30 de abril de 2025

Playlist “Além da BR” #268 – Sons do mundo que chegam até nós

Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”. Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 268ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes que nos são apresentados.

Até o primeiro semestre de 2024 publicávamos também no formato de texto corrido, produzido pela redação da Arte Brasileira. Contudo, decidimos publicar apenas no formato minientrevista, em resposta aos pedidos de parte significativa dos nossos leitores.

Cintia Maio“Dance To The Sun” – (Cape Verde)

Qual a melhor sinopse deste lançamento? Dance To The Sun é uma música que celebra a vida, a natureza, os recomeços, e também a música e a dança. É um convite para se entregar ao presente, permitir que o corpo se mova livremente e dançar com toda a alma e o coração, celebrando a beleza da vida e a energia do sol. Criada com amor e autenticidade, esta música é mais do que um simples som—é um chamado para despertar a nossa alegria e conexão.

E em qual momento surgiu essa composição? Ela surgiu após um inverno que foi emocionalmente intenso para mim, de muita reflexão. Na primeira semana da primavera de 2024, enquanto tocava meu violão sob o calor do sol e observando a natureza despertar ao meu redor, a letra e a melodia começaram a fluir.

E a letra, o que especificamente ela diz? Dance to the Sun fala sobre resiliência, transformação e a ilusão da solidão. Fala da luz divina que nos sustenta e ilumina nossas raízes —símbolo de tudo o que nos faz ser quem somos: nossos ancestrais, nossa história, força interior. Fala também das sombras do passado,  de aprender a perdoar—perdoar a si mesmo, perdoar os outros e reconhecer que cada teste que vivemos tem um propósito maior, cada dificuldade nos torna mais fortes. Esquecer o passado não significa negá-lo, mas sim lembrar-se de viver no presente, pois o que realmente temos é o agora.

Dançar para o sol é a libertação final, um ato de entrega, de celebração à vida, à natureza e de profunda gratidão— por tudo o que somos, por tudo que passou e por tudo que ainda está por vir.

Qual a ligação dessa música com o seu país, Cabo Verde? Embora eu resida nos EUA há vários anos, Cabo Verde vive em mim e, mesmo que Dance to the Sun tenha uma fusão global de influências, a essência da música fala de algo muito característico do cabo verdiano: a resiliência, a força diante das dificuldades e a celebração da vida, o amor à dança, e a música.

A música e a dança sempre fizeram parte da nossa cultura, da nossa forma de expressar alegria, saudade, amor e conexão. Dance to the Sun carrega esse espírito, esse convite para sentir, se entregar ao momento e celebrar a vida com o coração aberto.

E, afinal, quem é a artista Cintia Maio? Cintia Maio é uma cantora-compositora de São Vicente, Cabo Verde. É uma artista em um contínuo processo de autodescoberta.

Cresci em Mindelo, em uma família musical, e desde muito cedo me senti chamada pela música. Era como se as melodias e as palavras já estivessem dentro de mim, esperando para serem expressas. Também de cedo me senti atraída por diversas influências musicais globais, com uma fascinação especial pela música brasileira. Essa diversidade está muito presente nas minhas músicas, tanto no ritmo como na letra.

Acredito profundamente no poder curativo da música e nas palavras como mensageiras de transformação, e para mim, a música não é apenas uma forma de expressão, mas uma força que conecta, que envia luz e amor, e que nos lembra que, independentemente de nossa origem, somos todos parte de algo maior.

Respostas Cintia Maio

Maddox Jones – 21 – (Reino Unido)

https://open.spotify.com/track/5CYTirgNxE2Ev5iWQkBxyt

Qual é a melhor sinopse deste lançamento?21″ é uma música do meu segundo álbum ‘Waiting For The World To Turn‘ e recebeu uma nova vida nos Blackbird Studios em Nashville por alguns músicos incríveis e também por um cara de mixagem incrível, Vance Powell! Eles realmente deram vida à faixa! A música em si é sobre aceitar o envelhecimento ao mesmo tempo que não se deixa de lado o que é importante. Sua mensagem ressoou com os fãs por todo o Reino Unido em minhas recentes turnês.

