Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”. Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 224ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes que nos são apresentados.
Até o primeiro semestre de 2024 publicávamos também no formato de texto corrido, produzido pela redação da Arte Brasileira. Contudo, decidimos publicar apenas no formato minientrevista, em resposta aos pedidos de parte significativa dos nossos leitores.
Michael Cates – “Where Do We Go From Here?” – (EUA)
Michael, é muito bom recebe-lo novamente no ALÉM DA BR. Fale, então, novamente quem é você para os nossos leitores.
Para aqueles que não foram apresentados a mim e à minha música, eu sou Michael Cates , saxofonista e produtor de jazz contemporâneo. Estou nesta indústria desde meus primeiros dias de volta em 1989. Em um ponto ou outro, dividi o palco com muitos dos melhores e mais famosos músicos, bandas, atores, etc. da indústria.
E esta música, o que ela é em especial? E qual seu tema?
Fui abençoado por ter tocado no rádio enquanto estava na televisão simultaneamente. Tive meu chapéu em ambas as indústrias. “Where Do We Go From Here?”, sendo um instrumental de jazz contemporâneo, é mais sobre transmitir essa velha questão. É uma peça sobre consistência diante de uma mudança sempre presente e contínua. Algo que quase todo mundo conhece em suas vidas.
Qual o lugar desta música dentro da sua vasta discografia?
Na minha discografia, coloco esta bem perto do topo. Depois de um período extremamente difícil de estresse e decepção, minha mente e criatividade estavam vazias. Por meio de orações e meditação, consegui direcionar essa energia negativa para fora, criando assim uma parede de serenidade atrás dela. Atrás dessa parede estava o olho da tempestade. Calmo e tranquilo. A melodia fluiu e se tornou “Where Do We Go From Here?”
Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?
Para encerrar, gostaria que essa melodia confortasse aqueles que estão no mesmo lugar que eu, ou que aumentasse a criatividade deles por meio dela. É uma peça linda que eu rezo especialmente para que os brasileiros, as pessoas que me mostraram tanto amor ao longo dos anos, abracem com carinho.
Respostas de Michael Cates
Fireghost – “Lost in Infinity” – (Reino Unido)
Para começar: quem é a cantora e compositora Fireghost?
Fireghost é cantor e compositor solo. Nasceu na Polónia, mas vive no Reino Unido. Continuo surpreendendo meu público com uma enorme diversidade de estilos e gêneros. Eu atraio a indústria britânica adicionando um pouco da alma polonesa à minha música, o que ainda é algo bastante incomum nesta área.
Fato muito importante, como você é curador brasileiro – o co-autor da minha música mais recente, Filipe Rafalzik, é um guitarrista e compositor brasileiro muito talentoso. Portanto, “Lost in infinity” e mais músicas que estão por vir são uma mistura do estilo polonês-brasileiro que está subindo com sucesso ao topo da indústria musical britânica.
O que é esta música e por que você a considera diferente do seu repertório anterior?
Essa música é diferente, porque como eu disse anteriormente – eu a escrevi com um artista brasileiro e graças a isso todo o gênero e toda a vibe são completamente diferentes. Filipe acrescentou “um pouco de fogo naquele Fantasma”.
Qual o retrato social que a música traz em sua letra e qual sua mensagem?
Esta é uma “música de separação”. Comparo duas pessoas a dois corpos celestes que colidem no universo. Dois mundos separados com sua própria gravidade, seus próprios sistemas, provavelmente seus próprios caminhos – e por alguns motivos eles se atrapalham e se destroem. A última frase da música “Mas continuarei brilhando” indica que apesar de toda a destruição, não vou “explodir”, mas continuarei existindo como uma estrela. Vou continuar brilhando.
Você recentemente apoiou uma turnê de uma das bandas mais famosas da Polônia, Nocny Kochanek. O que isso representa para você e como esta música tem sido recebida devido à esta visibilidade?
Apoiando uma banda famosa. Isso significou um mundo inteiro para mim. Fui escolhido entre milhares de artistas, então isso foi um grande elogio ao meu trabalho duro e à música que estou compartilhando. Pude ver como os profissionais trabalham, recebi muitos conselhos excelentes e conheci pessoas muito inspiradoras. Fui notado na indústria e recebi grande apoio. Cada vez mais pessoas estão dispostas a colaborar comigo e graças a isso posso experimentar melhor minha música
Respostas de Fireghost
Edgar van Asselt – “Falsos Profetas” – (Holanda)
Edgar, qual a melhor sinopse desta música?
Eu queria começar com um ritmo afro-brasileiro inebriante e misturá-lo com uma melodia inspirada no jazz. Robertinho Silva estabelece um groove envolvente e, em seguida, a linha de baixo entra, tornando-se um elemento hipnotizante durante toda a música. Os solos no Fender Rhodes e no saxofone alto elevam a faixa a novos patamares
Que referência ao Brasil faz esta música?
