Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Esta é uma lista de novidades mensais, com músicas novas, quentes, diferentes. A seleção é eclética, serve para todos os gostos. É importante ressaltar: que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra; essa lista é atualizada diariamente, até o encerramento do mês.
Álbum de estreia de Julio Meloni tem “aura de filme de ficção científica e é quase um delírio musical”
– Em resumo, o que é este álbum? Qual seu conceito? “Herdeiro da Lua” é meu álbum de estreia, são 10 músicas originais, todas compostas por mim. A lua é a grande musa inspiradora. Junto com ela, exploro as faces da noite e da cidade. São Paulo é figura onipresente na minha criação, já que muita música surgiu através de suas noites, nas mesas de seus bares e nas sombras de suas ruas.
Com “Herdeiro da Lua” quero tirar todo mundo para dançar. Proponho um álbum sensorial que desperte nas pessoas as mesmas sensações que a noite nos provoca: excitação, êxtase, vontade de extravasar, mas também existe o outro lado da noite, a procura insaciável, a solidão e o medo. Falo a respeito da noite que habita festas e baladas, agitação das ruas, calor, a lua é a testemunha de tudo que acontece. “Herdeiro da Lua” é um disco com aura de filme de ficção científica, é quase um delírio musical.
– Aprofunde sobre a sonoridade das faixas e o conceito musical delas. Sempre ouvi muito (e continuo ouvindo) Depeche Mode, Pet Shop Boys, A-ha. O álbum “Tropix” da cantora brasileira Céu fez minha cabeça logo de cara. Isso tudo determinou as referências que fui buscar para compor o álbum “Herdeiro da Lua”, que é na verdade um flerte entre o indie eletrônico contemporâneo e o synth-pop dos anos 80.
Timbres espaciais, sintetizadores robóticos, Kraftwerk, Eurythmics, Tame Impala, o clássico álbum “Fullgás” de Marina Lima. Cada um desses diferentes elementos, e tantos outros, influenciaram as ideias que eu tinha para a sonoridade do álbum. Ideias que foram muito bem personificadas nos arranjos de Kaneo Ramos, cheios de personalidade. Já a mixagem precisa de Iran Ribas trouxe pulsação e brilho às faixas, fazendo a matéria-prima virar música. Iran e Kaneo são os produtores musicais do álbum.
– Indique alguma(s) faixa(s) para servir de cartão de visita ao álbum. Sou suspeito para falar (risos), mas quando escuto o disco com certo distanciamento, vestindo a pele de um ouvinte, gosto do resultado de todas as faixas, mas vou destacar algumas: “Bossa Quase Nova”, meio enigmática, meio sensual. Gostam bastante da atmosfera da “Longe Daqui”. No quesito baladinha de amor, “Seu Esconderijo”.
Também fazem parte do álbum os singles lançados entre julho de 2022 e junho 2023: “Ainda Descubro”, “Visão Sideral”, “Elementar” e “No Bar da Lua”, que conta com a participação da cantora libanesa Tania Saleh.
Os clipes dos singles “Ainda Descubro”, “Visão Sideral” e “No Bar da Lua” estão disponíveis no meu canal no YouTube Já o videoclipe da faixa-título “Herdeiro da Lua”, inspirado em filmes B de ficção científica, das décadas de 1950 e 1960, estreou no dia 17 de setembro, como aquecimento para a estreia do disco.
Para me achar nas redes: @jm.juliomeloni
– Há alguma história ou curiosidade interessante sobre este lançamento que você queira destacar? De repente, girando no céu da cidade, a lua cheia se transforma num imenso globo espelhado e começa a lançar seus raios brilhantes pelos quatro cantos, fazendo todo mundo dançar. Essa cena me acompanhou durante todo o processo de criação do álbum. Ela resume a ideia que me inspirou e acabou traduzindo em imagem aquilo que eu imaginava como música.
