5 de novembro de 2024
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Alguns livros que você precisa ler antes de morrer

A morte dá alusão ao fim do mundo, o Apocalipse e até mesmo o fim da vida de uma pessoa, porém essa ideia de morte por outro ponto de vista nos dá perspectivas diferentes sobre a vida. A sua origem vem do latim, segundo os dados, das formas “mortis” e “mors” que também é associado ao verbo “mori”. Este tem como significado o verbo “morrer”. Mas deixemos esse assunto sobre a morte de lado e vamos direto ao ponto de partida, alguns livros que você precisa ler antes de morrer. Não que você vá morrer amanhã, são indicações ótimas para leitura. Já deixando claro que os livros em questão não falam sobre a morte. Aí seria muito irônico, não acham? Ler sobre a morte e ter medo sobre a hipótese de morrer.

Um livro bom é “O Olhar da Vida”. Uma perspectiva diferente de tudo à nossa volta.

A obra “O olhar da vida” não é apenas uma obra literária é o olhar de Vânia Malta para a vida e também um convite para nós, para tirarmos um minuto do nosso tempo para as coisas simples que ela nos oferece. Um dedo de prosa com a lua, um respirar de felicidade…

De encontro Com a lua temos a personagem Verônica. Verônica não é uma simples mulher, ao ler o livro “Verônica simplesmente” do Escritor Roger Dageerre, se percebe uma mulher altiva, independente, tão dona de si, sem se importar com opiniões alheias. Ela pode ter um homem do seu  lado que mesmo assim ela vai continuar independente.  Também vemos nela uma imensa coragem, o que em certas situações isso não floresce na vida de algumas mulheres. O medo e a opressão as inibe.

Mas no caso de Verônica não sei se poderia exatamente chamar o seu ato de coragem. Talvez fosse uma loucura de sua parte ou um desafio que ela proponha a si mesmo. A jovem Verônica vai ao encontro de Roberto sem sequer conhecê-lo bem, para ele uma imensa coragem. Talvez fosse, mas nos dias atuais isso seria um risco. Mas no encontro entre os dois não existiu o medo, não existiu nada de ruim e sim o encantamento daquele momento há dois sobre a luz da lua.

Ainda nessa viagem até a lua, eu entrei de cabeça num livro um tanto curioso e profundo. O livro se chama “Meia lua em mim” da autora Alessandra Reis.

A obra traz de uma forma leve e transparente a vida de quem vive com uma doença crônica, no caso deste livro a doença falciforme. Podemos entender em versos o que essa doença causa na vida de uma pessoa e como ela é encarada por muitos médicos.

Na vida algumas coisas vem de forma natural sem as nossas escolhas, às vezes  não cabe a nós questionar e sim buscar a melhor forma de compreender. Eu posso dizer que este livro traz uma reflexão de tudo, algo que precisamos na maioria das vezes. Porque é bom se colocar no lugar do outro antes de obter qualquer opinião,  de formar críticas, de formar julgamentos e até mesmo comparar a sua dor.

Saindo desse mundo lunar temos Bianca Santana com o livro “Quando me descobri negra” com ilustrações de Mateu Velasco. Publicado pela SESI-SP Editora, o livro fala da dura realidade da mulher negra, tem particularidades como a falta de diálogo entre a família sobre determinados assuntos como o racismo, aquela conversa saudável que pode ajudar muitas vezes, da menina negra tratada como morena não como uma mulher preta e muitas vezes rejeitada pela família ou o meio “embranquecido” em que vive, do cabelo inferiorizado por todos, de ter que de alguma forma se encaixar em algum lugar. Mas o livro também não fala só da sua vida e sim da vida que a rodeia, do negro confundido com um bandido pelo simples fato de estar na rua e ser negro, da menina que não quer ver mais o seu cabelo crescer pra cima com todo aqueles cachinhos apesar da mãe dizer que o seu cabelo é lindo, ela quer se parecer com as outras meninas. Nessa história me identifiquei muito, eu fui essa menina em partes, ela colocava um pano na cabeça para fazer de conta que tinha cabelo comprido e que balançava, é a tal ideia de que cabelo bom é cabelo liso com balanço. Talvez ela fizesse isso não porque odiava o seu cabelo, esse desejo de que seu cabelo crescesse pra baixo, liso e com balanço fosse uma forma de escapar de todo preconceito e rejeição que sofria.

Eu me lembro das minhas idas a casa da minha vó com uma toalha na cabeça, ela chegou a me perguntar o que era isso. Eu disse: – O meu cabelo comprido. E ainda eu balançava a cabeça, na verdade o meu cabelo de pano.

Hoje em dia a falta de diálogo e não luta de muitos negros, faz com que algumas coisas ainda persistam.

Continuando nesse contexto o livro “Nagô das Negras” de Clarisse da Costa.  O livro vem para dar voz a tantas mulheres negras. Ele passa pelo período escravocrata e vai até os dias atuais.

Ao ler este livro você vai encontrar várias particularidades que todas nós mulheres negras carregamos, o preconceito por causa do cabelo, o preconceito por causa da cor da pele, a difícil aceitação por nós mesmas e a nossa família, a alta afirmação diante da sociedade, o salário bem abaixo do homem, a aceitação do corpo e a difícil luta contra a sociedade machista.

A nossa história passa pela relação do ser criança, do ser filha, do ser mulher, do ser mãe. Depois a nossa relação com o mercado de trabalho.

Mas por que o título Nagô das Negras?

Primeiro que a palavra Nagô tem o sentido de caminho e toda essa ideia de caminho traz a percepção do quanto a mulher negra andou e tanto tempo que ela levou para chegar até aqui conquistando espaços.

Com tudo isso a mulher negra passa pelo processo da aceitação e depois pelo processo de como lidar com o racismo, seja racial ou estrutural.

Não me estendendo tanto nesse assunto, vamos para a última indicação literária, o livro “Solares IV” do escritor Samuel da Costa. Esta obra é um grande presente poético, poesias que nos remete ao amor incondicional. Arrisco dizer que o mais profundo amor que um ser humano pode sentir. E esse amor traz com sigo a mulher como um ser intocável, sublime. 

Artigo de Clarisse da Costa