6 de outubro de 2024
Google News Lupa na Canção

Sivuca troca sanfona por piano; Belga-brasileiro declara amor ao RJ-Lisboa-Almada; Sons afros por Gil Felix; Samba de Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro versão 2024; Um pop rock aos radicalmente apaixonados [lupa na canção #33]

Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Bem vindos ao Lupa na Canção!

Esta é uma lista de novidades lançadas recentemente, de diferentes temáticas e gêneros musicais. Dificilmente você verá no Lupa canções do mainstream. A ideia é apresentar com uma “lupa” coisas novas e alternativas aos grandes sucessos, afinal é este uma das missões da Revista.

É importante ressaltar que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra.

Sanfona de Sivuca é piano em álbum de releituras/homenagem da cantora Claudia Castelo Branco; “Amor Verdadeiro” é a faixa que indicamos

Imagine que tem que apresentar este lançamento á alguém, o que diria?

A canção “Amor Verdadeiro” é uma das faixas do álbum Viva Sivuca, lançado em maio de 2024 pela artista Claudia Castelo Branco. O álbum é uma homenagem ao grande compositor Sivuca, com a intenção de mostrar algumas músicas de seu repertório que ainda não alcançaram a mesma visibilidade de “Feira de Mangaio”, por exemplo. A intenção do álbum também é trazer a essência da sanfona de Sivuca para dentro do piano, trazendo versões bem originais de uma abordagem sofisticada e criativa para suas músicas.

Como você enxerga a música original do Sivuca? 

A música de Sivuca é riquíssima tanto em termos de complexidade quanto de diversidade de estilos. Ele escreveu, além das músicas mais tradicionalmente conhecidas como “regionais”, muitos choros, valsas e bossas, flertando também com o jazz. Além de peças orquestrais, pois tinha a intenção de levar a sanfona, um instrumento que ainda sofria e sofre muito preconceito, para salas de concerto. 

Por que resolveu gravá-la? 

Me identifico muito com a obra de Sivuca por ser eclética e expressar muito do Brasil de diversas formas, além de ser sempre um convite para mesclar diferentes tradições musicais. Tenho uma admiração enorme pela música do nordeste, principalmente da Paraíba (onde nasceu Sivuca) e de Pernambuco (onde ele morou e se profissionalizou) e uma vontade enorme de trazer a essência rítmica e lírica da sanfona para dentro do piano. 

O que sua versão traz de inovação? 

Primeiramente, escolhi gravar Sivuca sem usar a sanfona, o que me trouxe uma série de desafios. Quis que todo sentimento viesse através do piano, abraçado pela percussão de Marcos Suzano e pelo baixo de Fred Ferreira, que tiveram uma liberdade grande de construir essa sonoridade comigo.

Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?

O disco foi gravado praticamente ao vivo, em poucos takes, e em apenas 3 dias. Tudo foi sendo testado no estúdio e gravado logo em seguida. Depois, na edição gravamos alguns instrumentos adicionais, mas toda a estrutura foi gerada num encontro intenso e muito fértil.

Respostas de Claudia Castelo Branco

Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”

Gravada em colaboração transcontinental, música composta pelo belga-brasileiro Michel Tasky é uma declaração quente de amor ao Rio de Janeiro e as cidades portuguesas de Lisboa e Almada

Escreva a melhor sinopse desta música.

“Volta ao Tempo” é uma Marcha-Rancho saudosista da autoria de Michel Tasky, belga naturalizado brasileiro e agora radicado em Lisboa, que conta com a participação da Nani Medeiros, gaúcha radicada em Lisboa e cantora de samba-canção e fado, além do arranjo primoroso da Elodie Bouny, musicista franco-boliviana de alma brasileira radicada em Lisboa.

O que esta Marcha-Rancho retrata em sua letra?

“Volta ao Tempo” fala da vontade de viver em dois lugares ao mesmo tempo. O Rio de Janeiro e Lisboa. A letra cita os lugares, momentos e encontros musicais que definem a paixão pelo Rio, mas também por Lisboa e Almada. Talvez um eterno verão em cada cidade soa como um paraíso na terra.

