12 de maio de 2025

ALÉM DA BR – Uma lista de lançamentos focada em produção musical e gravação em estúdio (#12)

Já é um sucesso o nosso quadro ALÉM DA BR, focado em artistas não-brasileiros. Com o ALÉM DA BR, já divulgamos mais de três mil músicas de artistas de todas as partes do mundo. Agora, apresentamos um novo lado desta lista, no qual iremos focar nos processos de produção musical e de gravações em estúdio. Para isso, selecionaremos sempre cinco artistas, que irão contar com suas próprias palavras como foram estes processos de sus novas músicas. Vale dizer que o conteúdo produzido por eles tem exclusividade da Arte Brasileira, escrito sob encomenda. A sequência foi escolhida via sorteio, ou seja, não há “melhores e piores”.

Vamos nessa?

Alonso Franco – “El duro” – (Peru)

Não tive a sorte de ter um círculo de amigos ligados ao mundo da música. Por esta razão, até hoje trabalhei sozinho em toda a minha produção musical. E com isso quero dizer tocar todos os instrumentos, cantar todos os vocais, mixar e masterizar de forma caseira. O lugar onde gravo todas as minhas músicas é um pequeno cômodo no meu apartamento, modestamente preparado para gravações.

Nem sempre tenho clareza sobre o tipo de atmosfera que cada música exige. Então eu costumo carregar as músicas com sons e depois começo a subtrair. Como trabalho sozinho, tento usar qualquer instrumento que tenha por perto e, às vezes, tenho que compensar a falta de um trompete com uma gaita ou um kazoo, uma bateria com um bongô ou um cajón peruano, etc. O que às vezes leva algum tempo, porque tenho que aprender algo novo para dar corpo ao som que estou procurando.    

Eu caminho sozinho por esse caminho, como disse no começo. Mas também através da orientação de professores que tive o privilégio de conhecer, e professores que não conheço, mas cujas aulas posso assistir graças à internet. Eu diria que essas interações também fazem parte do meu processo de produção e gravação. Eu ouço o máximo de música que posso e tento não apenas apreciá-la, mas também aprender ao longo do caminho e aplicar o que aprendi aos meus próprios projetos.

Minha avó incutiu em mim o amor por histórias. Minhas músicas geralmente são histórias que outra pessoa me contou ou que eu mesmo vivenciei. Mas quase sempre tento contar na primeira pessoa. O difícil é o resultado de uma conversa. Em que um dos participantes fica magoado por ter sido abandonado pela companheira. Ele jura que se ela retornar, ele se vingará dela amando-a mais do que antes de ela partir. 

Levei vários anos para publicar o livro porque senti que faltava alguma coisa. O problema era a percussão, nada me agradava. Tentei efeitos de bateria, bongôs, chocalhos e nada. Um dia ouvi o percussionista do projeto La Lá do Peru tocando. E ele tocava músicas pop com um cajón peruano e uma escova de plástico. Naquele momento decidi tentar. E foi assim que encontrei a solução para o problema da percussão e, pouco mais de 6 anos depois de escrevê-lo, consegui publicar El Duro.  

Comentário de Alonso Franco

Monsieur et Madame LoOps“À toi aussi ça peut t’arriver” – (França)

Neste instrumental, o processo criativo começou com um sample de drum machine de uma faixa de reggae digital da velha guarda de Tonton David, um dos pioneiros do reggae francês. Foi difícil resistir à tentação de adicionar uma linha de baixo digital gorda! E depois, ao mesmo tempo, a vontade de enriquecer a amostra de bateria kitsch com sons mais modernos! Depois de encontrar os teclados skanky certos, veio-me à cabeça a ideia de uma melodia electro simples mas poderosa! O riddim nasceu fixe!

Para a letra, a inspiração veio de acontecimentos sociais actuais e até mundiais, porque as ideias estão no ar! Basicamente, nada muda, os ricos ficam cada vez mais ricos e não querem pagar impostos, e os pobres ficam cada vez mais pobres porque pagam sempre o preço total de tudo!

O sistema mantém-se porque somos levados a acreditar que, tal como na lotaria (ou no casino), todos temos uma oportunidade (Haha a boa piada, todos sabemos que é o banco que acaba sempre por ganhar!), daí o título da canção: “à toi aussi ça peut t’arriver!” tradução: “Também te pode acontecer a ti! Finalmente, para nós (pessoas comuns), o que importa no dia a dia é: “O que nos une e não os que nos dividem, o que fazemos juntos e não o que o ódio suscita” (refrão).

A gravação foi feita no nosso estúdio caseiro no sul de França, usando cubase e uma focusrite scarlett i2, um portátil e um sintetizador mininova, em suma, equipamento simples e acessível.

