Muitas sugestões musicais chegam até nós, mas nem todas estarão aqui. Bem vindos ao Lupa na Canção!
Esta é uma lista de novidades lançadas recentemente, de diferentes temáticas e gêneros musicais. Dificilmente você verá no Lupa canções do mainstream. A ideia é apresentar com uma “lupa” coisas novas e alternativas aos grandes sucessos, afinal é este uma das missões da Revista.
É importante ressaltar que as posições são aleatórias, não indicando que uma seja melhor que a outra.
Com samba e música pop, uma jovem sonha uma existência melhor na voz de Stephanie Soeiro
“Alice Tantas de Tantas” é o novo lançamento audiovisual do projeto “A voz suprema do samba é a liberdade”, do selo musical MUNDODETEMPO. O single, que é o quinto do projeto, tem a voz da jovem Stephanie Soeiro, acompanhada pela Orquestra Villa-Lobos, um programa de educação musical para jovens da periferia de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A música tem elementos em especial do samba, mas com a estética da música pop e da chamada Nova MPB. Na letra, a abordagem da realidade cotidiana de uma jovem sonhadora, em busca de uma existência melhor por meio de novas possiblidades. O clipe, por sua vez, tem referência ao imaginário do escritor Lewis Carroll.
MINI ENTREVISTA
Alguém vai “levando a vida de um Dom Quixote” em canção MPB com letra de Paulo Pereira e música de Pedro Iaco
Com quais palavras você pode apresentar este lançamento?
“Xote de la Mancha” é uma música de Pedro Iaco com letra minha, com estilo único, onde misturam-se elementos de música popular com um clima meio camerístico, com instrumentos como o violão mágico de Pedro Iaco, o violino maravilhoso da Paloma Pitaya, e a minha participação na flauta. A produção e o arranjo ficam por conta do grande mestre Swami Jr.
O que você canta nos versos e qual sua mensagem?
Contamos a história fictícia de um personagem que vai “levando a vida de um Dom Quixote”, como canta o último verso da canção. A coragem para considerar os enfrentamentos das causas perdidas é o tema central.
Qual a fonte de inspiração desta composição?
Certamente a obra de Cervantes (transladada para os dias atuais) é a principal inspiração da letra. O nome provisório da música dada pelo Pedro era “Quixote” , antes mesmo da letra ser concebida. Isto já refletia o seu desejo de enveredar pelo Universo desta obra literária magnífica.
Como você define a sonoridade da música?
O clima da voz e do violão do Pedro Iaco já é extremamente particular. Ele tem sempre um colorido jazzístico e erudito em suas interpretações. Emoldurando estas características, estão as intervenções do violino e da flauta. Não há instrumentos de percussão e o andamento varia conforme o sentimento do Pedro, agindo como intérprete e maestro. Tudo isso remete a um clima um pouco camerístico da música.
O que esta faixa diz sobre o seu novo álbum “Quixote”?
Esta música é a única parceria do meu álbum, que é uma homenagem às pessoas que se engajam em missões impossíveis. Isto é um tema recorrente do álbum. Não pode ser chamada literalmente de faixa título, mas várias outras faixas do álbum orbitam em torno deste tema, explicitamente ou implicitamente.
Respostas de Paulo Pereira, letrista de “Xote de la Mancha”
O doce sambinha de Ana Luísa Ramos é para quem vive de saudades
Se tivesse que apresentar rapidamente esta música para alguém, o que diria?
Essa é uma canção que fala da saudade que fica quando perdemos alguém e da falta que ela faz.
Qual a ideia da letra, o que a música diz?
A letra fala sobre perder alguém. Da saudade que fica, da dor que machuca e também das lembranças lindas que estão eternizadas e de toda beleza que existe no ciclo da vida.
Como esta canção surgiu, o que a inspirou?
Essa canção surgiu primeiramente como um poema, depois que tive a ideia de musicar. Por ser em homenagem ao meu avô, quis que fosse um sambinha (gênero musical que ele amava).
Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?
Embora seja uma sambinha em português, o videoclipe foi gravado em pleno inverno canadense! O que acaba trazendo um contraste interessante.
Respostas de Ana Luísa Ramos
Ideias do livro sul-coreano “Sociedade do cansaço” são traduzidas em poesia e rock na nova canção da banda Caosmaria
Se tivesse que apresentar rapidamente esta música para alguém, o que diria?
Essa música aborda um tema atual. Tem uma letra simples e direta com um instrumental único gerado por uma mistura de hardcore e metal, somada a brasilidades.
Qual a ideia da letra, o que a música diz?
