18 de janeiro de 2025
Além da BR

Playlist “Além da BR” #240 – Sons do mundo que chegam até nós

Além da BR

Somos uma revista de arte nacional, sim! No entanto, em respeito à inúmeras e valiosas sugestões que recebemos de artistas de diversas partes do mundo, criamos uma playlist chamada “Além da BR”. Como uma forma de estende-la, nasceu essa publicação no site, que agora chega a sua 240ª edição. Neste espaço, iremos abordar alguns dos lançamentos mais interessantes que nos são apresentados.

Até o primeiro semestre de 2024 publicávamos também no formato de texto corrido, produzido pela redação da Arte Brasileira. Contudo, decidimos publicar apenas no formato minientrevista, em resposta aos pedidos de parte significativa dos nossos leitores.

Martin Garcia Canción“Rio” – (Argentina)

Qual a melhor descrição deste lançamento? Rio é uma música paisagística que explora minha ligação com os cursos d’água, mesmo que eles não façam parte do meu cotidiano nas montanhas. É um convite à reflexão sobre como as paisagens externas também falam do nosso mundo interno, das experiências e emoções que carregamos conosco.

O que você retrata na letra e qual a sua mensagem? A letra retrata dois tipos de rios que conheço: os grandes, caudalosos e marrons que vejo quando viajo para outras cidades ribeirinhas, e os pequenos, sinuosos e sazonais nas áreas montanhosas perto de onde moro, e como estes ficam quase o ano todo secos e na época das chuvas, dada a inclinação dos morros, descem com força total e muitas vezes geram enchentes. Além de descrever paisagens, o Rio também mostra como tudo o que observamos e descrevemos acaba sendo um reflexo de nós mesmos.

A partir de qual reflexão ou acontecimento nasceu essa composição? A ideia nasceu da experiência de um amigo uruguaio que mora perto de um rio. Ele veio visitar a minha região e escreveu uma música que falava das montanhas, algo que lhe era estranho, mas que o inspirou. Isso me levou a fazer o mesmo exercício: escrever uma música sobre rios, mas do meu ponto de vista, falando sobre aqueles que conheci ao longo dos anos.

Há alguma curiosidade que você queira pontuar? Uma curiosidade é que, quando comecei a escrever esta música, percebi que o que parecia uma descrição dos cursos de água do noroeste argentino tornou-se algo mais profundo. Os versos começaram a refletir a realidade social da região: a sua luta, a sua resiliência e a sua capacidade de fluir face às adversidades. E no refrão a música vira espelho, revelando que eu mesmo sou como aquele rio, atravessando caminhos incertos, carregando dúvidas e certezas no mesmo canal.

Qual a ligação desse lançamento com a música e a cultura argentina? O vínculo é forte porque o Rio é uma zamba, que é um gênero típico do norte da Argentina, um gênero que faz parte da alma da nossa música folclórica. E através dessa música ela me conecta com essa raiz, mas a partir de uma visão contemporânea, usando o rio como símbolo de transformação e busca. É uma homenagem às paisagens que fazem parte da minha identidade e à capacidade da zamba de expressar o mais profundo das nossas emoções.

Respostas Martin Garcia Canción

Horacio Aguilar“Zamba del Laurel (Cuchi Leguizamón Cover)” – (Argentina)

Qual a melhor descrição desse lançamento? HA: – Minha versão da Zamba de Louro e apenas uma homenajem a um hino da minha juventude e a dois grandes da cultura popular argentina. A letra é de Armando Tejada Gómez (“Canción con Todos”, “Hay un niño en la calle”…) e a música de Gustavo “Cuchi” Leguizamón (“La Pomeña”, “Balderrama”…).

O que retrata na letra e qual sua mensagem? HA: – Tejada Gómez disse que o primeiro verso foi inspirado por uma pergunta de sua filha: Se o verde tivesse outro nome, qual seria? Depois de muita insistência, ele respondeu: Orvalho! Depois o poeta conta à filha sobre sua infância no rio, o mistério da vida e como esperou por ela.