E quando esta composição foi criada? Foi escrita na primavera passada nos Plastic Tree Studios em Northampton (Reino Unido).

E as letras, o que elas dizem especificamente? Elas são letras que fazem refletir sobre a vida e proporcionam um pouco de positividade à medida que o tempo avança. Lembre-se de que, não importa qual seja a sua idade, você não precisa ter tudo resolvido – a jornada de cada um é diferente! Eu acho que, como músico, é fácil cair na armadilha de pensar que você precisa ser jovem para ser relevante. Agora eu discordo completamente dessa afirmação. Nuestro tempo nesta terra é curto e passar tempo pensando que você é velho é apenas um enorme desperdício.

Quais movimentos e bandas musicais esta música é baseada, inspirada? Há um pouco de Beatles nisso, Phil Collins, Coldplay, Radiohead – composição clássica!

E, afinal, quem é Maddox Jones? Quem sou eu? Sou um cantor de Northampton! Fui criado em uma comuna cristã, amei música toda a minha vida, adoro criar e me conectar com outras pessoas através da música – simples assim!

Respostas Maddox Jones

André Pizarro Pepe – FR – (Portugal)

Qual a melhor descrição dessa música, seu conceito geral? Não escrevi a música com um conceito em mente. Após fazer a melodia principal do piano soube que queria algo com foco neste instrumento, talvez até uma peça de apenas piano, mais lenta e livre, tipo balada, sem ser tocada por mim. Eventualmente acabei por optar por uma sonoridade de banda, em quarteto, e decidi fazer o arranjo com um groove mais rápido e moderno, fugindo um pouco à sonoridade tradicional do jazz. O resultado final é uma mistura de um groove latin no contrabaixo, com acentuações comuns desse mundo musical, uma batida moderna e upbeat na bateria e um piano mais tradicional, com o trompete a solar e fazer um reforço melódico durante o tema. Das músicas que lancei, esta foi desenvolvida com o objectivo de ser mais energética e moderna.

Qual o tema da música? FR não tem um tema, mas diria que tem uma história. A forma como começa, livre, aérea, sugere falta de estrutura, como se retratasse o início de um sonho que termina repentinamente com a entrada da banda. Após a exposição e solos, a música termina com a mesma melodia inicial, regredindo para o estado de repouso do qual partiu. Portanto, embora não exista uma narrativa pensada, o som sugere uma viagem que, sem ter um tema específico, pode ser interpretada e imaginada pelo ouvido de cada pessoa.

Que originou a composição? Esta música começou a ser escrita em 2020, num antigo piano de família que se encontra na casa da minha mãe. Embora não saiba tocar bem piano, às vezes utilizo-o para explorar novas ideias, por ser um instrumento pouco natural para mim. Aí desenvolvi as melodias principais do piano e os acordes do resto da música. O resto foi composto posteriormente.

Há algo de curioso sobre o lançamento que você queira destacar? Sim, este foi o primeiro tema de um novo lançamento composto por três faixas. Estas formaram o trabalho chamado “Ecos, Vol.2″, que sucedeu o meu primeiro disco, “Ecos, Vol.1“, e vieram a completar esta coleção de músicas que foram compostas noutra fase da minha vida, como um Eco do meu passado criativo. Portanto, embora esta ideia tenha surgido há cinco ou seis anos, o facto de ter ficado em espera ajudou a composição a evoluir e atingir o estado certo de maturação. Se calhar se tivesse esperado mais cinco anos ficaria melhor, ou apenas diferente.

