7 de fevereiro de 2025

A atriz Claudia Mauro diz que AVC sofrida por sua mãe originou texto de espetáculo premiado

Foto de Dalton Valerio
Foto de Dalton Valerio

 

A peça que voltou a ser apresentada neste sábado (13), chamou muito a nossa atenção. Para desbravar alguns detalhes, conversamos com Claudia Mauro, criadora do texto da peça e também protagonista junto com Édio Nunes. “A Vida Passou Por Aqui” basicamente conta a história de amizade entre um homem e uma mulher, que acabam conhecendo o verdadeiro valor da amizade quando Silvia (Claudia) sofre um AVC e fica com sérias sequelas, deixando-a até mesmo de cadeira de rodas. O interessante da peça é que os atores passeiam entre o passado e o presente, indo dos anos 1970 até os dias atuais. Tudo isso para mostrar com singeleza e simplicidade as várias etapas de uma grande amizade.

O texto de Claudia Mauro é baseado em uma história real, na qual, ela mesmo viveu com sua família. O texto que recebeu três grandes prêmios começou a ser escrito pouco tempo depois que a mãe de Claudia sofreu o AVC. Enquanto Claudia ajudava na mudança do apartamento de sua mãe, ela se chocou com algumas lembranças, envolvendo seu pai e um boy faxineiro. Escrito na intenção de mostrar a verdadeira face de uma amizade sólida entre um homem e uma mulher, Claudia mostrou o que estava escrevendo para seu pai, que a elogiou, e que dias depois morreu.

Segundo a atriz, o texto foi premiado porque sua interpretação é muito próxima a sensibilidade dos fatos. Como Claudia viveu intensamente cada parte do que foi escrito, ficou muito mais original ela mesmo fazer o papel que escreveu, que de início, seria interpretado por Alice Borges, mas Alice conseguiu convencer Claudia de que aquele papel teria sido feito especialmente pra ela.

“O papel que eu vou interpretar na peça é a minha mãe, tem uma ligação pessoal muito forte e obviamente, além de eu ser filha dela, eu sou muito parecida com a minha mãe. E eu realmente vivi muitas histórias que estão na peça. Conta parte da minha infância, então, eu tinha escrito esse papel para a Alice Borges fazer, na verdade, eu nem tinha pensado em me colocar nesse papel. E a Alice me convenceu de fazer essa personagem. Tem sido uma experiência incrível, porque em muitos momentos eu realmente me sinto na pele da minha mãe, porque vem muitas memórias na minha lembrança”, comentou Claudia.

Como dito acima, a personagem não foi feita para Claudia, mas tanto a insistência de Alice Borges quanto a aproximação que Claudia tem com a história do personagem levou a atriz a se encorpar sobre a história. Outro detalhe que também assustou a atriz foi a questão de que na peça, os atores passeiam entre os anos 1970 e os dias atuais. Claudia tinha medo de interpretar uma pessoa com 70 anos de idade e também de não conseguir demonstrar a tristeza de uma doença como o AVC. Mas o medo fez apenas parte desse processo, porque Claudia realmente soube desenvolver essa personagem.

Assim como na maioria dos casos, o texto de Claudia também teve algumas adaptações por parte da diretora do espetáculo, mas a própria Claudia diz que as mudanças no original foram pequenas e que a direção de Alice Borges foi muito condizente com a proposta do texto original.

“A diretora do espetáculo foi realmente a melhor que eu poderia ter escolhido para dirigir essa peça. Ela foi muito fiel ao texto, ela não fez nenhuma adaptação no texto especificamente, mas ela conheceu muito profundamente a minha família, ela conheceu as histórias que estavam sendo contadas ali, ela conheceu meu pai, ela conheceu minha mãe, ela me conhece profundamente, e sabe tudo de teatro. Então, ela teve uma sensibilidade enorme para dirigir esse espetáculo. Ela fez do jeito que a história tinha que ser contada, com simplicidade, com leveza, com humor na hora certa e com toda carga dramática que o texto tem, ela soube pontuar esses momentos mais dramáticos.”, explicou Claudia.

As raízes familiares foram inspiradoras para Claudia no momento de escrever o texto, mas a sua fantasia e relação com a amizade também foram influenciadoras. No texto, a autora mostra claramente que a importância da amizade, sua simplicidade, honestidade e tantos outros atributos. Claudia também teve a intenção de mostrar a amizade entre um homem e uma mulher, porque ela sempre teve muitos amigos homens.

 

Serviço:

O espetáculo reestreou no dia 13 deste mês e vai até o dia 25 de julho, no Teatro Solar de botafogo, aos sábados e domingos, a partir das 19h e 21h. O ingresso está custando R$ 60,00 e a meia está em R$ 30,00. O local suporta 180 pessoas, e a peça é classificada para maiores de 12 anos.

 

 

 

 

 

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