Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Bem vindos ao Lupa na Canção!
Esta é uma lista de novidades lançadas recentemente, de diferentes temáticas e gêneros musicais. Dificilmente você verá no Lupa canções do mainstream. A ideia é apresentar com uma “lupa” coisas novas e alternativas aos grandes sucessos, afinal é este uma das missões da Revista.
É importante ressaltar que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra.
Vini de Groove promove o encontro entre o Bumba-Meu-Boi e o Chorinho; conheça a brasilidade da instrumental “Boi da Resiliência”
Vini de Groove é um artista que muito conhece as culturais musicais e artísticas brasileiras. “Boi da Resiliência” é um produto desta imersão de dez anos em estradas que o proporcionou tal convívio. A música “é uma interpretação instrumental do ritmo brasileiro Bumba-Meu-Boi, que se origina no estado do Maranhão, no norte, fundido com o ritmo do Chorinho. Chorinho era originalmente a maneira pela qual os músicos brasileiros interpretavam os ritmos portugueses que vieram da Europa antes que ele eventualmente evoluísse seu som distinto e se tornasse seu gênero próprio. Com isso em mente, compus uma melodia para o ritmo do Bumba-Meu-Boi dentro da estrutura da música do Chorinho.”, contou Vini.
“Boi da Resiliência” é uma música de sonoridade curiosa e bem arranjada. “Embora originalmente para violão solo, ouvi a seção completa de percussão do Bumba-Meu-Boi na minha cabeça e, com a ajuda de um amigo que tinha um pandeirão, tambor onça e matracas, consegui capturar isso na gravação. Eu queria abrir a melodia e acentuar o timbre agudo também e tive a sorte de ter um amigo com um bandolim que peguei emprestado para gravar. Para dar um toque final, tendo sempre amado o som metálico e orgânico do birimbau, pareceu perfeito dar uma profundidade sutil à percussão.”
Com este som, Vini tem pretensões a serem louvadas. “O produto final é uma paisagem sonora distinta que captura o sentimento de resiliência e perseverança. Isso, junto com o árduo processo de quatro anos de manifestar a ideia em realidade, é o motivo pelo qual escolhi o título, Boi da Resiliência. Embora o Bumba-Meu-Boi não seja muito conhecido mundialmente, sinto que o Boi da Resiliência tem um vasto potencial para despertar o interesse dos amantes da música em todo o mundo, por sua vez, lançando mais luz sobre a já radiante cultura brasileira. É a minha maneira de retribuir algo a este país que me deu tanto. Com sua ajuda, espero espalhá-lo pelo mundo todo e encontrar o público que apreciará meu som e a história por trás dele.”
“Boi da Resiliência” é a quarta faixa do seu novo EP, “Boi Transmute”, mas foi lançada anteriormente como single. Além deste trabalho, Vini tem mais sete singles e o álbum “Vini de Groove”, de 2021.
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
MINI ENTREVISTAS
Bruna Black dá voz às composições do novo álbum do estadunidense John Finbury; cá apresentamos a faixa “Para Me Entender”, com letra de Alexia Bomtempo
Como você pode definir a música, em poucas palavras?
Você está perguntando o que eu penso sobre o significado da letra? O título da música se traduz: “Para me entender”.
O que diz a letra?
Para mim, as letras de Alexia [letrista de “Para Me Entender”; John Finbury é o compositor] são uma bela exploração dos desafios de compreensão e conexão em um relacionamento. “Para me entender você terá que se perder na infinidade de quem eu sou, não há segredo.”, o que me lembra “Eu contenho multidões” , de Walt Whitman.
Como e por que esta música surgiu?
Perguntei à Alexia se ela gostaria de colaborar e escrever letras para algumas das minhas músicas; enviei a música para ela e ela escreveu a letra desta música, assim como do outro samba (“Nosso Cais”) do álbum.
O que essa música diz sobre o álbum do qual faz parte?
A música é consistente com as músicas brasileiras tocadas por mestres do jazz e cantadas pela fabulosa Bruna Black, que canta todas as músicas do álbum – mesma banda – mesma cantora, jazz brasileiro e, neste caso, um samba. Eu, John Finbury, fui apresentado a Bruna Black por seu produtor, Emilio D. Miler.
Respostas de John Finbury, compositor da música de “Para Me Entender”
Disponível nas playlists “MPB – O que há de novo?” e “Brasil Sem Fronteiras…”
Marina Santos, brasileira que vive na Suíça desde criança, apresenta a música “O Sol Não Bate Na Minha Janela”
Como você definiria esta música?
Como uma manhã de verão. Eu sei que no Brasil as temporadas não se ressentem muito. Pelo fato de eu morar na Europa, sinto.
O que diz a letra e qual sua mensagem?
A letra fala da melancolia de um amor perdido. Com a esperança que ele volte um dia. Escrevi a parte dois dessa música, quem sabe é a próxima? Saberemos se esse amor voltou ou não.
Como e por que surgiu esta música?
Escrevi “O Sol Não Bate Na Minha Janela” quatro anos atrás durante a pandemia. Somente agora que liberei ela para o mundo. Durante todos esses anos ela foi meu segredo. Acho que o sol tinha-me acordado às 6h da manhã e era a primeira vez que me dei conta que ele não batia muito na minha janela. Foi assim que a ideia surgiu.
Achei interessante a fotografia da capa. O que ela representa?
Onde moro, o sol não bate na minha janela pois os outros prédios o impedem. Sobre as fotos, pedi para três amigos me ajudarem. Tirei a foto da capa na janela da minha cozinha, pois ali o sol não bate de jeito nenhum. Isso representa o universo da música.
Afinal, quem Marina Santos e o que esta música diz sobre você?
