Em se tratando de literatura posso dizer que ela é assim como a vida, uma caixinha de surpresas. A literatura é uma vertente de conhecimento e uma variedade de universos. Encontramos inúmeros autores desde os que estão em destaques aos que estão no anonimato, e junto deles nos deparamos com inúmeras histórias. Histórias estas, que nos dão a possibilidade de viajarmos por um mundo completamente literário.
Eu como leitora viajei profundamente na história de Hanzel e Augustus.
Eu vi o filme “A Culpa é das Estrelas” e chorei em muitas das cenas. Entretanto, lendo diversas versões de como Hazel procedeu após a morte de Augustus mergulhei fundo nesta história. Na época eu nem sequer pensava em ler o livro.
As indagações são tantas quando estamos diante de uma perda. Às vezes parece que perdemos o chão, que a vida parou e por alguns instantes deixou de fazer sentido. O que resta é a dor. Como está em ênfase no filme, a dor precisa ser sentida. E de fato precisamos passar pelo processo da dor. Até mesmo para podermos seguir em frente, pois há um mundo lá fora à nossa espera.
É normal se questionar. Tentar entender todo o processo da vida e a passagem da morte.
Eu acho que Hazel se questionou muitas vezes, até mesmo porque deve ter passado na cabeça dela que ela iria antes de Augustus. Não passou pela sua mente chorar a perda do seu grande amor.
Agora de posse do livro tenho outras percepções sobre a história, lendo o primeiro capítulo dei muitas risadas. A história pode ser fictícia, mas nos leva para várias vertentes da nossa realidade. O livro é ótimo, o autor John Green soube abordar bem os temas, o processo da aceitação e adaptação da doença, a espontaneidade de Hanzel de viver a vida e a sua forma madura de lidar com a perda de Augustus!
Contudo, posso dizer que cada escritor tem um caso de amor com a sua obra. Criam-se laços, dedicação e tempo. Muitos autores se envolvem e prestam um pouco de si para a sua obra. E esse envolvimento é como uma pertença de um mundo particular que passa a ser depois de muitos leitores. O autor se envolve e nos prende ali em sua obra.
Eu como leitora posso dizer que inúmeras vezes eu fiquei envolvida com uma obra literária e quis ter escrito aquilo que acabara de ler ou ter vivido aquele momento único. Menos aqueles dramalhões, eu sou do tipo romântica, não dá para viver uma história de terror ou suspense. Particularmente como escritora eu posso dizer que esse universo literário é um vasto mundo de possibilidades.
Passeando pela obra do escritor Samuel da Costa, o livro Solaris IV, entrei no seu mundo simbolista. O autor traz um simbolismo que exalta os deuses imortais. As suas belas musas são quase como seres perfeitos e intocáveis. O autor tem a capacidade de viajar para dentro de si e em nanossegundos se perder em um mundo particular onde estão todos os seus questionamentos, dores e perdas. No meu ponto de vista, ‘’um mundo totalmente seu em um sonhar acordado para uma realidade pós-modernista entre o tempo e o espaço’’.
Agora de encontro com o meu lado escritora, eu posso dizer que escrever é uma expressão corporal, sentimental, surreal, simbolista e realista. Sendo assim, a literatura nos dá inúmeras possibilidades.
Alessandra Reis ao escrever o livro “Meia lua em mim” trouxe uma forma leve e transparente a vida de quem vive com uma doença crônica, no caso deste livro a doença falciforme. Podemos entender em versos o que essa doença causa na vida de uma pessoa e como ela é encarada por muitos médicos.
Na vida algumas coisas vem de forma natural sem as nossas escolhas, às vezes não cabe a nós questionar e sim buscar a melhor forma de compreender. Eu posso dizer que este livro traz uma reflexão de tudo, algo que precisamos na maioria das vezes. Porque é bom se colocar no lugar do outro antes de obter qualquer opinião, de formar críticas, de formar julgamentos e até mesmo comparar a sua dor.
Como podemos ver essa viagem literária é o contraponto com a realidade. Nós até temos a oportunidade de encontrarmos figuras icônicas do nosso cotidiano.
Ontem mesmo, só não lembro o dia, eu vi o senhor de pele escura com o seu velho chapéu e passos arrastados com o seu guarda chuva na mão direita. Na outra mão um saco, onde devia carregar a sua marmita. Como faz todas as manhãs ele vai para a roça. Aposentado não tinha a necessidade de trabalhar, mas tinha prazer, de alguma forma isso o mantém em pleno vigor.
Aqui na minha rua tem essas figuras icônicas. Conheço um que eu mesma o chamo de ” o contador de histórias”, entre três palavras ditas uma história para contar. Às vezes o humor dele pela manhã não é o mais agradável, é de uma instabilidade incrível. Quando menos você espera ele está soltando risadas. E os seus pensamentos sobre política vão muito além do Século em que vivemos.
Enfim, a literatura é uma viagem que te leva para mundos. Cada autor nos dá diferentes sensações e aspectos sobre como isso pode movimentar nossas mentes.
Artigo de Clarisse da Costa escrito em novembro de 2023