11 de dezembro de 2024
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Um bate-papo com Supla, sobre seu novo álbum “SuplaEgo”

(Capa do álbum)

O caos causado pelo Covid-19 atrasou o mundo todo. Porém, para Supla, o momento não foi sinônimo de estacionar, de parar na pista. O distanciamento e isolamento social deram origem a novos projetos. Durante os últimos meses, o músico presenteou os fãs com vários singles e vídeos. Entre esses, está “Meu Próprio Mundo”, “Fall To The Ground”, “Delírio Tropical”, os três como bons exemplos.

Porém, a grande e sábia sacada de Supla para o turbulento 2020, é o lançamento de “SuplaEgo”, álbum que não nega, em nenhum segundo, o amor do cantor e compositor pelo velho e bom Rock N Roll. Composto por 13 faixas influenciadas pelo punk e disco music, o trabalho é fruto, também, da parceria inédita de Supla com seu sobrinho, Teodoro Suplicy, responsável pelas composições em português, ao lado de Supla.

Do outro lado estão as composições em inglês, algo já clássico na vida e obra de Supla. Essas são apenas 4 faixas, sendo compostas em parceria com a pianista Victoria Wells. Nesse sentido, vale destacar a balada “Petals and Flowers”, canção de ritmo cubano e que conta com o vocal de Victoria. Para dar aquela pitada especial, a faixa “Sangue Vermelho”, tem a bela participação de Karol Conká, uma das grandes representantes do rap nacional na atualidade.

Se você chegou até aqui, é claro que quer saber mais sobre “SuplaEgo”. A seguir, você vai ler uma entrevista que eu, Matheus Luzi, realizei com o Supla. Um bate-papo descontraído e super informativo. Não perca!

Matheus Luzi – Supla, é um enorme prazer entrevistá-lo. O nosso público vai adorar!

Supla – You are very kind! [Tradução: “Você é muito gentil!”]

Matheus Luzi – O nome do álbum eu achei fantástico! Eu até arriscaria dizer algo sobre, mas é mais legal você falar de onde vem este nome e o que simboliza.

Supla – Obrigado! O nome surgiu em uma brincadeira, onde meu amigo Bernard Rhodes (ex empresário do Clash) e eu estávamos brincando com palavras e saiu SuplaEgo, como superego. Achei muito divertido e pensei “por que não usar esse nome como título do meu novo álbum?”. Muita gente acha que superego é como ter o ego inflado…, mas não é. O superego segura os impulsos do ID.

Matheus Luzi – Pegando gancho na pergunta anterior, é interessante a forma como você cita bandas e músicos na faixa “SuplaEgo”, indo de Raul à Mick Jagger.

Supla – A letra foi feita com meu sobrinho Teodoro Suplicy e pensamos que esses nomes seriam perfeitos para a canção. Pois esses caras tem um ego grande, mas sabem lidar bem com essa exposição.

Matheus Luzi – Na faixa “Embaixo da Unha” você faz uma crítica muito forte, citando inclusive nomes do atual momento, “corona”, “uber” e “Mark Zuckenberg”. O que você tem a dizer sobre essa música e sua mensagem?

Supla – Quando fiz essa letra com meu sobrinho, disse a ele que todas essas novas palavras – Uber, corona, Netflix, e mais um monte delas – estavam muito presentes em nosso cotidiano e seria interessante fazer uma letra num tom de crítica. Pois eu detesto a palavra selfie! Acho muito individualista e burra… a internet é fantástica, mas nós temos que saber usar essa ferramenta e não sermos idiotas. Digo isso no plano da superficialidade… vamos mais a fundo nas questões e não ficar seguindo os outros. Tenha sua opinião e preste atenção no que outros têm a dizer a você, mesmo para tirar suas próprias conclusões! E não ficar embaixo da unha sem testemunha.

Matheus Luzi – As músicas em português foram compostas por você em parceria com o seu sobrinho Teodoro Suplicy e as em inglês em parceria com a pianista Victoria Wells. Como tudo isso aconteceu? Com foi esse processo?

Supla – Meu sobrinho é ator, e certo dia me disse que teria interesse em fazer letras de músicas comigo, eu falei “beleza… vamos tentar”, e gostei muito da parceria. Ele é um rapaz que está bem ligado nas movimentações políticas, comparece aos protestos e tem uma genuína humildade que acho admirável. Nossa parceria funcionou! Já com a Victória, nós escrevemos “Life Style (Anarquia)” para o meu álbum “Illegal” (lançado em 2018), que entrou também na trilha sonora de um documentário do Sid Vicious (Sad Vacation), dirigido por Andy Garcia, e foi bem a cena onde o Sid está saindo da cadeia. Sou bem orgulhoso desse feito. E depois lançamos um álbum (“Hard Times”), em 2019, totalmente experimental eletrônico. Então nós já tínhamos uma química. Sabendo disso, eu tinha certeza que “Kung Fu On You” seria uma música que iria dar o que falar… sem contar que acho ela muito linda e super talentosa! Ela “matou a pau” no vídeo do “Kung Fu”! Mas a minha faixa favorita com ela no álbum se chama “Petals and Flowers”, onde ela faz um lindo backing vocal numa levada a “la cubana”, com um trompete ao fundo! Fantastic.

Matheus Luzi – Como você enxerga a sonoridade das faixas deste álbum? O que você acredita ter trazido de novidade?

Supla – It ‘s a fucking rock and roll album! Com fortes influências de punk com pitadas de disco music. Na época eu estava escutando disco e queria algo para dançar, misturando com guitarras como você pode averiguar nas faixas “Granada” e “Sangue Vermelho” (com participação da Karol Conka). Para mim, foi novidade trabalhar com estes elementos, então isso pode ser a novidade (risos)! Mas se a canção não for boa, de nada adianta!

Matheus Luzi – Você considera alguma faixa do álbum como carro chefe, de mais impacto? Se sim, por que?

Supla – Na verdade, não! Gosto de todas! Cada uma tem o seu porquê de estar ali. Adoro a música “Rei dos Gays” (um funk rock), com uma letra que expressa bem o meu sentimento de repúdio a todos racistas e machistas de plantão!

Matheus Luzi – Seria possível estabelecer, de uma maneira geral, a mensagem do álbum “SuplaEgo”?

Supla – Sim! Seja você mesmo! Acredite em você! Mesmo alguém tentando te colocar para baixo! E seja firme em suas colocações e convicções! Fuck them all!

Matheus Luzi – Supla, agora deixo você a vontade para falar o que quiser.

Supla – Sou muito grato poder estar aí, até hoje fazendo o que mais amo, que é compor, ir no estúdio gravar e, depois, a maior recompensa de todas: tocar ao vivo para o público e ter essa troca de energia! Agradeço a você por esse espaço! Always fucking remember! Gratidão brother! Peace! Thank you! Já ia esquecendo, a última música do álbum se chama “Granada”, e tem uma pegada disco rock também. A letra é o sentimento mais puro de estar com alguém que lhe dê muito prazer. Aproveite estes momentos, pois são preciosos em nossas vidas, e nada é para sempre! C’mon kids!

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.