Nasci em Recife–PE. Me mudei para Genebra, Suíça, aos seis anos. Hoje estou com 26. Comecei com alguns covers no YouTube aos quatorze anos. Viralizei com alguns covers de “Dernière Danse”, da Indila, e também com um Cover de “Sorry”, do Justin Bieber, que fiz em português. Hoje esse vídeo está com 3 milhões de visualizações. Uma vez fiz um Cover de uma música de natal da Kéfera também, que ela acabou assistindo e postando no Twitter, o que trouxe mais pessoas para o meu canal do YouTube na época. Hoje tenho um trabalho comum, mas continuo com o projeto musical.
Sobre a música: mesmo que a letra não foi inspirada em fatos que vivi, fala da minha criatividade de criar histórias a partir de um simples acontecimento da minha vida, como o sol na minha janela.
Respostas de Marina Santos
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”
Cultura indígena, onça como símbolo de luta ambiental, música popular brasileira; tudo isso está junto na nova música de ROO
Como você definiria esta música?
Desde os primeiros segundos a canção convida para o universo regional da música popular brasileira. A batida de violão cadenciada somada à levada percussiva traz a riqueza cultural de ritmos tradicionais como o baião e a toada, aliando uma sonoridade “raiz” com inspiração indígena à essa composição contemporânea.
Qual o conceito por trás desta música?
“Eu, Onça’” fala alto sobre resiliência, levantando a discussão da destruição ambiental e as consequências devastadoras na vida de seus habitantes, no caso dessa canção, a onça – animal símbolo da fauna brasileira.
Com narrativa em primeira pessoa, a letra conta da perspectiva da onça sua trajetória, suas origens, seus destinos e suas ancestralidades.
O que os versos dizem?
Me inspirei no idioma originário brasileiro, o tupi-guarani, para composição do refrão, exaltando traços de como é conhecida essa entidade-símbolo da nossa fauna. Do tupi ‘”agûara’“(onça), “akanga’“(cabeça), “usu” (grande), “jaguarapinima’” e “canguçu’” são outras formas populares de como a onça é conhecida. Orgulhosa de suas origens, a onça se apresenta com solidez: “Eu sou îagûara akanga usu, jaguarapinima, canguçu. Me fiz nas veredas de lá, nasci nas veredas daqui. E nesse chão com bravura hei de resistir… Eu vou”.
Como e por que surgiu esta música?
A canção é o tema de encerramento do documentário inédito e exclusivo da Globoplay intitulado “Diário de uma onça”, lançado em dezembro de 2023.
Recebi a missão de compor uma canção que refletisse a temática deste documentário, que narra a luta pela sobrevivência de 3 gerações de onças-pintadas no Pantanal, um território ameaçado pela mão do homem e lar de animais majestosos, e assim surgiu “Eu, Onça”.
O que representa a capa do single?
A arte indígena carrega em suas cores e formas muitos significados e sobretudo muita ancestralidade e, para esse trabalho visual, contamos com o grafismo indígena de Breu da Selva, sensível artista, estudioso e conhecedor da arte originária e do minimalismo. A arte representa uma harmoniosa relação entre homem e onça, ambos compartilham as mesmas pernas/patas, resultando numa conjunção natural, onde nasce uma planta — reforçando a trindade homem/fauna/flora de forma unitária, proporcional e equilibrada; além de estarem apontando em direção ao sol, para o futuro.
Respostas de ROO
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…” e “MPB – O que há de novo?”
Com Bossa e Jazz, Nana Moura canta a vida de uma “Raquel”; canção é fruto do estudo da artista sobre músicas brasileiras com nomes de mulheres
Como você definiria esta música?
“Raquel” é calma e intimista como a bossa nova. O arranjo, de Rafael Braga, trouxe uma roupagem jazzística e um toque “noir” pra canção. Explorando a melancolia e o mistério em sua sonoridade, a música faz um contraponto com as levezas e belezas da vida, descritas na letra da composição.
Qual o conceito por trás desta música?
Há alguns anos mergulho fundo no estudo das músicas brasileiras intituladas com nomes de mulheres, pesquisa essa que faço no intuito de encontrar elementos em comum entre essas canções, tanto no uso das ferramentas musicais como na condução das palavras escolhidas pelos(as) autores(as). Conforme fui desenvolvendo esta pesquisa, encontrei em mim a vontade de criar canções que falassem de pessoas reais e suas vidas, desejos e questionamentos internos. “Raquel” é fruto da vontade de dar voz e prosseguimento as criações de canções que levam nomes de mulheres, movimento naturalmente feito pelos(as) compositores(as) brasileiros(as) ao longo dos anos.
O que os versos dizem?
A letra conta a história de uma mulher que caminha entre o sertão e o litoral e é influenciada pelos encantos dos lugares, contagiando transformações internas nas pessoas que a rodeiam. Convida o/a ouvinte a respirar profundamente e dar atenção às belezas naturais e os momentos simples e verdadeiros, carregando o objetivo de influenciar quem ouve a tomar fôlego para viver com mais tranquilidade.
Como e porque surgiu esta música?
A canção foi feita inspirada em uma amiga de infância. Enquanto estudava essas músicas brasileiras para mulheres, me dei conta de que não encontrava uma canção intitulada “Raquel” e, lembrando dessa minha amiga e de como ela levava a vida, surgiu a vontade de explorar alguns acordes no violão. A letra veio logo em seguida. Acredito que a canção, de alguma forma, também carrega esse amor e admiração que a gente tem pelas nossas amigas quando somos crianças.
O que representa a capa do single?
Com foto de Danilo Ferrara, a capa do single representa a liberdade de viver na própria pele, sendo quem se é por natureza. Essa sensação impressa na foto de capa do trabalho é a mesma que procuramos transmitir na levada da canção.
Respostas de Nana Moura
Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”