Gosto de escrever letras que possam ser facilmente transformadas em imagens. Além de cantor e compositor, trabalho há vários anos como roteirista de cinema. Acho que por isso criei uma espécie de tema central que nos conduz pelo mundo desse herdeiro da lua que é um cantor. Quero que as pessoas entendam a história que estou contando e cantando. É como se cada uma das músicas, cada uma das faixas fosse uma cena.
Outra curiosidade: o “bar da lua” existe e fica na rua Augusta (risos). Foi nesse bar que compus a música “No Bar da Lua”.
– O que este álbum diz sobre sua carreira? “Herdeiro da Lua” me coloca no cenário. É com ele que me apresento ao público, é o abre-alas da minha estreia como cantor e compositor.
Ele sou eu, nele tem um pouco de tudo que escuto, de tudo que leio, que gosto, do quero falar para as pessoas. É o convite pra gente se conhecer melhor.
Cresci ouvindo Gilberto Gil e Rita Lee. Meu gosto musical passa por trilhas de novelas, Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, vai de Madonna a Nat King Cole, do samba a Thomas Dolby, Kid Abelha, Mahmundi e muitos mais… É nessa anarquia de estilos que eu me descubro como compositor. “Herdeiro da Lua” nasce desse turbilhão.
Esse meu primeiro álbum também representa desafio. É uma produção independente. Temos que driblar a dança dos algoritmos, fazer as músicas alcançarem o maior número de pessoas, todo dia tem alguma coisa nova para aprender.
Resposta de Julio Meloni
Algumas faixas estão disponíveis temporariamente nas playlists “Brasil Sem Fronteiras…” e “MBIA – Música Brasileira Indefinida e Alternativa”
Um olhar apaixonado é registrado na canção “Nós”, da banda Farsantes?
– Em resumo, o que é esta música? Nossa canção “Nós” abre o disco “Nem Indie Nem Pop” e retrata o encanto em uma relação que se inicia, descrevendo o mundo aos olhos de um apaixonado, trazendo a esperança de dias ainda melhores, como na frase “A cidade vai ficar mais bela”. As músicas do álbum “Nem Indie Nem Pop” subsequentes tratam exatamente do esfriamento dessa esperança, do questionamento do futuro, de refazer os sentimentos pelo que se viveu e, ao final, vem a decisão de um novo início (música “Recomeço”). Pretendíamos um álbum conceitual, que se iniciou com a canção “Nós” seguida pela demais músicas mostrando o transcorrer do relacionamento.
– Qual a mensagem? A mensagem na música está condicionada ao olhar de um apaixonado em início de um relacionamento, esperançoso por dias melhores. Ele está encantado e idealiza o mundo a partir de estar “embriagado de um amor à queima roupa”. O vídeo da música, todo em animação, já aprofunda essa história mostrando que o amor é recíproco, mas as duas pessoas vivem em mundos diferentes. Veja que o pintor está em mundo preto e branco pintando uma mulher em um quadro colorido, acompanhado de seu cachorro “levado” e ela, por sua vez, ao final do vídeo está exatamente finalizando um quadro, ou melhor, uma retratação do pintor e seu cachorro num mundo preto e branco de giz carvão. O mundo colorido da mulher é construído aos olhos do pintor em seu mundo preto e branco, mas ao mesmo tempo o mundo preto e branco do pintor é construído pela mulher em seu mundo colorido.
– Como surgiu esta composição? Surgiu quando um de nossos amigos da banda à época, o Ronaldo Januário (que fez várias apresentações conosco, na gaita e backing vocals) passava por um momento difícil e iniciou uma letra idealizando uma letra aos olhos de um apaixonado. O Fred Nogueira (parceiro em várias composições do início da banda e que fundou os “Farsantes?” junto comigo e com o Olavo) começou a fazer a música e eu, Marcio, ajudei também finalizando a composição, além dos demais amigos da banda que ajudaram a lapidar a canção. Era para entrar no primeiro álbum, mas não achávamos ainda pronta. Demorou bastante para amadurecer. A melodia de introdução que era feito no baixo, por exemplo, passou a uma melodia de caixa de música. Talvez a música que gastamos mais tempo produzindo.
