Completamente apaixonado pela arte, Patrick Manoucci é escritor, pintor e escultor. Iniciou sua vida artística por meio da pintura, e apenas aos 15 anos, começou a escrever, e de uma maneira totalmente inspiratória.
Ele considera seu maior feito até o momento, o livro “O Pequeno Paraíso Dos Gigantes”, lançado pela Chiado Books neste ano e disponível em formato digital e físico.
Patrick, assim como a esmagadora maioria dos artistas brasileiros, acaba perdendo leitores por causa da pouca valorização da leitura em nosso país. É esse e outros assuntos que o jovem artista aborda nessa entrevista que realizamos com ele. Confira a seguir.
“Costumo dizer que não me expresso através da arte, é arte que se expressa através de mim.”

Matheus Luzi – Primeiramente, me fale como começou sua carreira na arte.
Patrick – Costumo dizer que não me expresso através da arte, é arte que se expressa através de mim. Na minha vida tenho dificuldade com vínculos e procuro muito mais situações casuais, momentos de maior razão. É por tal motivo que falo sobre não me expressar na arte e ela se expressar através de mim. Meu primeiro contato com arte é no papel, desenho desde muito novo. Curiosamente meu primeiro contato com escrever literatura foi apenas aos meus quinze anos, num momento em que consumia Voltaire, Schopenhauer e, para não me alongar, o tão criativo Julio Verne. Minha carreira na arte começa ali, escrevendo meus primeiros versos que pouco tempo depois se tornou parte de um livro agora publicado. De uma forma muito natural comecei desenvolver arte e consumir muita arte, o que me levou para pintura muito facilmente, assim comecei minha carreira na pintura. “Pietá”, do Michelangelo, é o que considero o melhor que um escultor pode produzir. Foi assim que me percebi apaixonado por esculpir, transmitir o belo através das formas.
Matheus Luzi – Como é sua arte de escritor?
Patrick – Como escritor eu tenho muito mais do racional do que intuitivo, então, para compensar, escrevo apenas em momentos de real inspiração. Quando você se desenvolve como escritor há sempre algo de transformar coisas bestas em palavras bonitas, mas acredito na escrita como Kafka: “Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós”. Minha arte como escritor é sensível, melancólica, dura, crua, poetizada e ardente; feita para reflexão, para filosofia, para realmente mergulhar na obra e nos pensamentos. O que escrevo muitas vezes não é que você entende, o que acho ótimo. A interpretação é bela ao passo que interpretativa, afinal, é o que significa.
“’Pietá’, do Michelangelo, é o que considero o melhor que um escultor pode produzir.”
Matheus Luzi – O que você tem a dizer sobre este seu livro que você considera ser o seu mais reconhecido?
Patrick – Falando sobre “O Pequeno Paraíso Dos Gigantes”, considero reconhecido por conta da relevância e de seu conteúdo diverso que transcende suas páginas. O livro foi escrito durante minha adolescência, entre quinze e dezessete anos, hoje estou com dezenove. Então foi, como é para todos, um momento muito turbulento da minha vida. Acredito que usei disto para compor o livro, aproveitando o confuso e, por vezes melancólico, sentimento que me cercava. Quando no livro, em sua dedicatória, escrevo: “Para combinar com o sentimento desesperador de solidão e vazio do presente momento em que se encontram minha amável Clarice e meu fiel Sanchez” é um pouco sobre o sentimento.
Matheus Luzi – Como é sua arte como pintor e escultor?
Patrick – Procuro usar sempre da criatividade mais intuitiva, mesmo quando parece contraproducente com o resto da obra; vem me dando grandes resultados, tanto na escultura como na pintura. Uso bastante de ambos como complemento, assim um ajuda na composição do outro. Trago bastante de um tipo de expressionismo carregado por uma cultura de rabiscos, os famosos Doodles. Estou desenvolvendo um estilo próprio de compor e trazendo muito do que faço desde novo em meus rabiscos de caderno… o que na escola foi sempre muito presente. Desejo sim ter mais presença com realismo, fauvismo e, porque não, cubismo, mas estou realmente querendo usar do intuitivo na criação das minhas obras.
“Ser artista no Brasil é louvável para quem ‘deu certo’ – o termo não é muito do meu gosto”
Matheus Luzi – Como você encara o desafio de ser artista no Brasil?
Patrick – Muito grande. Ser artista no Brasil é louvável para quem “deu certo” – o termo não é muito do meu gosto. No Brasil poucas pessoas leem e, pior que isso, muito mais pessoas acham que ler não é relevante, o que acaba com diminuir cada vez mais o percentual das pessoas que tem interesse pela literatura. A arte da escultura e pintura aqui é pouco explorada comercialmente, não há um cenário bem desenvolvido e isso faz com que grandes nomes do país sejam mais conhecidos fora de sua pátria do que nela. Considero realmente um grande desavio conseguir fazer arte no país e ter uma boa rentabilidade para viver para arte.
Matheus Luzi – Quais foram suas conquistas na arte?
Patrick – A publicação de um livro tão jovem é considerada por muitos algo muito relevante, mas considero muito mais uma conquista o ato de consolidar minha própria linguagem (forma de escrever). O ato de escrever um bom livro e estar trabalhando em outras grandes obras é o que considero minha maior conquista no mundo da arte.
“O ato de escrever um bom livro e estar trabalhando em outras grandes obras é o que considero minha maior conquista no mundo da arte.”
Matheus Luzi – Você tem alguma história ou curiosidade interessante para nos contar?
Patrick – No momento não me recordo muito. Suas perguntas foram ótimas. Deixemos para uma próxima entrevista.
Matheus Luzi – Fique a vontade para falar o que quiser.
Patrick – Acredito que já tenho falado muito. Quero apenas completar com um agradecimento. É importante ter esta voz, falar um pouco sobre o que existe na minha arte e no motivo de eu acreditar em mim como artista. Matheus Luzi, foi um prazer conceder essa entrevista à você. Abraços, Patrick Manoucci.