30 de abril de 2025

Lupa na Canção #40

Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Bem vindos ao Lupa na Canção!

Esta é uma lista de novidades lançadas recentemente, de diferentes temáticas e gêneros musicais. Dificilmente você verá no Lupa canções do mainstream. A ideia é apresentar com uma “lupa” coisas novas e alternativas aos grandes sucessos, afinal é este uma das missões da Revista.

É importante ressaltar que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra.

Brasilidade e Fé onipresente; é essa a mensagem da nova música da flautista canadense Marie Saintonge sob vocal da brasileira Bianca Rocha

À princípio, diga o que é resumidamente esse lançamento?

Uma aventura musical sobre uma casa rural mágica no nordeste do Brasil, vista pela flautista do mundo Marie Saintonge. Tudo parte da proposta da fé e da sua presença em todos os ambientes.

Por que escolheu esse tema nesta composição? 

Escrevi essa música este ano quando estava cuidando da minha mãe que estava morrendo de câncer e precisava refletir sobre o que é importante para mim e no que acredito.

Você é uma artista brasileira, mas residiu em vários países, tais como Índia, Banff, México, Caribe e Tunísia. O que há de Brasil e de internacional nessa música, você consegue nos dar essa resposta?

Tudo isso tem a ver com meu desejo de entender a vida por meio do universal. Morei em vários países justamente para me confrontar com verdades diferentes e extrair o que é comum a todos no planeta. A música Nossa Fé é como uma casinha de passarinho feita no Brasil com pequenos gravetos de madeira que vêm de todos esses países.

Quem dá voz à “Nossa Fé” é a cantora Bianca Rocha, comente sobre.

Eu queria uma cantora com uma alma pura suficiente para cantar essa música com honestidade. Senti que Bianca Rocha, que está muito presente no cenário da música brasileira e mundial, tinha a pureza de coração para cantar a música.

“Nossa Fé” é uma das faixas do “Casa Mangará Musical Vol.1”. O que o seu terceiro álbum tem de bom para nossos ouvintes?

Consegui criar um álbum profundo com melodias muito fortes que se encaixam bem na vida cotidiana. Você pode ouvi-lo enquanto faz suas tarefas diárias e deixar sua alma viajar.

Respostas de Marie Saintonge

Disponível na playlist “O Samba do Século XXI – Novos Lançamentos”

Em novo single, Felipe de Oliveira homenageia a ironia, o sarcasmo e o bom humor de Sério Sampaio

O que originou essa ideia assertiva de gravar uma homenagem à Sérgio Sampaio?

Para além da apreciação das ricas melodias e letras de Sampaio, o que me levou a escolhê-lo como artista homenageado em meu novo álbum foi uma admiração por sua figura “gauche” na indústria musical e uma identificação com a crítica sistêmica tão presente em sua obra, embora tecida não de maneira panfletária, mas sempre poética.

O que, especialmente, a música homenageia em Sampaio?

Acho que, em nossa gravação, ressaltamos especialmente sua ironia, seu sarcasmo e seu bom humor, que eram suas armas incisivas para fazer seus posicionamentos enlaçarem o ouvinte.

O que há de seu e o que há do homenageado na sonoridade de “Foi Ela”?

É verdade que há uma confluência de algumas características, mas também há uma diferença enorme entre Sampaio e eu. A diferença, nesse caso, também é um fator crucial de admiração. De forma geral, partimos de um respeito muito grande pelas direções que ele havia estabelecido, posto que é sempre delicado tocar uma obra que já é admirada por muita gente, ainda mais se tratando de um artista que já faleceu. Tentei contribuir, singelamente, com minhas interpretações sobre as composições desse grande artista, adicionando – espero ter sido bem sucedido – ainda mais drama a músicas já suficientemente dramáticas.

“Foi Ela” é uma das faixas do seu novo álbum, “Velho Bandido”. Fale sobre esse trabalho, o que é, afinal.