Respostas André Pizarro Pepe

Papa Jack Couch – “Get Up Out of Yourself” – (EUA)

O que especificamente você diz na letra da música e qual é a sua mensagem? A música diz que se quisermos crescer e nos tornar mais vivos, devemos deixar nossos esconderijos e nos envolver totalmente com as atividades de afirmação da vida daqueles ao nosso redor.

Em termos musicais, o que você propõe e quais artistas/gêneros são referências? A música é feita no estilo da Motown, desenvolvendo um groove emocionante. Ela propõe que deixemos uma existência introvertida e nos conectemos com as comunidades, esforços e celebrações do nosso mundo.

Há algo curioso sobre o lançamento que você gostaria de destacar? A banda faz referência a vários estilos em diferentes músicas, e esta enfatiza uma batida R&B e uma sensação Gospel. A seção principal da letra é a ponte, “Onde quer que você vá, o que quer que você deva provar, seu coração sempre saberá (que) não é fé até que você se mova!”

É possível traçar uma conexão entre essa música e seu país? Os EUA são geralmente conhecidos por pessoas que tomam medidas otimistas e enérgicas para promover seus sonhos e objetivos pessoais, e essa música nos lembra que essa é uma abordagem que ainda funciona.

Papa Jack Couch passou a maior parte de sua vida sustentando sua família, incapaz de perseguir os sonhos musicais que ele parecia destinado a ter quando era jovem. Foi somente depois que ele ficou viúvo e sozinho que o dom da música ressurgiu em sua vida. Desde então, ele gravou quatro álbuns com sua banda e várias dezenas como artista solo. Suas músicas são todas sobre amor e fé superando os desafios deste mundo difícil. Ele mora em Atlanta, Geórgia.

Respostas Papa Jack Couch

Nineties Worship Night“History Maker” – (EUA)

Em termos musicais, o que você propõe e quais artistas/gêneros são referências? Nineties Worship Night: “History Maker” é um remake do clássico de adoração dos anos 90 , originalmente gravado pela banda Delirious? em seu álbum King Of Fools,  lançado  em 1997. Em termos de produção musical, mantivemos a consistência com o som pesado de guitarra elétrica com delay, que lembra a banda U2 e muito proeminente na música pop rock durante aquele período.

Há algo curioso sobre o lançamento que você gostaria de destacar? Yancy: Anos atrás, comecei a descrever minha música como uma música que faz Jesus soar alto. Eu sou a favor de  uma  música que possa agitar  um  pouco. Acredito que a Palavra de Deus é verdadeira quando nos diz para gritar a Deus com  uma  voz de triunfo (Salmo 47:1). Mas seja a música alta ou baixa, meu desejo permanece inalterado: declarar os louvores do meu Rei com todo o meu ser. Por essas razões, a música “History Maker” é a colaboração perfeita entre meu ministério e o da Nineties Worship Night . Na verdade, lembro-me de cantar essa música quando era  adolescente  e nos meus primeiros anos de liderança de adoração . Fico arrepiado pensando na oração que é esse hino e como mais de vinte e cinco anos depois ainda é o clamor do meu coração. Estou animado para compartilhar essa música com  uma  nova geração e testemunhar que eles serão “criadores de história nesta terra”.

Afinal, quem é Nineties Worship Night ? Nineties Worship Night: Nineties Worship Night é um movimento que inclui música gravada, eventos ao vivo, um  podcast e  uma série documental que será lançada em breve. Nineties Worship Night é um  desafio para cada pessoa no Corpo de Cristo a reexaminar sua fé em Jesus e reacender sua paixão em servi-Lo. Além disso, queremos ministrar àqueles que se afastaram da fé e são atraídos de volta pelas memórias impactantes dessas músicas dos anos 1990. Por fim, oramos para que Nineties Worship Night atraia descrentes que sejam movidos pela autenticidade deste período e sejam compelidos pelas narrativas poderosas compartilhadas. Esperamos ter sucesso em criar pontos de conexão por meio de nossa série documental, música e eventos ao vivo que terão esse tipo de impacto.

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