Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”. Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 212ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes que nos são apresentados.
Até o primeiro semestre de 2024 publicávamos também no formato de texto corrido, produzido pela redação da Arte Brasileira. Contudo, decidimos publicar apenas no formato minientrevista, em resposta aos pedidos de parte significativa dos nossos leitores.
Coda Nova – “Symmetry” – (EUA)
– Qual a melhor sinopse desta música? – O que diz a letra e qual sua mensagem? Symmetry é o 5º lançamento de faixa do Coda Nova, e a composição mais ambiciosa até o momento. Os 8 minutos da música voam com mudanças constantes na dinâmica e riffs que são bem amarrados juntos com um forte gancho vocal central. A letra é apropriadamente tão aventureira quanto a música, retratando um conto divertido de físicos de partículas que mordem mais do que podem mastigar ao explorar os limites da ciência.
– Em quais condições e por que esta música surgiu? Symmetry foi escrita como uma continuação da nossa faixa instrumental chamada Entanglement, lançada no início deste ano. A música foi escrita como um tributo à astrofísica e à física quântica, e às poderosas forças da natureza nas quais a humanidade está mergulhando por meio da ciência moderna. Conceitos como aproveitar a energia atômica ou transformar a gravidade em arma que há apenas algumas décadas pareciam tão fora de alcance, e talvez sejam problemáticos para os humanos brincarem. “Oceans that even Poseidon can’t taste” é uma das várias linhas divertidas que pertencem a esses extremos.
– Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar? Nós intencionalmente deixamos a letra um pouco aberta para interpretação, já que muito do contexto faz uma metáfora apropriada para o sistema tóxico de dois partidos na política americana e pode ser espelhado dessa forma, falando sobre um tema geral de encontrar equilíbrio. Carl Sagan e outros cientistas que amamos podem ser ouvidos durante o diálogo da ponte. Pura e simplesmente, nós amamos todas as formas de rock e ciência e esta é uma composição que esperamos encapsular essas paixões.
Respostas Coda Nova
Khaki (Oslo) – “Of Course (2024 Remaster)” – (Noruega)
– Para começarmos, peço que você tente “dar a melhor sinopse” desta música. É uma música power pop / pop punk sobre dar um soco acima do seu próprio peso no amor. Sobre dar aqueles primeiros passos na pista de dança em direção à pessoa que você quer e embarcar na jornada para o grande desconhecido.
– O que você retrata na letra, o que os versos dizem e qual sua mensagem ao mundo? A música é, como tantas outras, sobre se apaixonar. Mas esta aborda mais especificamente a oportunidade de se jogar na dança com alguém de quem você gosta, mas ao mesmo tempo descreve o desespero de não ousar dar aqueles primeiros passos.
Acho que nossa mensagem para o mundo, portanto, deve ser: se jogue na dança e não fique parado no canto, enquanto a pessoa de quem você gosta continua dançando sem você.
– Qual foi a fonte de inspiração desta música? Embora a pista de dança possa ser uma metáfora nesta música, ela é baseada em uma paixão real, em sentimentos reais de desespero e em se jogar em um relacionamento.
– Quais bandas e períodos do rock vocês considerem que inspiraram esta composição e produção musical? Acho que a música é sobre algo universal, pelo menos foi assim que eu vi quando escrevi a letra, e o relacionamento em que ela se baseia é internacional. No entanto, sempre imaginei a cena da música sendo tocada em uma discoteca da escola, no ginásio onde estudei no ensino fundamental, porque é isso que fazemos na Noruega.
– O que esta música diz sobre o país de vocês? Ouvimos muito indie rock, pop punk e power pop quando a música foi feita, muito da Suécia e do Reino Unido. The Wannadies, Libertines, Ash, Weezer, para citar alguns, mas essa lista é muito longa!
Respostas Khaki (Oslo)
The Crooked East – “Release Me (2024 version)” – (México)
– O que diz a letra da canção?
Seque seus olhos, garotinha
O Oeste está chamando seu nome
Não faz sentido negar sua atração
Seria muito pior se você ficasse
Mas enquanto você está vagando sozinha
Ao longo dessas estradas frias e longas à noite
Quando os demônios começarem a persegui-la
Só saiba que estarei ao seu lado
Mas primeiro
Me liberte
Me liberte
Me liberte
Do seu feitiço
Antes de você ir
Toda sua poesia meio escrita
Encontrará seu fim na estrada
Como você pode escrever sobre o calor
Quando tudo o que você já conheceu é frio?
Mas enquanto você está vagando sozinho
Ao longo dessas estradas longas e frias à noite
Quando os demônios começarem a persegui-lo
Só saiba, eu estarei ao seu lado
Mas primeiro
Me liberte
Me liberte
Me liberte
Do seu feitiço
Antes de você ir
Me liberte (me liberte disso)
Me liberte (me liberte disso)
Me liberte
Do seu feitiço
Agora eu não irei
– Qual a mensagem dela ao mundo? Um casal de adolescentes está se separando quando ela decide ir para o Oeste para ser uma estrela. Ela o convida, mas ele não vai devido a um senso de dever para com sua família tóxica na cidade empobrecida do nordeste dos EUA onde eles cresceram.