Musicalmente, qual a ideia de “Volta ao Tempo”?

Inicialmente pensada numa estrutura de choro, acabou sendo naturalmente adaptada como uma marcha-rancho por causa da saudade que ela contém e de elementos bem característicos da Marcha-Rancho. A passagem de menor para maior enfatiza um momento de alegria carnavalesca antes de voltar para um aconchego mais saudosista.

O que este lançamento diz sobre você, Michel Tasky?

Um bom geminiano queria ter duas vidas e viver uma em cada cidade, isso é bem claro. Morei 30 anos no Rio de Janeiro e sinto falta da cidade até hoje. Acho que esta música é uma declaração de amor ao Rio como também a Lisboa e Almada onde resido atualmente. As cidades têm muito em comum mesmo sendo bem diferentes e é engraçado que me sinto carioca em Lisboa, e não belga.

Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?

Esta música é transcontinental em todos os aspetos. Um pianista argentino, sopros portugueses e cariocas, um violonista paulista, um percussionista pernambucano, uma participação na voz gaúcha e um compositor-cantor belga e brasileiro. Sem esquecer a arranjadora franco-boliviana, o estúdio de gravação português e a mixagem e masterização carioca. Ou seja, até hoje é a música mais diversa que já gravei.

Respostas de Michel Tasky

Disponível na playlist “MPB – O que há de novo?”

Recôncavo Baiano, afrobeats, vibrações angolanas, África… conheça o novo single de Gil Felix, artista brasileiro radicado na Suécia

Então, Gil Felix, como você descreveria essa nova música Sambuê para nós?

“Sambuê” é o primeiro single do meu novo álbum “Ubalafon”, que será lançado em setembro. Aqui eu exploro as raízes da cultura regional do Recôncavo Baiano, onde o congolês e o soukous estão muito presentes, e também as vibrações angolanas. O que mais me inspirou foram todas as novas batidas que surgem em Lagos, na Nigéria, os chamados Afrobeats, e acho que dei um tempero a elas, criando uma espécie de groove transatlântico dançante e mais quente.

“Sambuê” é uma canção que veio para mim com uma mensagem panafricana muito calorosa. O que me inspirou é a variedade e a riqueza das expressões musicais em Salvador da Bahia. Aqui você pode encontrar e ouvir ícones afro-brasileiros como Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Ghandy e Carlinhos Brown nas ruas, e eu os homenageio todos nesta canção.

Isso também me levou às raízes da África Oriental de todos os humanos. Você pode ouvir um pouco de swing suaíli nas letras, e eu tento ancorar a canção na tribo Samburu do Vale do Rift, o berço da raça humana.

A jornalista musical e autora do livro “Música Brasileira”, Åsa Veghed, disse sobre este álbum: “O vai e vem da música africana através do Atlântico, remodelando-se e transformando-se, é evidente na música de Gil Felix. O novo álbum tem tanto alma quanto o característico suinge do Brasil!”

Como você capturou esse vai e vem transatlântico da música?

Eu conheci o Afropop pela primeira vez quando vim para a Europa nos anos 80. Foi um despertar para mim, o que Salif Keita e outros faziam naquela época. Eles levaram a África para o mundo e inspiraram a diáspora em todos os lugares. Desde então, tenho misturado a inspiração que eles me deram com a minha própria música.

Você é baiano, mas vive na Europa. Conte-nos sobre o processo por trás do lançamento.

Eu estou baseado em Estocolmo, Suécia, e tive o privilégio de receber algum apoio do Conselho de Cultura da Suécia, então o álbum foi gravado tanto em Estocolmo quanto em Salvador da Bahia. A banda é tricontinental, com músicos extraordinários da Suécia, Brasil, Moçambique, França, etc., e o mestre do som baiano Nestor Madrid colocou seu toque mágico na mixagem para a excelência. Nós lançamos pelo Mills Records no Rio de Janeiro e estamos muito felizes por ter essa oportunidade de continuar o vai e vem da música através do oceano. Adoraríamos alcançar um encontro cultural e musical para a alegria mútua e compreensão da rica história da humanidade. Dançando! Isso seria maravilhoso!

