(Foto/Divulgação)
Wister começou sua carreira integrando uma banda de sua cidade natal, João Pessoa – PB e após algumas brincadeiras entre o grupo onde ele assumia o papel de vocalista, decidiu assumir carreira solo.
Seu primeiro álbum “Novos Rabiscos”, lançado em 2007 deixou clara a essência musical do cantor, onde se destaca o tom romântico e lento, assim como cartas que escrevemos quando nos apaixonamos.
O segundo álbum “Eu Daqui”, de 2015, trouxe consigo a raiz da MPB com trechos de samba e ritmos regionais
“Eu cresci ouvindo Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e todos esses mestres da música brasileira e pra mim é uma honra trazer um pouco do que aprendi com eles para os dias que vivemos atualmente e reforçar que o ritmo brasileiro tem uma variedade gigantesca e que expressa a alegria do povo”.”.
Atualmente retorna para os palcos com seu último disco lançado até o momento, “C)asa” de 2018, que traz consigo uma brincadeira própria de Wister, onde as palavras casa e asa remetem ao lugar de pertencimento e a liberdade, segundo o próprio cantor essa é a principal sensação que ele quer causar a quem ouvir suas composições e contou com grandes parcerias como, Bem Gil, Bruno di Lullo, Domenico Lancellotti, Lucas Dan e Ana Cláudia Lomelino.
“C)asa” traz o questionamento da existência em vislumbre com as coisas simples do cotidiano que nos fazem bem, apresentando 10 faixas com títulos autoexplicativos como “Mãe”, “C)asa”, “Moça”, “O Barco” e diversas outras que aguçam a curiosidade e que fazem refletir.
“‘C)asa’ é meu jeito de protestar contra a vida de estranhas normalidades e que somos obrigados a viver. Um conjunto de contemplações feitas sobre as duas rodas da minha bicicleta e que justamente por sua simplicidade tem um enorme potencial! Labuta da mudança dessa vida estranha”.
Em comemoração a esse marco na sua carreira já está preparando um novo single que tem previsão ainda para esse ano “O negócio é nunca parar de fazer aquilo que ama”, completa o cantor.
Como você encara esses doze anos de carreira?
Acredito que chegar a completar pouco mais de uma década em qualquer carreira é sem dúvida algo extraordinário. Mas com arte isso tem um valor ainda maior, afinal é perceber que durante todo esse tempo as coisas que produzimos tem sido bem recebidas pelo público e o mais importante, tem tocado as pessoas. É, de fato, um grande motivo para continuar a caminhada.
Qual você acredita que tem sido o seu amadurecimento e o seu envolvimento com o público?
O relacionamento com o trabalho em si mudou bastante. A forma como eu encaro, hoje, a função da minha obra na vida das pessoas e a maneira como eu tenho procurado conduzi-lo são, sem dúvida, os pontos onde mais me percebo amadurecido.
O público é a parte fundamental desse processo, hoje as relações entre o artista e os diversos públicos é muito mais íntima e isso trouxe uma riqueza imensa à produção de arte no mundo. Meu público é muito querido e muito próximo do que eu faço, sempre conversando, conhecendo e produzindo junto.
Quais eram suas influências quando estreou sua carreira na música? E mais, depois de doze anos, e ao longo desse tempo, quais artistas das novas gerações tem inspirado você?
Acho que é impossível negar que exista uma influência enorme no meu trabalho de artistas como Gilberto Gil, Ceatano Veloso e Gonzaguinha. Estes são nomes que estiveram no meu repertório desde que me lembro ouvindo os Lps dos meus país e claro influenciaram e influenciam demais o meu trabalho.
Vivemos hoje, ao contrário do que possa parecer, um momento de ebulição na produção musical no país com uma força gigantesca, seria difícil citar tantos artistas fantásticos que tem produzido com tamanha qualidade mas como tenho que dizer alguns vou apostar nos que ando ouvindo mais recentemente, sou fã do Tim Bernardes (tanto solo quanto no Terno), dos queridos do 5 a Seco, Silva, Luiza Lian, Tulipa Ruíz e mais um bocado de gente linda, todos eles me inspiram.
(Capa do álbum “C)asa”)
Ainda nessa pergunta. Qual seria sua opinião em relação a produção musical desses últimos anos no Brasil?
Existe uma massa imensa de vida cultural pulsante no Brasil desta última década. Gente que anda produzindo num ritmo frenético e com uma qualidade sonora e poética impressionante. Fica difícil manter-se atualizado, eu procuro ouvir pelo menos um disco novo por dia e sempre me surpreendo com tamanha qualidade.
Talvez ainda exista um certo monopólio das grandes mídias e do poder financeiro criando uma barreira para que tantos trabalhos encontrem a “massa” mas é inegável que existe hoje uma cadeia produtiva com uma grande força onde esses trabalhos conseguem transitar bem e encontrar seu público. O Brasil continua muito bem servido de grandes artistas.
Em doze anos, você produziu e lançou muitas músicas. Você teria uma música ou outra que mais te agrada? E para o público, qual seria a(s) preferida(s)?
Olha, eu acredito piamente numa frase que ouvi do grande Gil uma vez “o trabalho preferido do compositor será sempre o próximo”.
Há algumas canções que sempre são lembradas pelo público com muito carinho, mas acredito que “Nada Sem Você”, “Espelho” e “C)asa” são as que tem um lugar cativo maior no repertório.
Quando você estava estreando, a internet ainda não era tão popular e de fácil acesso como hoje. Tenho certeza que os leitores vão adorar saber como foi essa mudança para você, como foi a chegada da popularização da internet na sua carreira, como um todo.
Olha, eu cresci praticamente junto da popularização do acesso à internet, então a mudança foi acontecendo de forma muito natural pra mim. Lógico que o impacto no alcance do que eu produzia foi enorme.
No início havia ainda um mercado muito tímido para a música na internet, poucas plataformas e ainda ofertando um serviço muito rudimentar, então éramos obrigados a viver num limbo, um hiato deixado pela ruptura da indústria da música e esse novo modelo que ainda não havia chegado.
Meu primeiro disco só circulou praticamente em dois estados, PB e SP com a execução de duas ou três canções em rádios de pequeno e médio porte que eu conseguia contatar as custas de muitos e-mails e telefonemas.
Com o streaming isso mudou, hoje tenho meu trabalho sendo ouvido em 65 países e tudo isso num instalar de dedos.
Você tem alguma(s) história(s) ou curiosidade(s) interessante(s) para nos contar?
Eu comecei a cantar por acaso, sempre fui apaixonado por música, mas nunca achei que tivesse talento para o canto. Fui gravado, por brincadeira, num estúdio enquanto testava os microfones para uma gravação que aconteceria algumas horas depois e ouvindo a minha voz depois comecei a ter um pouco mais de fé (rs) em mim.
Sinta-se a vontade para falar algo que eu não perguntei e que você gostaria de ter dito.
Tenho lido e visto muita polêmica e discussões insesatas sobre a relação entre arte e política nos últimos meses e me entristece as vezes ver que tanta gente ainda não compreendeu que política é isso, é fazer arte, é conversar, é discordar e ouvir. Não há uma separação entre a arte e a política, todo e qualquer trabalho artístico tem um viés ideológico e usar a música como ferramenta de diálogo sobre estas questões é função principal da arte. Mesmo indiretamente fazemos e faremos política sempre.
Texto da assessoria de imprensa – Edição de Matheus Luzi