“Velho Bandido” é um trabalho que se vale da obra de Sérgio Sampaio para fazer uma ode a quem trabalha na periferia do capital, aos desfuncionais, aos frequentemente esquecidos, a todos que nos lembram, enfim, do descentramento inerente aos que vivemos sob o atual sistema social. Ninguém ocupa o centro e, no entanto, é nisso que somos constantemente levados a acreditar: que é lá que precisamos conseguir chegar. E trabalhamos pra isso, nos sentimos culpados pela nossa insuficiência, e tentamos pagar essa culpa sendo cada vez mais produtivos, para o enriquecimento de alguém que, definitivamente, não somos nós. A obra de alguém como Sampaio nos lembra que o centro não existe. E é sobre isso que eu quero cantar. É para essas pessoas que eu quero cantar.

E, por fim, quem é Felipe de Oliveira?

É um cara implicado em demasia no seu cantar, que sente em excesso o prazer e a dor de se valer da voz cantada para ancorar sua existência nesse mundo. Alguém para quem cantar é, ao mesmo tempo, um lastro na realidade e um convite ao delírio.

Respostas de Felipe de Oliveira

Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”

“Acredito que a mensagem seja valorizar nossas raízes, as pessoas que amamos e que nos amam incondicionalmente.”, disse Luciana Maya sobre seu novo single

À princípio, diga o que é resumidamente esse lançamento?

Esse é o lançamento do meu mais novo single, “Meu Lugar”. Uma música que fala sobre as belezas, culinária e pessoas de Minas Gerais, da importância da família, dos amigos e de nossas raízes no decorrer de nossas vidas.

Como surgiu a música, o que a inspirou?

Meu Lugar nasceu da minha saudade da família, do cheiro de chuva, dos abraços apertados e do sentimento de pertencimento e aconchego que somente “nosso lugar” pode nos brindar. Como moro fora há muitos anos, em um dia em que a saudade apertou a letra e melodia invadiram a minha cabeça e imediatamente comecei a escrever e tocar alguns acordes básicos que depois nas mãos do produtor Fred Teixeira ( Curitiba) se transformou nesse Xote tão gostoso de escutar e de cantar.

Era muito importante ter instrumentos reais nessa gravação e principalmente um acordeão, pois traz aquela sensação de interior e de tradição além de trazer um aconchego único na música.  

O que você canta, qual sua mensagem?

Acredito que a mensagem seja valorizar nossas raízes, as pessoas que amamos e que nos amam incondicionalmente. Que nosso lugar é onde encontramos um colo, os melhores brindes e as melhores risadas.

Quanto ao clipe, qual seu intuito e ideia?

O clipe foi dirigido por Pablo Deragon e produzido por mim. O objetivo era traduzir visualmente o que a letra da música nos fala trazendo simplicidade, aconchego e que fosse bem orgânico . Algo Natural retratando os meus lugares favoritos, momentos que amo em família e com amigos. Mostrando meu verdadeiro “Meu Lugar” para todos. Era imprescindível ser gravado na minha cidade Uberaba / MG e com minha gente. Chegar no coração das pessoas e deixar aquele sentimento de amor e paz.

Há algo de curioso sobre o lançamento que você queira destacar?

Primeira curiosidade é que essa música foi produzida e gravada em Curitiba e minha voz foi gravada no Catar. Outra curiosidade é que consegui reunir minha família e amigos de Uberaba nesse clipe. Foi muito especial produzir um vídeo que eterniza esses momentos. Vocês viram minha avó de 93 anos, que fofa gente? Vale a pena conferir!

Respostas de Luciana Maya

Disponível na playlist “Brasil Sem Fronteiras…”

Gustavo Goulart tem uma mente sem descanso no single “Parar de Pensar”

Qual a melhor sinopse deste lançamento?