Queríamos mostrar como esse senso de dever que muitas pessoas, especialmente os jovens, têm para com uma família ou grupo de amigos abusivos pode levá-los a viver uma vida infeliz e ansiosa.
– O que inspirou esta composição? Músicas dos anos 1950 e 1960, como “Never My Love” da Association e “Day After Day” do Badfinger.
– Musicalmente, como você descreve esta música? Nós o descrevemos como uma visão nostálgica e inocente da tragédia inerente ao amor jovem — como um momento de sofrimento que leva aos tipos de lições que fazem com que alguém se torne um adulto cansado do mundo.
– O que esta música diz sobre a música e a cultura do seu país? Ela reflete as canções pop mais inocentes da América de meados do século XXI, centradas em amor e mágoa.
Respostas The Crooked East
Kylie Rothfield – “Never Loved Somebody” – (EUA)
– O que dizem as letras? “Never Loved Somebody” fala sobre estar com alguém que parece incapaz de amar você ou qualquer outra pessoa em um nível profundo. Você quase sente inveja deles porque isso significa que eles sempre terão todo o poder na relação, mas você também pode empatizar com o fato de que eles podem nunca realmente saber como é amar verdadeiramente outro ser humano.
– Qual é sua mensagem para o mundo? Acho que muitas pessoas que estiveram em relacionamentos tóxicos semelhantes, unilaterais ou ansiosos/evitantes, se sentem principalmente culpadas por tudo – como se quando alguém não é o melhor ou o parceiro mais amoroso, isso fosse algo pessoal e significasse que não é bom o suficiente ou digno de amor. Foi assim que me senti por tanto tempo. Mas quanto mais velha fico, mais aprendo que a maneira como alguém nos trata frequentemente reflete como eles se sentem sobre si mesmos. Quase nunca é tão pessoal quanto parece. Então espero que, quando as pessoas ouvirem isso, evoque um senso de empatia e autoempoderamento.
– O que inspirou essa composição? Liricamente, essa música é inspirada em um relacionamento em que estive recentemente. Musicalmente, busquei muita inspiração em artistas indie como Phoebe Bridgers, com uma forte influência do rock dos anos 70, assim como Fleetwood Mac/Stevie Nicks. Em termos de produção, queríamos criar algo que tivesse o som de uma banda ao vivo, mesmo que nós mesmos tenhamos tocado todos os instrumentos em um estúdio caseiro.
– O que esta música diz sobre você como artista? Eu sempre tento escrever música do lugar mais honesto e vulnerável possível porque quero que as pessoas se sintam compreendidas e que está tudo bem sentir exatamente da maneira que se sentem e ser exatamente quem são. Espero que as letras ressoem com as pessoas e espero que a música seja algo que elas possam ouvir em seus carros com as janelas abertas, porque foi tão bom criá-la e eu quero que os outros se sintam tão bem ouvindo-a.
Respostas Kylie Rothfield
Luke Pacuk – “Little Bizarre” – (Reino Unido)
– Qual a melhor sinopse para esta música, Luke? A música é sobre uma crise em um relacionamento. Os sentimentos das pessoas que vivenciam isso. A decisão de um garoto que quer deixar a namorada, mas por outro lado algo o impede. Ela também tem sentimentos confusos sobre ele. É um jogo de sentimentos. No entanto, ainda existe amor entre eles. A música retrata esse nosso estranho comportamento. Esse momento eu chamei de “Little Bizarre”
– Qual a mensagem dela, o que ela diz ao mundo? O amor que dura muito tempo pode acabar em um momento. As pessoas se separam muito rapidamente, não querem brigar. Minha mensagem é: não vamos desistir do nosso amor pela outra pessoa tão rapidamente. Sejamos empáticos. Vamos nos dar uma chance.
– Como a arte de capa da música potencializa esta mensagem? Na capa vemos um casal, figuras brancas com baterias descarregadas nas costas e um lindo mundo colorido, universo ao seu redor. É tão grotesco. Há fantasia e realismo aqui ao mesmo tempo. Sejamos tão lindos quanto esse mundo, vamos nos amar, não vamos desistir do nosso amor. Vamos nos misturar ao ambiente para ganhar algumas cores.
– E como ela foi criada, o que inspirou esta composição? A música foi criada há 12 anos e teve muitos arranjos. Decidi que deveria ver a luz do dia. Foi a linha de baixo que foi criada primeiro. Eu escrevi a música inspirada na minha vida.
– Quem é você enquanto artista e o que este lançamento diz sobre isso? Sou músico e produtor e moro em Southampton, Reino Unido. Ele não se concentra em um estilo musical. Eu adoro fazer músicas. É assim que dou parte de mim aos outros, e quando as pessoas gostam, essa é a maior felicidade para mim. Não gosto de falar sobre minhas letras. Quero que cada um interprete o texto à sua maneira e se encontre nele.
Respostas Luke Pacuk