– E sobre a sonoridade/musicalidade, o que você pode dizer? Difícil falar da sonoridade. Tentamos apenas fazê-la o mais doce possível, acrescentando muitas linhas melódicas, o que pode ser visto nas cordas do Fox Brito. Alguns que ouviram (inclusive profissionais de estúdio) pensam que há teclados, mas todos os sons foram feitos com instrumentos de cordas. O Diogo canta ela bem suave e ao final, em tom “messiânico” impõe: “A cidade vai ficar mais bela!” … “E nós!”. Parece um pouco aquela história da música que engana o ouvinte, pois ao mesmo tempo que achamos no começo ser um sentimento nobre de amor, ao final, talvez, seja alguém querendo impor seu sentimento ao que deve ser. Ao mesmo tempo que é doce, pode ser perversa e indicar que brevemente será uma desilusão amorosa (risos). Ah, tivemos a ideia de colocar crianças cantando ao final e levei meus filhos, Marjorie (7 anos) e Pedro com (2 anos), à época para cantar “a cidade vai ficar mais bela”. Helena não era nascida ainda e hoje em dia faz desenhos que animamos para trechos de música em nossas redes sociais. Resultado ficou bem bacana (risos)
Nos shows sempre nos surpreendeu o engajamento que ela tinha, antes mesmo de gravarmos. Se eu te mostrasse, por exemplo, o que sessenta pessoas diferentes do mundo da música (produtores, jornalistas, influencers, curadores de playlists, etc.) acham e aos músicos que relacionam (tenho tudo registrado), talvez você se surpreendesse pela diversidade de sentimentos e classificações. As pessoas têm uma necessidade de classificar, talvez pela visão de mercado e saber classificar o público. Podem nos classificar do jeito que quiserem (risos), não nos importamos com isso. O que na verdade eu (Marcio) penso é que depende do momento que a pessoa ouve, da visão de mundo dela, onde ela está, qual o sentimento no dia do contato da música. Percebo que poucos se dispõem ou se interessam realmente a escutar a música e ver o vídeo. Esse é o carma da música independente (risos)
– Como o vídeo representa o conceito da música? O vídeo aprofunda um pouco a história da música. Dá mais uma camada. O início da letra mostra uma relação que se iniciou em seus primeiros dias aos olhos de uma pessoa apaixonada. A letra idealiza um amor, o que se percebe já no meio da letra, como se ele existisse de fato. Nesse espaço (gancho) o vídeo entra. O apaixonado, encantado pinta o quadro do jeito que ele vê a pessoa por quem se apaixonou, mas, ao final do vídeo, há uma surpresa e entendemos tudo o que se passou (as peças se encaixam), pois a mulher o vê diferente, pintando um quadro sob a perspectiva de como ela vê o pintor e o cachorro. Ainda há dúvidas quando os dois pintores ao final decidem fazer o sorriso um do outro em seus quadros. Ah, e não podemos nos esquecer que no vídeo a banda está presa entre esses dois mundos, o mundo do pintor e o mundo da pintora (risos).
Respostas do baixista Marcio Cattein
Disponível temporariamente nas playlists “Novidades do Rock e do Pop Rock Nacional” e “Brasil Sem Fronteiras…”
Em single politizado, Ka’Amutuma contraria os exploradores em defesa da selva, do homem e do planeta
– Em resumo, o que é esta música? Além de nosso single de estreia, “Ka’Amutuma” (significa “madrugada” em Tupi Antigo) é uma declaração do porquê viemos e pra quem tocamos.
É o nome do grupo. É a primeira composição pensada para este projeto. É uma das mensagens que mais nos cabe lançar aos cantos desse país numa fase de exploração que nos guia a um caminho sem volta em termos climáticos, sociais e políticos.
– Qual sua mensagem? A letra pode ser entendida de duas formas:
Na visão explorado, critica a facilitação, os efeitos e os meios de imposição pela força vindos de grileiros, garimpeiros, madeireiras e toda uma indústria que não só faz vista grossa a essas práticas – além de lobby – como também segue faturando com todo esse sangue.
