dos dois projetos mostra-se bastante diferente.
O EP
O rock de outrora é a base para os arranjos serem construídos, o que é facilmente notado já na faixa de abertura, “Quase Modernos, Nunca Normais”. Suas guitarras dão fôlego à dinâmica da música, com a energia vinda da mistura baixo, bateria e teclado – o que se repete na música que encerra o EP, “A Cruz de Marta”. A balada “Bateia de Serra” descreve cenas que denotam o olhar atento e crítico que as composições trazem, o que fica explícito em “Retrato de um Reaça” – uma faixa tão jocosa quanto precisa em sua análise dos nossos tempos.
E eis uma das maiores qualidades que Fritãs encontra neste seu trabalho de estreia: Exercitar uma sonoridade familiar dentro de temas e inspirações que não encontramos nos hits radiofônicos. Na primeira audição, as músicas podem não parecer tanto assim umas com as outras – resultado da liberdade de experimentação e da empolgação graciosa que um novo projeto traz.
IDENTIDADE
(Foto/Divulgação)
O fio condutor entre todas, entretanto, é uma identidade forte que a banda já consegue imprimir desde esta sua estreia: A de saber fazer crítica com um sorriso no rosto, ao misturar nichos distintos em favor de uma música bem construída, sem perder a fácil assimilação do pop.
- Textos de André Felipe de Medeiros – Edição de Matheus Luzi