7 de fevereiro de 2025

[ENTREVISTA] Mulheres compreenderão a artista Viviane Pitaya no clipe “Andando Sozinha”

Viviane Pitaya

 

Em uma breve pesquisa na recomendada versão digital do dicionário Michaelis, a palavra “compreender” não é sinônimo de “entender”. O resumo que você mesmo pode consultar explica que compreender envolve a essência do ser, pertencimento, alcance intelectual, percepção de intenções, estender a própria ação e dar devido apreço. Confusão a parte, essa primeira indicação pode render bons estudos e reflexões acerca.

O parágrafo anterior foi escrito para introduzir a próxima explicação do título dessa reportagem que diz “Mulheres compreendem a artista Viviane Pitaya no clipe ‘Andando Sozinha’” porque o single acompanhado do vídeo apresenta, como a própria cantora e compositora detalha nas respostas da entrevista, a realidade incompreendida¹ que as mulheres vivem em andarem sozinhas, com o constante medo de serem violentadas.

“Também na letra, falo sobre o uso de medidas de segurança ao sair de casa como ligar para a amiga e dizer onde e com quem está, são artifícios que nós mulheres criamos para se ‘sentir’ mais segura ao sair a noite, sem medo de viver. Falo sobre essa realidade, que acredito muitas mulheres devem viver.”, comenta ela.

¹ Referência a explicação linguística da palavra compreensão, e assim, causar o desafio de reflexão sobre quem está ou não compreendendo essa realidade citada na música.

 

Viviane Pitaya

 

– Qual a história da sua carreira musical?

Desde pequenina eu gostava de cantar. Brincava de cantar. Ópera na escola, imitava Michael Jackson, cantava na igreja, no coral. Com 15 anos eu comecei a fazer teatro, apresentei algumas peças, fui backvocal de uma banda de reggae gospel, mas ai eu acabei me formando em fisioterapia e depois que conclui os estudos decidi viajar. Então, eu fiz Intercâmbio para a Irlanda e lá eu cantava em eventos culturais. Em todo país que eu visitava, procurava uma Jam Session com microfone aberto para poder cantar. Depois, eu fui trabalhar num cruzeiro marítimo como garçonete, mas cantava nas horas vagas pra divertir o pessoal com uma banda improvisada de Filipinos, colegas meus de trabalho. Era uma época que eu queria viver pra viajar. Aconteceram muitas coisas interessantes comigo nas viagens, eu tinha um caderninho e anotava tudo. Metade virou roteiro pra cena de Stand Up Comedy e a outra metade virou letra de música. Agora estou de volta a Salvador, minha cidade Natal, continuando a escrever. As vivências da minha terra, no meu cotidiano são muito fortes nas minhas canções. Ano passado eu ganhei em primeiro lugar, o prêmio de melhor ideia empreendedora, pelo meu Projeto de músicas autorais no Programa Mestre Projetista. Realizei um Pocket Show na conclusão do Programa e, desde então, venho desenvolvendo meu repertório autoral e apresentando em Salvador. Acabei de lançar meu primeiro single e clipe da canção Andando Sozinha e no presente momento também estou em cartaz com o Musical Sonho de uma noite de verão na Bahia dirigido por João Falcão.

 

– Como você definiria seu conceito artístico?

Tenho estado num processo de constante pesquisa sonora, cada canção é singular em termos de ritmo e abordagem. Minhas letras falam sobre vivências do cotidiano, questões sociais, liberdade da mulher e amor de uma forma leve, sarcástica, com um toque de humor e drama, banhadas de mangue beat, jazz, reggae e funky soul.

 

Viviane Pitaya

 

– Qual a mensagem dessa música?

“Andando Sozinha”, meu primeiro single e clipe lançados, fala da realidade da mulher que necessita sair sozinha a noite e sua posição diante disso, reafirmando sua independência e autonomia, sua vontade de ser livre pra sair, ser feliz, ver os amigos e voltar para sua casa em segurança. Falo da crença, que muitas mulheres têm, em seres espirituais que venham a proteger os caminhos, de acordo com a crença de cada uma, fortalecendo o não ter medo de sair só, diante da insegurança de sair a noite sozinha, dentro do contexto de violência em que vivemos. A fé é muito importante nesse panorama. Também na letra, falo sobre o uso de medidas de segurança ao sair de casa como ligar para a amiga e dizer onde e com quem está, são artifícios que nós mulheres criamos para se “sentir” mais segura ao sair a noite, sem medo de viver. Falo sobre essa realidade, que acredito muitas mulheres devem viver.

 

– De que maneira você acha que o clipe dialoga com a mensagem da música?

O clipe possui uma personagem principal, a que anda sozinha na noite, e no seu caminho encontra pessoas que se conecta, criando um ambiente de socialização, mas ao mesmo tempo mostrando que todas nós andamos sozinhas, mas não estamos sozinhas de fato, de alguma forma dançamos a dança da vida juntos e, cada um em seu espaço, mas em realidades compartilhadas, estamos todos conectados. É um clipe que usa do contato improvisação para sustentar essa ideia de conexão e ao mesmo tempo fluidez, e várias outras nuances nesse inebriado mundo em suspensão.

 

– Você acredita que essa música pode servir de arma contra determinados preconceitos e amarras sociais?

Sim, quando estamos na rua, estamos todos vulneráveis, mas precisamos juntos vencermos o medo, e criar uma rede de proteção, criar estratégias de segurança entre nós para viabilizar espaços onde podemos interagir com segurança e respeito pra todo mundo diante das adversidades e diversidades.

 

Viviane Pitaya

 

– O que está por trás desse lançamento?

“Andando Sozinha” está sendo meu primeiro material oficial da minha carreira musical, aqui se inicia uma longa jornada que eu seguirei de mais produções que estão chegando em breve como o meu próximo single “Chá de Camomila”, apresentações, viagens… Então me segue no Instagran, Face e/ou Youtube que você vai ficar sabendo! @vivianepitaya.

 

– Você tem alguma história ou curiosidade interessante que queira nos contar?

Sim. Eu trabalhei um tempo num cruzeiro marítimo como garçonete, mas queria cantar de alguma forma, então eu cantarolava nos corredores do navio, cantarolava para os passageiros no jantar e pela manhã passava com um carrinho de café cantando para os guests e até ganhava umas gorjetinhas por conta disso. Mas, eu me acaba mesmo era no Karaoke no Crew Bar (bar da tribulação) com os Filipinos, colegas de trabalho, a partir disso eles me chamaram pra montar uma banda e tocávamos sempre que dava no Crew Bar, isso pra mim era a melhor coisa que eu fazia no navio… Cantar!

 

– Quais são seus planos para os próximos meses?

Continuar apresentando aqui em Salvador, escrever projetos… Viajar… Lançar um novo single no final do ano e depois um clipe… E depois um single, e depois um outro clipe, aiii…. Isso é viciante!

 

Viviane Pitaya

 

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