11 de dezembro de 2024
Extras

A descolonização e africanização do disco de estreia de Nego Moura & Os Camarás

Os ritmos afro-brasileiros são evidências do disco de estreia do projeto mineiro Nego Moura & Os Camarás. Lançado pelo selo próprio, o Camará Records, o álbum de doze faixas tem objetivos muito claros: reverenciar a ancestralidade da cultura brasileira, homenagem a diversidade do povo brasileiro, e findar os preconceitos e as barreiras raciais e religiosas.

“O álbum ‘CAMARÁ’ é uma homenagem aos mestres da cultura tradicional brasileira, mestres de capoeira, da congada, ao povo brasileiro, ao povo negro. Camará é um ato de resistência”, destaca Nego Moura, vocalista e compositor da banda formada com músicos e produtores, que juntos são Os Camarás.

A temática armada socialmente não é sinônimo de sonoridades pesadas. Acontece o contrário. O álbum é dito como “afro pop e dançante”, produzido para dançar, tendo os ritmos negros mundiais como o funk, soul, houve, hip hop e trap em sua estrutura.

A faixa “reafricanizar” está disponível em nossa playlist “Brasil Sem Fronteiras…”

Confira as descrições das faixas

01 – Bença, Mãe
Abrindo o álbum, “Bença, Mãe” é um respiro que precede o desabafo!
Um ato de amor e respeito aos meus Ancestrais, representados pela minha mãe, que é meu canal condutor de início da minha caminhada aqui na Terra! É também um recorte que ilustra a saída truculenta dos nossos antepassados da África.
02 – Salve a Macumba
É necessário evidenciar e sedimentar a potência da nossa cultura ancestral.
Desmistificar termos, palavras e rituais é o nosso ponto de partida. Sugerir e aguçar a percepção para novos olhares pautados na obviedade dos fatos! É preciso libertar o pensamento! Descolonizá-lo!
03 – Reafricanizar
Reafricanizar é a resposta aos meus pedidos regados a angústia em um momento delicado dentro do período das incertezas que a pandemia nos trouxe!
Um momento onde experimentei como nunca minhas conexões Ancestrais! Eu perguntei ao meu “Pai Ogum” qual caminho deveria seguir e ele ao me responder foi certeiro: “A luta está apenas no começo”!
04 – Pra Sorte do Branco
Uma homenagem aos nossos pares vivos, nossos Mestres da cultura popular! Mestres de capoeira, folia de Reis, Congada, Moçambique, mestres que carregam e propagam os conhecimentos ancestrais!
Mais do que isso, a faixa é um manifesto anti racista declarado e direto!
05 – Tambores
Tambores é um desabafo pessoal que expõe minha indignação com os resultados de uma má gestão pública. A música é um chamado para uma revolução silenciosa explicitando a força do coletivo buscando um levante popular contra quem nos oprime.
06 – Okê Arô
A música é uma reverência ao orixá Oxóssi e toda sua falange dentro da Umbanda que reverencia e enaltece os caboclos e povos originários!
Um clamor pessoal ao Orixá, já que ele é o senhor da prosperidade e provedor da fartura.
07 – Vela Preta
A canção fala de forma implícita sobre o antagonismo entre a vida e a morte.
É um relato sobre a importância de Exu na caminhada, auxiliando nossa evolução na Terra.
08 – Laroyê
Laroyê é um ponto de Exu que fiz pro terreiro que frequento e que tornou-se uma linda música, que fala a real sobre a falange de Exu e seu propósito no auxílio da nossa caminhada na Terra e na transição para o mundo espiritual
09 – Gradecê
A música fala da importância em “Gradecê” nossa ancestralidade, pois, muitos tiveram que morrer para que estivéssemos vivos e ocupando os espaços que ocupamos nos dias atuais. É a música que usamos como instrumento de agradecimento aos nossos antepassados!
10 – Camarada Meu (Nas Voltas Que o Mundo Deu)
A canção fala da importância do tempo em nossas vidas e a força da construção sincera. Fala do tempo como aliado, dos ajustes naturais que nossa caminhada nos proporciona para que a passagem pelo plano material seja leve e coesa.
11 – Camará Remix
Camará Remix é uma releitura do primeiro single que lançamos, trazendo à tona a nova linguagem estética musical incorporada em toda obra, mesclando o passado, presente e futuro em texturas sonoras híbridas alicerçadas pela letra que enaltece e expõe a grandeza e magnitude dos terreiros e casas de axé.
12 – AfricaBeat
A canção instrumental é uma analogia que remete a volta pra casa, o retorno a África e a celebração deste retorno.

A faixa “Africanizar” está disponível em nossa playlist “Brasil Sem Fronteiras…”

FICHA TÉCNICA

Autor: Allisson Vieira
Selo: Camará Records
Compositores Convidados: Bruna Mota Fanuchi/Tamara Franklin/Pri Rennó
Intérpretes: Nego Moura & Os Camarás
Produção Musical: João Paulo Fubá e Breno Oliani
Mixagem e Masterização: João Paulo Fubá e Breno Oliani
Produção Executiva: Chiara Carvalho e Pri Rennó
Arte: Rodrigo Bianchi
Fotografia: Giulianne Martins
Feat: Tamara Franklin/Japa System/Mista Luba/ Pedo Cezar/Padú
Músicos Convidados: Mununu, Primo Liboni e Renato Felipe
Os Camarás:
Nego Moura – Voz
Fubá – Programação, Beats e Voz
Breno Oliani – Contra Baixo
Giuliano D’Onófrio – Percussão
Guilherme Dias – Guitarra e Voz
Lagunaz – Guitarras Psicodélicas e Voz

administrator
Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.