Exposição sobre o sistema solar marcou a estreia da artista Renata Adler no Rio de Janeiro. O debute da carioca foi no dia 02 de setembro, sábado, em mostra na Galeria do Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, onde apresentou 25 obras da exposição “O percurso dos planetas”. O trabalho propõe um diálogo entre a terra e os planetas, faz uso de técnicas que provocam reações químicas na matéria, luzes de led e elementos inusitados. Em pré-estreia, oito obras exclusivas da artista poderam ser visitadas nos jardins e restaurante do Hotel Santa Teresa Rio MGallery by Sofitel, em mostra fechada para convidados. Espaço recebe colecionadores e galeristas da ArtRio.
A seguir, veja na íntegra uma entrevista com Renata Adler:
Como surgiu essa ideia inusitada de fazer essa exposição?
Na realidade, foram convites do curador Marc Pottier e da produtora Katia D’Avillez. Fiquei muito honrada.
Em release, você cita que a famosa frase do filósofo francês Lavoisier “Nada se perde, tudo se transforma”. O que você tem a dizer sobre isso em relação as obras que serão expostas?
A criação de uma obra é muito intrigante. As formas vão sendo automaticamente organizadas, como num passe de mágica, depois de terem sido trabalhadas no meu inconsciente, desenhadas e finalizadas. Tenho um problema com desperdício, não gosto de jogar nada fora. Na minha vida tudo se transforma, nada se perde. Reutilizo o café que já foi consumido/coado em minhas massas, dando um outro destino…um sentido sensorial junto as minhas obras. Adoro aromas!!!
Qual é a sua relação profissional e pessoal com o tema trabalhado na exposição?
Sempre tive fascínio pelas galáxias, os planetas, o sistema solar… tudo isso me inspira desde cedo. Tenho um pé aqui na terra e outro no espaço sideral, eu diria. Adoro essa troca de energia dos planetas com a nossa terra. A natureza e seus mistérios.
Quais matérias você usou nas artes e como isso aconteceu?
É uma viagem…fecho os olhos e as vejo prontas. É um processo cansativo, muito trabalhado, pesado, poderia dizer intergaláctico. Os materiais estão correlacionados a isso…meteoritos, o espaço sideral…Gosto de usar metais, madeira e uma massa que desenvolvi com o pó do café. Uso o ferro, que com o ar e a humidade está em constante movimento, vivo com sua corrosão, eu acelero e provoco a oxidação, pinto e depois interrompo esse processo. Os elementos que uso tem um significado em cada inspiração. Os metais com a terra, a tinta/as cores com o Universo, a luz/Led com a energia, o espelho e o aço com o reflexo e o brilho das estrelas e o café/massa com o elemento orgânico da terra. A beleza rústica de seus elementos. A minha inspiração vem do meu núcleo imediato e da natureza. O meu processo de criação começa na plenitude do silêncio, na leveza do ambiente que estou. A criatividade vem do amor e da paz. Do elo entre a natureza e o olhar.
As obras são todas suas, mas como você fez para escolher as que serão expostas? Qual foi seu critério?
Na verdade, as escolhas foram feitas depois de várias reuniões com o meu curador e minha coordenadora. Dias de discussões intermináveis…tudo para haver uma conjugação entre si e fossem devidamente adequadas ao espaço.