Na visão do explorador, é como se quem canta se alegrasse em reportar o que narra, tal como um chamado de ação aos seus. Afinal de contas… pelas tragédias que ainda vemos acontecer – seja pelas execuções de Dom Phillips, Bruno, Vitorino Sanches ou Maria Bernadete – se houve uma guerra pela madrugada e a paz veio quando o sol raiou (ainda que momentaneamente), ela veio pra quem?
– Fale sobre a sonoridade do single. A ideia para esse single foi criar um som que misturasse uma atmosfera de uma música brasileira setentista – nos moldes do selo Tapecar – mas que soasse mais moderna, ainda que os temas abordados façam sentido em ambas as épocas.
Em relação aos principais ritmos que se complementam, posso dizer com certeza que há um tanto de baião no violão, um tanto de maracatu na cozinha, e um tanto de ijexá na parte do “para a lama, presidente!”.
– Falem sobre o grupo. Composto por Gabriel Bulgarelli (letrista e vocalista), Caio Maximo (violonista), Fernando Tomimura (baterista) e Pedro Ferreira (baixista), o grupo foi Idealizado em 2021 com o reencontro dos músicos que se conheceram enquanto estudavam no Conservatório Souza Lima (São Paulo) anos antes, mas só foi formado em 2023.
A Ka’Amutuma surgiu principalmente como um meio de dar vida às composições tanto com temas mais políticos quanto pessoais – letradas ou compostas por Gabriel – que começaram a tomar forma a partir de 2019 durante o governo passado através de um processo de composição que misturou indignação, energia criativa e a necessidade de colocar toda uma aflição para fora.
Respostas de Gabriel Bulgarelli (letrista e vocalista)
Disponível temporariamente na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
“Caminhando para a luz, mas ciente da necessidade da dor”; é esta a inspiração do novo single de Drio
– Em resumo, o que é esta música? “Equinócio” nasceu no dia 22/09/22, dia de equinócio de primavera no hemisfério sul. É a terceira faixa do álbum “Caleidoscópio: Segundo Giro”, lançado no equinócio deste ano. Como todo o álbum, a simplicidade dos arranjos serve para dar maior ênfase à poética da letra.
– Qual sua mensagem ao mundo? A música fala da transição de um período frio e escuro da vida para uma fase mais clara e calorosa, mas com o entendimento de que ambas as partes são necessárias nesse grande giro que a nossa vida faz. Ela nos convida a olhar as sombras e as ilusões para dar valor à luz e às possibilidades.
– Quais referências musicais encontramos nesta música? Pato Fu, Zélia Duncan, Paralamas do Sucesso, Skank, Tom Zé e uma pitada de Yann Tiersen, por conta da escaleta.
– O que este lançamento diz sobre sua carreira? Este segundo EP da minha carreira me enche de orgulho por ser perceptível a evolução musical quando comparado ao primeiro, ainda que ambos tenham sido produzidos no estilo Faça Você Mesma. Para mim, principalmente por ser artista mulher, simboliza uma vitória de comprometimento comigo e com o que tenho prazer em fazer. O show de lançamento deste segundo EP foi uma experiência mágica, pois creio que as letras trazem uma força que preenche o ambiente. Com isso, espero que as mensagens do EP possam também servir de incentivo para pessoas que, como eu, se acham velhas demais para seguir seus sonhos.
Respostas de Drio
Disponível temporariamente na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Muito bem acompanhado, Luiz Simas faz salada sonora na instrumental “Out Of The Red”
Em resumo, o que é esta música? – Um progrock-sambamoderno.
Há alguma mensagem por trás do instrumental? – Nada é impossível.
Quais referências musicais encontramos nesta música? – Rock progressivo, samba moderno, bossa, jazz, clássico.
O que este lançamento diz sobre sua carreira? – Sempre experimentando, criação sem limites, sem fronteiras.
Respostas de Luiz Simas
Disponível temporariamente na playlist “Apenas Instrumental BR”