Para mim, Robertinho é a personificação dos ritmos brasileiros. A música faz referência à riqueza dos ritmos afro-brasileiros.
E por que teu interesse pela cultura brasileira?
Com formação em jazz, sempre fui fascinado pela riqueza harmônica e rítmica da música brasileira. Com “Celebração'” eu queria combinar isso com minhas próprias composições.
Quais sonoridades do mundo se encontram nesta obra?
Robertinho usa uma grande variedade de percussão para criar o groove, complementado por instrumentos modernos de jazz
O que esta faixa diz sobre seu novo EP?
Que quando culturas e estilos se encontram, pode surgir algo belo que cativa os ouvintes.
Respostas de Edgar Van Asselt
JB Meldrum – “Forever Free” – (França, EUA)
“Forever Free” me parece uma canção que serve de ensinamento, para uso didático.
“Forever Free” é de “Peace Oratorio, the Life of Dr. Martin Luther King”. “Peace Oratorio” é um musical de dois atos que narra o movimento pelos direitos civis dos anos 50 e 60. As músicas são inspiradas nas palavras do Dr. King, Gandhi e Nelson Mandela. A apresentação é única. Ao misturar perfeitamente os estilos de ritmos da África Ocidental, Gospel, Reggae, Jazz e música clássica, ele quebra barreiras e mostra o caminho para um novo mundo, um lugar mais seguro onde todos os tipos de pessoas vivem juntas e trabalham juntas em harmonia. Essencial para o trabalho é o programa de extensão comunitária. Levamos o trabalho para escolas locais e passamos um dia ensinando crianças sobre o Dr. King e sua visão de construir a “Comunidade Amada”. Crianças em idade escolar aprendem uma música do show e são convidadas ao palco durante a noite da apresentação para cantar na frente do público.
O que é essa peça e quão importante é essa música para ela?
“Forever Free” é apenas uma das músicas emocionantes essenciais para a performance. A música principal é “Brother Brother”, que em breve será lançada em plataformas de streaming.
Deixe-me salientar que a escolha das fotografias para o videoclipe foi assertiva. Como foi esse processo de curadoria ?
As imagens no vídeo foram feitas para contar uma história visual complementar à letra da música. Na maioria das vezes, essas imagens são universalmente reconhecidas e associadas à luta pelos direitos civis.
Estou curioso para saber como o público reagirá ao show pessoalmente. Como é esse momento? E há algo, além dessas poucas perguntas, que mereça ser dito sobre esse lançamento?
Os corais, músicos e cantores representam um grupo etnicamente diverso de artistas cantando em harmonia e transmitindo ao público que pessoas de todos os tipos de origens podem se unir por meio da música e da canção. Atualmente, estamos realizando uma estreia nos EUA no outono de 2025. Nosso objetivo é levar o show em uma turnê mundial… que esperamos que inclua o Brasil!
Respostas de JB Meldrum
Santi Greco – “Choro Bandido” – (Espanha)
Você diz que a letra fala de amor e poetas, o que isso quer dizer precisamente?
Esta poesia é uma maravilha acompanhada de uma bela música, que fala de quão belas são as canções e poemas, embora possa haver falsidade em seus criadores. Acho que é uma ode à arte.
O primeiro parágrafo já diz tudo:
“Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons”
Em quais condições “Choro Bandido” está ligado a múisca e a cultura latina?
Em termos de poesia acho que é um pouco do que mencionei antes. A música latina é cheia de canções que falam de amor com uma poesia muito profunda. Boleros, Bossas Novas, Choros, Tangos. Sempre há um tema intimamente ligado ao amor.
E musicalmente falando, acho que essa música é uma maravilha da música popular brasileira que combina harmonias jazzísticas com uma essência rítmica brasileira e uma melodia primorosa.
Em termos musicais, de quais fontes você bebeu para compor “Choro Bandido”?
Essa música foi composta por Chico Buarque e Edu Lobo. Ouvi uma versão dessa música em um álbum chamado “Para todos ” e resolvi fazer uma adaptação daquele arranjo, que originalmente é para orquestra, para um arranjo para baixo acústico.
E, por fim, há alguma curiosidade sobre este lançamento que você julgue importante de ser destacado?
Simplesmente para dizer que espero que chegue a um público amplo e que em breve possamos compartilhar mais músicas com Marina Lledó em dueto. Nossa intenção é continuar aproximando os clássicos brasileiros do espanhol e poder aproximar ainda mais essas maravilhas da música e da poesia brasileira do público de língua espanhola.
Respostas de Santi Greco