Eis as linhas gerais do processo criativo e de gravação.

Estamos muito contentes por, graças à magia da internet, esta faixa ter atravessado o Atlântico – é um sonho tornado realidade!)

Comentário de Monsieur et Madame LoOps

Prince Enoki“The Function of Freedom (It’s Your Turn)” – (Canadá)

“The Function of Freedom (It’s Your Turn)” foi gravado em várias etapas. Primeiro, um loop e uma parte de baixo. Em seguida, o Kora foi adicionado por Diely Mori Tounkara enquanto ele estava em Toronto para uma apresentação. Depois disso, a bateria foi gravada remotamente por Davide DiRenzo. Depois disso, adicionamos o quarteto de sopros e, em seguida, a parte vocal. Foi uma alegria trabalhar com Wado Brown nessa música! O trabalho ainda não está completo – tenho alguns remixes chegando.

Comentário de Prince Enoki

Henry Blaeser“Balcony” – (EUA)

Produção: “Balcony”  surgiu quando eu sobrepus loops orquestrais em torno de uma progressão de piano desequilibrada, criando uma energia flutuante e caprichosa — central para o meu trabalho. Justapus esses elementos cinematográficos mais leves com bateria e baixo mais encorpados, que carregavam o peso da dança ou do hip-hop. Para compor o cenário, adicionei uma gravação de campo de um coquetel, evocando  a paleta surreal de “De Olhos Bem Fechados “, me convidando a explorar o uso de máscaras como metáfora para as tensões políticas da última década, particularmente a atração dos jovens por figuras de direita e sua crescente distância em relação às jovens liberais. 

Gravação: Como a maioria das minhas faixas, “Balcony”  utiliza registros vocais variáveis ​​para incorporar diferentes perspectivas — uma abordagem inspirada por “metamorfos” vocais que historicamente admiro — que espelha a imperfeição, a zona cinzenta e a volatilidade da vida na realidade. O falsete frequentemente transmite desespero ou medo, enquanto a voz de peito geralmente transmite clareza ou percepção. Eu escrevo as letras durante a gravação, muitas vezes criando sequências vocais em camadas de uma só vez para preservar a autenticidade do momento — uma disciplina que impulsiona o crescimento artístico.

Comentário de Henry Blaeser  

Kingston Sound System“Smalltown Boy (feat. Jimmy Somerville)” – (Jamaica)

O Loop tem o prazer de apresentar o novo lançamento de um projeto musical único, Classic Hits In A Reggae Groove, um projeto que reimagina uma série de sucessos atemporais com os vocais inesquecíveis dos artistas originais. A banda jamaicana Kingston Sound System fornece a instrumentação para recriar as músicas em um autêntico estilo reggae. Esta nova versão de “Smalltown Boy” combina os vocais originais do vocalista do Bronski Beat, Jimmy Somerville, com instrumentação reggae autêntica. A sensação de saudade nos vocais originais ainda está presente, desta vez transbordando dub e instrumentos de sopro ao vivo. A versão do Kingston Sound System combina esta faixa icônica da pista de dança com um groove reggae, criando uma nova interpretação que soa tão perfeitamente combinada quanto a original. Os fãs podem esperar lançamentos mais emocionantes, já que o Kingston Sound System continua a explorar versões com infusão de reggae de músicas icônicas de toda a história da música. Com cada faixa, o projeto promete oferecer uma nova perspectiva sobre clássicos familiares, mantendo-se fiel ao espírito original das músicas e aos artistas por trás delas. Fique ligado para mais sucessos retrabalhados do Kingston Sound System, misturando reggae com o melhor da história da música.

O lançamento mais recente é uma das faixas mais impactantes da década de 1980, “Smalltown Boy”, do Bronski Beat. Gravada por uma banda que já tocou com nomes como Ziggy Marley, Peter Tosh, Sly & Robbie, Wyclef Jean e muitos outros, “Smalltown Boy” é o mais recente lançamento da próxima coletânea “Classic Hits In A Reggae Groove”. Considerada “uma música perfeita”, “Smalltown Boy” foi um sucesso em todo o mundo desde seu lançamento em 1984. É uma faixa que permanece tão relevante hoje quanto na época em que foi lançada, permanecendo como um hino na comunidade LGBTQIA+. Através do uso contínuo em filmes e TV, e recentemente remixada e remasterizada para seu 40º aniversário, a faixa encontrou uma nova vida em 2024 nas mídias sociais. Essa nova imaginação é possível com o total apoio e as bênçãos do vocalista Jimmy Somerville, dando uma nova vibração ensolarada à música original que encheu as pistas de dança.

Comentáro de Kingston Sound System

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