10 de fevereiro de 2025

[ENTREVISTA] Apresentadora da GloboNews, Maria Beltrão, lança livro de estreia

(Crédito: Marcelo de Jesus)

Apresentadora do programa diário da GloboNews, Maria Beltrão, compartilha sua vida em “O Amor Não se Isola”, livro escrito durante a pandemia do COVID-19 e que surgiu curiosamente a partir de um desafio despretensioso de seu marido, numa tentativa de quebrar a rotina e estimular a criatividade.

Neste que é seu livro de estreia, Maria escreveu textos aleatórios, sem pautas definidas. Os escritos, segundo Maria, foram apresentados à uma amiga que se simpatizou e, então, surgiu a primeira intenção de transformar aquele diário em um livro.

“O Amor Não se Isola” não deve ser considerado um livro sobre a pandemia. Longe disso! Os textos da obra trazem uma reflexão sobre a vida em todas as suas dimensões. As crônicas trazem relatos extremamente pessoais e íntimos. O livro apresenta uma mulher apaixonada, inteligente, com muito conhecimento a ser compartilhado, e claro, o bom-humor que os assinantes da GloboNews já conhecem.

Além dessas características marcantes, o livro engloba histórias, casos e bastidores da TV, assim como conduz a uma viagem no mundo de Maria, com seus valores humanos quanto valores em relação a vida como um todo.

Interessante ressaltar, também, que o livro tem prefácio assinado por Octavio Guedes e a orelha, por Christiane Pelajo, colegas jornalistas da mesma emissora.

A seguir, você confere uma entrevista que a apresentadora cedeu para nós.

FICHA TÉCNICA:

Título: O amor não se isola – Um diário com histórias, reflexões e algumas confidências

Autora: Maria Beltrão

Editora: Máquina de Livros

Preço: R$ 42 (impresso) e R$ 27,90 (e-book)

Páginas: 128

Matheus Luzi – Primeiramente, obrigado por topar essa entrevista, Maria! Acho interessante você falar como surgiu a ideia deste livro.

Maria Beltrão – Eu que agradeço, Matheus, é uma grande alegria dar essa entrevista para a Revista Arte Brasileira. Bom, esse livro nasceu da seguinte forma: meu marido me propôs um desafio inspirado numa escritora americana, que falava que para despertar a criatividade era necessário fazer um exercício diário que ela batizou de “morning paper”. A ideia era escrever três páginas por dia, à mão, sem parar pra pensar, jorrando ali seus pensamentos para desbloquear o processo literário. E eu aceitei o desafio, assim como minha filha e também minha enteada. Começamos a escrever três páginas por dia. Mas nem imaginava que estava escrevendo um livro, e sim cumprindo um desafio. Depois, esses escritos começaram a ficar cada vez mais pessoais e eu abandonei o nome “morning paper” (não gosto de termos em inglês) e comecei a chamar aquelas páginas de “meu diário”. E lá pelas tantas, eu vi que estava escrevendo uma série de crônicas. Comentei isso com uma amiga, falei que estava fazendo um diário e li alguns textos. Foi então que ela falou: “Maria, será que não está na hora de você aproveitar esses escritos para lançar o livro que tanta gente pede para você escrever?”. Mas acho então que só consegui lançar porque não sabia que estava escrevendo um livro.

Matheus Luzi – Como foi escrevê-lo durante a pandemia? Quais foram as inspirações e adversidades?

Maria Beltrão – A pandemia me despertou a nostalgia. Ela fez com que eu refletisse o que é essencial na minha vida e o que é secundário. E percebi que o essencial é minha família, meus amigos, ou seja, minha rede de afetos. Foi essa rede que me inspirou a escrever. Naquele início da pandemia eu estava muito angustiada, não sabia quando voltaria a ver minha mãe ou meu tio de 97 anos. Foi por isso que eu fiz essa catarse literária, joguei minhas preocupações para fora. Mas foi muito bonito também, porque como a pandemia despertou a nostalgia, passou um filme da minha vida na cabeça e pela primeira vez olhei meu passado com muita simpatia. Gostei do que vi no retrovisor. Percebi a importância e a beleza de cada um desses capítulos da minha vida, mesmo naquilo que errei ou fracassei. Foi muito importante eu ter alegria com a minha nostalgia.