“Parar de Pensar” mistura melancolia com a inquietação de pensamentos que nunca param, tentando recriar a sensação de uma mente que não descansa. A sonoridade da faixa é obscura e frenética ao mesmo tempo, remetendo ao emo, o hyperpop e o indie pop russo.

O que você canta na letra, o que os versos dizem?

Canto sobre um amor que já se foi, seja ele qual for! Uma paixão, uma amizade, alguém ou alguma coisa especial que já não está mais presente fisicamente, mas que por algum motivo não sai dos seus pensamentos.

E em qual momento surgiu essa composição?

Sou paciente oncológico, e estive nos dois últimos anos tratando um câncer. De certa forma, ao mesmo tempo que conquistei mais tempo de vida, também perdi algumas coisas ao longo do caminho. A composição surge a partir dessa reflexão.

Como você pode descrever a sonoridade e musicalidade deste single?

A canção é definitivamente “ruidosa” – característica de uma nova onda que surge no pop – ainda que melódica e poética. Para a voz, utilizei distorção de guitarra, a fim de realmente trazer um peso a mais para a produção. Costumo dizer que meu maior propósito com as novas músicas é fazer as pessoas “chorarem dançando”, então essa faixa define bem essa sensação.

Há alguma curiosidade sobre o lançamento que você queira destacar?

Esse é o primeiro single de um ano muito especial, em que completo 10 anos de carreira musical. Por conta disso, vou lançar uma música por mês, acompanhada de vídeos sobre composição criativa, além da expectativa de shows comemorativos para o fim do ano. 

Ainda sobre a sonoridade da faixa, minha maior busca com as novas produções é trazer textura para essas composições. Brincar com sentidos, efeitos sonoros e outras formas sensoriais que podem ser exploradas através do som. 

Respostas de Gustavo Goulart

Clebson Ribeiro encarna alma setentista e vibe hippie na instrumental “Diálogos Polifônicos e um Refrão”

Clebson, qual o melhor resumo desse lançamento?

Este EP se chama “Repaginando Viola Requinta” porque revisitei algumas músicas já lançadas anteriormente, trazendo novas mixagens e ajustando detalhes nos arranjos. A ideia foi reforçar a influência do folk rock dos anos 70, além de incorporar nuances mais clássicas.

Qual a origem da música?

“Diálogos Polifônicos e um Refrão” originalmente faz parte do álbum “Mantras e Amiúdes” (2023). É uma composição com alma setentista, carregada de uma vibe hippie, leve e envolvente. Uma música gostosa de ouvir, perfeita para relaxar.

Há um tema, uma mensagem?

“Diálogos Polifônicos e um Refrão” fala sobre a importância das pausas, do silêncio que permite o encontro das vozes e da escuta atenta ao outro.

A música propõe um desejo sincero de harmonia: que ao falarmos juntos, nossas vozes se encontrem sem se sobrepor, criando uma polifonia rica, acolhedora e cheia de significado.

Cada pausa é tão essencial quanto cada nota, e a verdadeira beleza está justamente nesse entrelaçar de sons e silêncios, formando uma melodia de encontros.

Como você trabalhou a viola caipira nesse som?

A viola foi explorada em diversas nuances, criando um diálogo de perguntas e respostas dentro do arranjo. O instrumento não apenas acompanha, mas se completa dentro da composição, contribuindo para uma melodia rica e envolvente.

Há alguma curiosidade sobre o lançamento que você queira destacar?

Essa música surgiu durante uma viagem que fiz com minha esposa. Estávamos em um lugar lindo, cercados por uma paisagem maravilhosa. Foi um momento de pausa, de conexão, onde simplesmente aproveitamos a companhia um do outro. E foi nessa quietude compartilhada que nasceu o tema: a importância da pausa e do diálogo, do equilíbrio entre silêncio e som, da sintonia entre duas vozes que se encontram.

Respostas de Clebson Ribeiro

Disponível na playlist “Apenas Instrumental BR”

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