Acho que o tema central é a experiência de trazer uma criança ao mundo. A paternidade é ao mesmo tempo testemunho de vitalidade, consciência da morte, transcendência e prova da união entre o homem e a natureza. Tudo isso está condensado em a frase final: “Morro para eu voltar coletando o orvalho na flor de louro”. Então a poesia fala sobre comemorar o ciclo da vida.- Quais artistas/bandas e movimentos musicais influenciaram essa música?HA: – “Cuchi” Leguizamón foi um grande innovador da música popular argentina. No lado vanguardista, ele misturou as danças folclóricas com a harmonia do jazz e da música erudita pós-romântica. Ele tinha ouvidos Ellington ou Billie Holiday, mas também Satie, Ravel, Bartok, Debussy e Stravinsky… mesmo a Jobim, Vinicius, Chico e Milton. No lado da tradição, incorporou ao zamba (ritmo do norte da Argentina) a melodia de três notas da baguala (cantiga com caixa).

Na minha interpretacão, tentei honrar as influéncias modernas através de instrumentais impressionistas e extensões harmônicas, sem perder o toque comum na voz, porque isso foi concebido como uma canção para o povo, não para as elites.

Há alguma curiosidade que você queira pontuar? HA: – Sinto orgulho de ter alcançado esta versão, tem sido um desafio muito grande para mim. Para o final, no estilo baguala, é comum cantar forte e chegar ao falsete. Acontece que a baguala costuma ser cantada em um círculo de mulheres nativas, como um evento festivo. É um sopro de alegria para um som melancólico… Ou assim espero ter expressado.

Por fim, diga aos leitores do ALÉM DA BR quem é o argentino Horacio Aguilar. HA: – Sou cantor, compositor e arranjador de Salta, Argentina, e antes de tudo um amante da música e um agradecido de poder aprender e transmitir a cultura do meu canto de América Latina.

Respostas Horacio Aguilar

LEROY SEH – “Ma vie est féconde (My life is fruitful) – Remix (Remix by LEROY SEH )” – Costa do Marfim

Qual a melhor descrição desse lançamento? É uma música que dá todas as graças a Deus. Uma mistura entre duas culturas: Leroy Seh , que é africano da Costa do Marfim, e Renwick Duesbury, que é dos Estados Unidos da América.

O que você retrata na letra e qual sua mensagem? É uma música que agradece a Deus pelo que ele é para nós. É em Deus quem deposita toda a nossa confiança, com Deus a nossa vida é frutífera.

Musicalmente, como você a descreve? Como já falei anteriormente, é uma música de abertura, entre Rap Gospel e raggae. É um título de mistura entre África e América. mostra a unidade que surge quando cantamos para Deus

Há alguma curiosidade que você queira pontuar? Quando essa música foi enviada para o americano que participa deste título, Renwick. Sem entender a minha versão francesa, ele escreveu o mesmo tema, tinha escrito o mesmo título em inglês da versão francesa. foi extraordinário, o Espírito Santo é verdadeiramente Um.

respostas LEROY SEH

Jason Sinay – “Picture Perfect” – (EUA)

Qual é a melhor descrição das músicas? A música de Jason Sinay , e especificamente Picture Perfect , é uma aula magistral de composição atemporal. Ela combina narrativa pessoal com instrumentação rica e enraizada, explorando uma mistura autêntica de rock, folk e americana. Cada faixa parece pessoal, mas universal, convidando os ouvintes a momentos de reflexão e amor. Com arranjos exuberantes e performances emocionantes, Sinay cria um som que é ao mesmo tempo fundamentado e expansivo — música que parece vivida, mas fresca.

Quais são as mensagens da música? Em sua essência, a música de Jason  Sinay explora temas de conexão humana, resiliência e autodescoberta.
Picture Perfect celebra a beleza imperfeita do amor, capturando a vulnerabilidade e a força encontradas em relacionamentos genuínos.
Em suas músicas, muitas vezes há uma corrente oculta de esperança, combinada com uma disposição de enfrentar as complexidades da vida de frente.

