Não é de hoje que muitas histórias de livros despertam desejos cinematográficos, algumas dessas histórias ao pararem nos cinemas até se confundem com a realidade. Temos grandes exemplos como “Viagem ao centro da terra” do escritor Júlio Verne, “Como eu era antes de você” da escritora Jojo Moyes e “A culpa é das estrelas” de autoria do escritor John Green.
Com relação à obra “A culpa é das estrelas” eu sou suspeita em falar, ao ver o filme me apaixonei pela história antes mesmo de ler o livro e de posse do livro em 2024 a história me encantou mais ainda. De fato, fiquei presa no contexto amor, amizade, fragilidade, cuidados médicos, laços familiares, dor, perda, saudade e recomeço. Confesso que chorei ao ver o filme pela primeira vez e ainda choro, não resisto as chamadas na televisão e vejo o filme. Diferente do filme com o livro, dei inúmeras gargalhadas ao ler as suas primeiras páginas, cada linha traz uma reflexão e o modo de lidar com certas situações na vida. Não concluí ainda o livro por completo, mas tenho muito a dizer sobre a obra.
A história em si me faz lembrar de muitas coisas, primeiro que lembro daquele amor que eu nunca tive. Segundo que com a morte de “Gus” lembro da partida de minha mãe em 2015. Outra questão é que ele traz fortemente uma reflexão sobre o amor.
Não, o amor não morre quando parte alguém. Ele continua a existir nos vestígios da saudade que fica e no coração que teve a audácia em amar. Porque de alguma forma estranha o ser humano tem o dom de encantar. É estranho para nós porque pouco compreendemos sobre o Amor.
O amor é eterno até que a gente queira que seja.
Se existe uma culpa por sentir eu não sei. Muitas coisas não se explicam nessa vida. Nem sabemos como nascem as estrelas. Também não sabemos como surge o amor. Tudo acontece de repente. Não é nada por acaso.
Não é por acaso que os olhares se cruzam e as bocas se tocam.
O filme não foge da história escrita, mas alguns detalhes do livro fazem com que ambos se tornem tão significados nos dias atuais.
Antes de estar de posse do livro de Jojo Moyes, tive a oportunidade de ler diversas versões de como Hazel procedeu após a morte de Augustus, escrita pelos seus leitores. Então mergulhei fundo nessa história.
As indagações são tantas quando estamos diante de uma perda. Às vezes parece que perdemos o chão, que a vida parou e por alguns instantes deixou de fazer sentido. O que resta é a dor. Como está em ênfase no filme, “a dor precisa ser sentida”. E de fato precisamos passar pelo processo da dor. Até mesmo para podermos seguir em frente, pois há um mundo lá fora à nossa espera.
É normal se questionar. Tentar entender todo o processo da vida e a passagem da morte.
Eu acho que Hazel se questionou muitas vezes, até mesmo porque deve ter passado na cabeça dela que ela iria antes de Augustus. Não passou pela sua mente chorar a perda do seu grande amor.
Hazel amou como jamais pensou que um dia fosse amar. Ao se entregar para este sentimento, ela abriu uma janela para o mundo. A doença ficou em segundo plano e tudo que queria era viver cada segundo dos momentos que a vida lhe reservou com Augustus. Sempre tinha motivos para sorrir quando estava com ele. Era um amor puro.
Quando se refere ao amor como um amor puro sempre se imagina aquele amor de criança, porque não tem algo mais puro que uma criança. Mas quando se ama de verdade é possível ter esse amor puro. Amor é companheirismo. E isso era possível ver entre o casal Hazel e Augustus.
Augustus lhe deu as estrelas. Seus olhos sempre brilhavam diante dele. Dá até vontade de viver um amor assim. Sentir o coração bater bem forte, contar os minutos para vê-lo…
É inevitável a morte, mas quando amamos essa hipófise fica para trás. A vida está ali, por que perder tempo? Temos que ser Augustus. O jovem deu vida a Hazel. Ele sabia que iria morrer, mas isso não importava, ele tinha um amor para viver.
Ao lado dele, Hazel viu que todo dia era dia de recomeçar.
Você pode estar morto e não saber disso. Porque muitas pessoas têm a capacidade de morrer por dentro e permanecer numa vida vazia. Então a morte não significa exatamente perder alguém e sim você se perder num abismo sem fim.
Artigo escrito por Clarisse da Costa em setembro de 2024 com exclusividade para a Arte Brasileira