“Cacho de Marimbondo” é uma metáfora dos nossos pensamentos embaralhados causados pela ansiedade, assim como um enxame. Descreve que o excesso de positividade da nossa atual sociedade nos leva à autoexploração. Acredito ser um dos grandes causadores dessa doença moderna.
Qual a mensagem dela?
De certo modo, conscientizar que o mal do pensamento acelerado é causado pela vida que levamos hoje. As redes nos vendem o discurso de que podemos conquistar tudo e que somos totalmente responsáveis pelo nosso sucesso e fracasso, ocultando que existem diferenças de classe e a real falta de oportunidade que determina a distância entre o sujeito e o “sucesso”, e como isso é danoso para a saúde mental.
Como essa canção surgiu? O que a inspirou?
Em meio a crises de ansiedade e à falta de acesso a tratamento, procurei entender melhor esse problema. Li um livro chamado “Sociedade do cansaço” do autor sul-coreano Byung-Chul Han. Logo comecei a escrever a letra baseando-me no que absorvi.
Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queria destacar?
Essa letra foi escrita em cima de um sample de pandeiro em looping num estilo samba. Eu ainda não era vocalista da banda, mas queria somar com letras e apoio vocal. Quando assumi o vocal principal, foi nossa primeira música da nova formação.
Respostas de Gabriel Sant’ Anna, vocalista da banda e autor da letra da música
K Sea Ya zela pelo legado cultural ancestral de Minas Gerais ao narrar o rito de passagem de uma menina para a fase adulta
Qual a proposta geral desta música?
Em “Menina Grão”, é uma jornada de reflexão sobre o feminino e o legado cultural ancestral de Minas Gerais. A música cria uma atmosfera mística que enfatiza o rito de passagem da menina para a fase adulta, entregando a mensagem da sabedoria cabocla conectada à terra, onde brota um novo ser. Inspirada na estética musical da congada, patrimônio cultural e imaterial do Brasil, a canção é um tributo à identidade brasileira e suas origens culturais.
O que há nos versos de “Menina Grão” e qual sua mensagem?
Nos versos há poesia extraída da vida, dos ritos de passagem da mulher e movimentos de regeneração que apontam algumas importantes considerações no legado cultural do Brasil como referência na consciência ecossistêmica.
O papel das mulheres rezadeiras, curandeiras e desse conhecimento ancestral, é o poder feminino de curar “cuidar”. Esse é um importante legado e patrimônio cultural do Brasil que precisamos fortalecer e preservar. “Menina Grão” é um chamado para a regeneração e a cura do feminino, através desse vies espiritual, do sentir, da conexão com o coração e com a natureza. É um chamado a sanação coletiva a partir de indivíduos integrados a essa raiz ancestral, da capacidade de sentir, e criar o futuro a partir dessa conexão. A religação com a natureza religa e universalmente a todo o ecossistema plural em equilíbrio. A celebração da cultura da Congada mineira aponta essa direção, e também as raízes da minha ancestralidade de Minas Gerais. Compor e encantar essa canção é uma cura pra mim e minha família. Essas questões me inspiram a seguir a diante, sempre reconectando, relembrando e integrando essa ancestralidade.
“Sana menina semente revela a fêmea que sente, mulher sábia futura anciã.”
“A origem é um rio que nasce do coração.”
“No rezo um fio eu teço, fé no teço na mala de prece, transmuto a dor curo a peste, é remediação ancestral…
é transição universal.”
Musicalmente, o que “Menina Grão” apresenta?
A música cria uma atmosfera mística que enfatiza o rito de passagem da menina para a fase adulta, entregando a mensagem da sabedoria cabocla conectada à terra, onde brota um novo ser. Inspirada na estética musical da congada, patrimônio cultural e imaterial do Brasil, a canção é um tributo à identidade brasileira e suas origens culturais. O single foi gravado no estúdio Lunik, em São Paulo, Com produção e arranjos de Caíto Marcondes e engenharia de som de Gian Berselli e Danilo Aurelio. A mixagem e masterização foram realizadas por Homero Lotito. K Sea Ya (voz) foi acompanhada por Lulinha Alencar (sanfona), Shen Ribeiro (flauta), Raquel Coutinho (percussão e coro), Priscila Garcia (coro) e Caíto Marcondes (percussão).
O que simboliza a capa do single?
“ser mente corpo raiz menina grão.”
Há alguma curiosidade sobre este lançamento que você queira destacar?
“Menina Grão” foi minha primeira composição escrita e gravada, e o segundo single lançado, o primeiro foi “Crisálida”. Esses dois lançamentos é parte de um álbum em gestação, “Cantos para Transições”, que é inspirado nas transições e ritos de passagem ao feminino ecossistêmico.
Respostas de K Sea Ya