Respostas de Gil Felix

Samba “Consideração” de Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro recebe um “olhar século XXI” com Roberto Seresteiro & Regional

Escreva a melhor sinopse desta música.

Esse é um samba de Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro, lançado originalmente em 1975, e lançamos essa releitura em 2024, com arranjo de Lucas Arantes, e com o regional formado por Junior Pita (violão), Wesley Vasconcelos (violão de 7 cordas), Vitor Casagrande (bandolim), Lucas Arantes (cavaquinho), Pedro Pita (percussão) e Rafael Toledo (pandeiro). O intérprete é o cantor Roberto Seresteiro. 

O que este samba retrata em sua letra? Qual sua mensagem?

A letra fala sobre uma relação de paz e gentileza na relação dos indivíduos com a cidade. Dentro de tempos tão nebulosos e caóticos, é preciso um pouco mais de consideração para ter mais harmonia e paz. Uma canção assumidamente saudosista, clamando pelos antigos valores em nossos tempos modernos.

Musicalmente, qual a ideia de “Consideração”?

Musicalmente, “Consideração” é um samba tradicional, à moda antiga, mas que tem um quê de modernidade. É para se ouvir em 2024, mas pensando nas belezas de antigamente. 

O que este lançamento diz sobre você, Roberto Seresteiro?

Eu sempre gostei de cantar essa música na noite de São Paulo, pois acho um samba bem paulistano e que fala de paz, amor e saudosismo, e o compositor Eduardo Gudin sempre me incentivou a gravá-la. Então chegou o momento!

Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?

Acho interessante destacar o belo arranjo musical, com o regional tocando de forma tradicional e elegante, e os vocais bem suaves, como pede a letra e a harmonia da canção. Espero que gostem.

Respostas de Roberto Seresteiro

Disponível nas playlists “O Samba do Século XXI – Novos Lançamentos” e “Brasil Sem Fronteiras…”

POP ROCK: Em “A Cidade Sumiu”, Cadu Pereira canta o êxtase de um beijo radicalmente apaixonado

Escreva a melhor sinopse desta música.

A música é sobre um beijo roubado capaz de fazer tudo em volta desaparecer. O tempo parado, o suor nas mãos e a ilusão de que tudo vai durar pra sempre. Uma letra capaz de traduzir uma sensação única que muitas pessoas já experimentaram. A trilha perfeita para uma paixão arrebatadora!

O que você retrata na letra, o que ela diz, que momento retrata?

Acredito que a letra dessa canção é bem literal, o que não descarta a poesia contida nela. Gosto muito do resultado, que combinado com a música, passa a sensação proposta.

Como o clipe fortalece esta mensagem?

O clip revela um casal apaixonado em cenas suaves com um leve slow motion que dá uma sensação de leveza e sonho. A química dos dois reforça a conexão e a paixão intensa que faz o resto em volta desaparecer.

Descreva como esta música surgiu.

Meu processo de composição é quase como uma psicografia. Normalmente vem um insight, uma fala ou uma ideia, que já me desperta pra uma melodia e daí em diante a letra e a melodia costumam vir de forma instantânea. Quando preciso trabalhar muito uma letra, normalmente ela acaba não acontecendo. As melhores vem assim, de uma vez. Depois faço uma pré-produção em casa antes de levar para o Fontanetti, meu produtor. No estúdio, ele apara as arestas e define melhor cada trecho da canção colocando tudo no seu lugar.

Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?

Esse lançamento marca uma nova fase na minha carreira. O primeiro disco, de 2020, é um apanhado de hits que eu já tinha escrito ou trabalhado ao longo do tempo. O Segundo álbum, “Vendo o Mundo”, é bem complexo e cheio de questões existenciais que me invadiram no período da pandemia.

Agora, “A Cidade Sumiu” me traz de volta a leveza e a outras ideias mais ensolaradas, é a primeira de uma série de canções que virão nessa pegada.

Respostas de Cadu Pereira

Disponível nas playlists “Novidades do Rock e do Pop Rock Nacional” e “Brasil Sem Fronteiras…”

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.