Matheus Luzi – Você tem pretensão de lançar outros livros?

Maria Beltrão – Não tenho pretensão nenhuma de lançar outros livros! Sempre acho que não tenho tempo de fazer nada além do meu “Estúdio I”, na Globonews. Mas quem sabe a vida não me surpreende de novo? Costumo dizer que não há nada mais aterrador do que uma página em branco. Eu escrevo todo dia para o meu programa porque tenho que fazer isso naquele momento e a adrenalina ajuda. Mas quando não me dão prazos, eu olho para aquela página em branco e não sai nada. Por isso, por enquanto eu devo dizer que não tenho pretensão de outros livros. Mas o futuro dirá.

“A pandemia me despertou a nostalgia. Ela fez com que eu refletisse o que é essencial na minha vida e o que é secundário.”

Matheus Luzi – O que você acredita ser mais impactante no livro?

Maria Beltrão – Interessante você perguntar sobre o que é mais impactante. Eu relutei muito em lançar esse livro porque me perguntava se essas coisas tão minhas e pessoais interessariam a mais alguém. Conforme as pessoas foram vendo o livro, percebi que o importante foi justamente essa identificação com preocupações e questões que são comuns a todos nós, especialmente nessa pandemia. O mais interessante foi que justamente numa página em que nada escrevi acabou sendo a página que mais falou. É que teve um dia, 15 de maio, em que por várias razões resolvi não escrever nada. É uma página em branco, em que botei apenas reticências. E o mais bonito foi ver como as pessoas preenchiam essa página. Teve o 15 de maio que foi o dia da morte de um parente querido de uma, ou foi o nascimento do filho de outra. Ou seja, aquilo que eu não escrevi foi o que mais gritou. Além disso, ouvi muita gente falar o seguinte: “Nossa, Maria, estamos acostumados a entrar no seu programa, mas com o livro entramos no seu lar. E descobrimos que você é a mesma pessoa, no profissional e no pessoal”. Outra coisa que surpreendeu as pessoas foi o fato de eu ser muito religiosa. Muita gente não sabia que eu ia sempre à missa, que rezava anto.

Matheus Luzi – Você tem alguma história ou curiosidade interessante para nos contar?

Maria Beltrão – O que me marcou muito foi a morte recente do Tom Veiga. Eu tinha escrito sobre o Louro José nesse diário, porque ele e a Ana Maria Braga foram muito importantes na minha vida. Minha filha, quando era neném, ficava absolutamente hipnotizada pelos dois. E quando ele se foi agora, eu pensei: ainda bem que escrevi sobre ele, que botei pra fora que ele estava na minha rede de afeto. Outra pessoa querida que também citei no livro e que morreu recentemente foi o Lan, grande caricaturista, especializado no Rio. Lan era um amigo, e que bom que deixei registrada minha admiração por ele. Eu levei um choque com essas duas mortes tão próximas, de pessoas que estavam tão presentes nesse meu primeiro livro.

Matheus Luzi – Fique a vontade para falar o que quiser.

Maria Beltrão – Eu queria dizer que esse é um livro sobre a alegria durante a pandemia. Não é um livro baixo astral, não é de desesperança. Pelo contrário, quem ler vai encontrar alegria e esperança, que espero que continuem a ser minhas marcas registradas até o dia em que eu for para o segundo andar.

“O que me marcou muito foi a morte recente do Tom Veiga. Eu tinha escrito sobre o Louro José nesse diário, porque ele e a Ana Maria Braga foram muito importantes na minha vida.”

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