Ao cabo do mês de fevereiro, tomado pelo sentimento de eterna novidade, o cenário musical assistiu o nascimento da banda Varanda. Formada por quatro jovens mineiros, a banda de Juiz de Fora mescla diversas referências nacionais e cria, com bastante originalidade, algo que é só deles. É como presenciar um show em que Los Hermanos cantaria Belchior, ou Milton Nascimento se aventuraria pelas composições musicais do Cícero.
Ouvindo o EP lançado no dia 25/02, tenho a sensação de que era, realmente, esse o intuito. O título é “Ode ao Infinito” e conta com 6 faixas que trazem, de fato, a ideia de continuidade. Tanto a primeira quanto a ultima música carregam o nome do álbum e geram a sensação de que cada audição é algo novo. Além de que, é claro, é quase impossível ouvir o EP e não sacar a brincadeira na ordem das músicas. “Ode Infinito II” abre o álbum, enquanto “Ode ao Infinito” o encerra. E, sinceramente, isso foi o que mais prendeu minha atenção. Explicarei o motivo.
Em todos os meus vinte e poucos anos, nunca houve nada que mais me surpreendesse do quê a capacidade que os paradoxos têm de explicar a realidade. Quando um autor precisa descrever, em um conto de fadas, que um rio corria cheio de vinho, ele te explica indiretamente que os rios reais correm cheios de água; se ele descreve mirabolantemente um local em que o sol dança pelos céus, ele sabe que você já tem convicção o bastante de que o sol é uma fonte de luz fixa nos ares; quando você conhece o infinito, sabe que não importa por onde comece, a estrada pela frente é imortal. Incalculável. Infinita mesmo.
A banda Varanda entrega o que promete. Pra ser sincero, até o nome me parece ter sido milimetricamente pensado. As faixas trazem a serenidade de uma conversa séria que é, comumente, jogada fora nas tardes de sábado de nosso país, por pessoas que aguardam uma nova segunda em busca do recomeço. Por pessoas que querem chegar a algum lugar, mesmo com o peso da cidade, dos ombros e dos encalços dos passos pequenos.
A Varanda é formada por Paula Mendes (vocal), Augusto Vargas (baixo), Bernardo Merhy (bateria) e Mario Lorenzi (guitarra), e a eles eu desejo todo o sucesso do mundo.
Ouça já “Ode ao infinito”, disponível em várias plataformas.
PS: meu coração amante de paradoxos não poderia deixar de aconselhar uma pequena coisinha… agora, que sabem da infinitude da estrada, não cessem de caminhar jamais e quando os dias chuvosos chegarem, que em casa não lhes falte o sol. (aquela do carnaval).
Tracklist de “Ode ao Infinito”
1- Ode Ao Infinito II (Nenhum começo é igual)
2- Aquela do Carnaval
3- Mar Aberto
4- Depois
5- 34 Horizontes
6- Ode Ao Infinito I
Crédito da foto de capa da matéria: Reprodução do instagram da banda.