Quer ele esteja refletindo sobre crescimento pessoal, amor ou a passagem do tempo, a música de Sinay encoraja os ouvintes a encontrar significado tanto na alegria quanto na luta.

No final, em quais bandas, artistas e eras musicais você se baseia? Jason Sinay se inspira em algumas das eras e artistas mais icônicos do rock. Sua música ressoa com a narrativa comovente de Neil Young, o brilho melódico de Tom Petty e The Heartbreakers e a vibração descontraída da Califórnia de Jackson Browne e The Eagles. Há também um toque de coragem blues que lembra Eric Clapton e a intimidade emocional de John Prine. Embora enraizada no rock clássico e nas tradições americanas, a música de Sinay carrega uma qualidade atemporal que preenche a lacuna entre passado e presente.

Respostas Jason Sinay

Josué Kinter “Summer Kisses, Winter Tears” – (EUA)

Sobre o que é essa música? Esta canção é sobre ansiar por um amor que parece distante agora; da mesma forma que o calor do verão pode parecer distante no meio de uma noite fria e dura de inverno. Ainda assim, as memórias queimam intensamente, mantendo o coração aquecido com a chama do amor.

Qual é a letra da música?

Beijos de verão, lágrimas de inverno
Foi isso que ela me deu
Nunca pensei que viajaria sozinho
A trilha das memórias

Horas felizes, anos solitários
Mas acho que não posso reclamar
Pois ainda me lembro do sol de verão
Através de toda a chuva de inverno

O fogo do amor, o fogo do amor
Pode queimar de longe
E nada pode iluminar a escuridão da noite
Como uma estrela cadente

Beijos de verão, lágrimas de inverno
Como as estrelas, elas desaparecem
Deixando-me para passar minhas noites solitárias
Com sonhos de ontem

O fogo do amor, o fogo do amor
Pode queimar de longe
E nada pode iluminar a escuridão da noite
Como uma estrela cadente

Beijos de verão, lágrimas de inverno
Como as estrelas, elas desaparecem
Deixando-me para passar minhas noites solitárias
Com sonhos de ontem

Deixando-me passar minhas noites solitárias
Com sonhos de ontem
Beijos de verão, lágrimas de inverno

Como surgiu essa composição? Esta música é uma interpretação de uma composição de um velho faroeste chamada “Flaming Star”. Ela foi tornada famosa pela primeira vez por Elvis Presley e também regravada por Julee Cruise. Ouvi uma versão alternativa de Elvis e fiquei muito impressionado com a vibração espaçosa daquele arranjo em particular. Adorei o romantismo e o desejo na letra. Então, eu queria pegar esses sentimentos e reembalá-los com meu próprio sabor único.

Musicalmente, quais artistas e movimentos influenciaram essa música? Sou muito influenciado por uma ampla gama de artistas e gêneros. Esta faixa em particular tem elementos de pós-punk, dream pop e baladas cantadas de artistas como Lee Hazlewood, Roy Orbison ou Scott Walker. A instrumentação é mais influenciada por pós-punk como Suicide, Lydia Lunch ou Rowland S Howard; misturado com o estilo de balada rock/western dos anos 50 ou início dos anos 60.

Quem é Josué Kinter ? Josué Kinter é um artista multidisciplinar com um catálogo abrangente. Vindo do deserto de Sonora, no Arizona, Josué  cria baladas sombrias e sonhadoras que são igualmente influenciadas por cantores de cowboy como Lee Hazlewood, assim como por artistas de vanguarda pop como Scott Walker e Velvet Underground. Com sua banda de apoio, The Empty Pleasures, ele canaliza os sons do início da americana, jazz e blues por meio de uma lente pós-punk temperamental usando texturas ambientais e experimentais – sempre com um aceno para sua amada casa no deserto.

Respostas Josué Kinter

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Fundador e editor da Arte Brasileira. Jornalista por formação e amor. Apaixonado pelo Brasil e por seus grandes artistas.