21 de março de 2025

De cidadão à imperador, Guiizinho MC deu a volta por cima

(Arquivo pessoal)

No ramo das batalhas de MC’s, o Trapstar “Guiizinho Mc” começou a fazer sucesso pela sua cidade através dos vídeos das batalhas que ele duelou. Nasceu Sítio do Conde – Bahia, em 2004, atualmente morando em Salvador, no bairro da Boca do Rio. Participante fiel da Batalha do Litoral (Organizada no Sítio do Conde). Com apenas 17 anos, o jovem MC tem ganhado espaço no mercado do Trap. Conquistando até admiradores do seu trabalho.

A primeira música quase já lançada

Nos dias atuais, o MC tem trabalho em sua primeira música, quase finalizada, lançou uma prévia no Youtube. A música tem como título — “Alaska x Guiizin – Toy Story (prévia)”.

História contada por ele

Eu nasci no inteiro de Salvador, no Sítio do Conde, eu conheci o rap em 2009, quando eu vi meu irmão mais velho “Andrei” escutando RacionaisEstilo Cachorro.  Desde então, depois daquele dia, eu comecei a gostar muito do RAP, e eu também gostava de ler, quando eu escutei a música Estilo Cachorro de Racionais, passei a escutar todas as músicas do grupo, eu gostava e gosto até hoje da visão de mundo que eles passavam.

Dentro desse mundo do RAP, passei a escutar: The Notorious B.I.G, Tupac, 50 Cent, Marechal, Rincon Sapiência, entre outros. Depois de alguns anos, meu primeiro contato com as batalhas, foi no Youtube — Emicida vs Negra Rê.

Eu morava em Marechal Rondon, Salvador, em uma rua onde eu tive alguns amigos que também curtiam batalhas de MC’s; Luan, Johnie, Cleiton, Mateus, Ronny e Guaxe. Nós nos juntávamos para armar a roda cultural e começar rimar. No começo ninguém rimava nada com nada, mas era engraçado. Depois de um tempo as coisas foram mudando, e grande parte começaram a desenvolver mais as rimas e a construção. Eles eram como uma família para mim; brincávamos de muitas brincadeiras, pulava muro para ir à quadra, no esconde-esconde, invadíamos as casas dos vizinhos, quintais, para nos esconder. Infelizmente tive que voltar para o interior, aquilo foi um choque para mim, porque, mesmo vindo do interior, eu me identificava muito com aquela galera. Eu fiquei de 2015 até o meado de 2016 sem contato com as batalhas de MC’s, e em 2017, vi um vídeo de batalha de um MC chamado Dudu.

Ele virou minha inspiração total em termo de música e batalha. Dudu, em minha visão e opinião, ele é como uma inovação do RAP. Novamente voltei a escutar muito o RAP Nacional; Djonga, Poetas no Topo, MV Bill, Rachid, Gigante no Mic, Rapadura, Sabotagem.

Perto do final de 2019, eu entrei de cabeça no mundo das batalhas de RAP. Através de dois manos; Emerson Santoro e Júnior Santana. Nós formamos um grupo chamado Batalha do Litoral com intuito de tirar os meninos das ruas e trazer para a cultura do RAP. Com o grupo formado, nós não lançamos uma batalha oficial, apenas ficamos treinando por um tempo; apenas com um celular (que reproduzia os beats) sem mic — (microfone).  Em dezembro de 2019, nós planejamos fazer a primeira edição da Batalha do Litoral com apoio da Prefeitura.

Como eu era inexperiente e tínhamos chamado muito Mc’s de fora, acabei sendo eliminado na segunda fase. Contra o MC Mello. Novamente me afastei das batalhas de MC’s por pensar que eu não servia para isso (…), e em agosto de 2020, comecei a treinar em casa, sozinho, e voltei a assistir muitas batalhas de MC’s e com o incentivo de Mc Santoro, voltei a batalhar, com muito esforço passei a ter muito resultado positivo nas batalhas, mas não tinha chegado ainda a ser campeão. Eu via Emerson como referência pra mim, então passei a conversar mais com ele e ele me ensinou algumas técnicas. Como teve uma pausa, eu mesmo assim continuei treinando em casa. Assim, nas voltas das batalhas, eu fui campeão contra Emerson na final.

Atualmente

Em 2021, neste ano, me tornei um dos maiores campeão da Batalha do Litoral. E com isto, conheci uma nova batalha chamada Batalha da Pompeia, em esplanada. Conheci amigos que se tornaram irmãos. Mateus Brito, Bouefmac, que também se chama Mateus, Pitbull Mc e Alaska Mc. Um dia, Alaska me convidou para ir à um estúdio na casa dele. E esse foi meu primeiro contato com música. Ele tem um grupo chamado Faith Mob. Eu e Alaska tivemos uma ideia de criar uma música na madrugada que está para ser lançada próxima semana.

Luan FH – Pra você, qual a maior referência musical ou literária que influencia muito na sua visão de vida? Trazendo uma tal filosofia.

Guiizinho MC – Djonga MC, porque Djonga retrata a realidade de uma favela e também porquê todas as músicas dele é relacionada a isso, a desigualdade, o sofrimento, sobre a revolta contra o racismo, pois, depois de tanto tempo depois, ainda há racistas.

Luan FH – Qual a mensagem que você deseja passar em suas músicas?

Guiizinho MC – Que o seu esforço pode vencer o dom natural das outras pessoas, ou seja, nunca desista dos seus sonhos no primeiro tropeço, pois, pode ser a primeira pedra do seu Castelo. Mas como já dizia Johnny Mc “Prefiro uma pedra no caminho, do que uma nos rins”.

Luan FH – O que te fez persistir, te ajudou, te curou, te fortaleceu para evoluir e consequentemente te fazer vencer em edições das Batalhas de Mc’s?

Guiizinho MC – Rapaz, o próprio RAP, pois, eu sempre tentava ser melhor do que eu todos os dias. Uma luta diária na qual tive que pensar sempre no amanhã. Porque igual Sabota “Rap é compromisso, não é viagem”.

Resenha do autor, Luan FH

É incrível como o RAP faz com que a gente sonhe além. Pensar em palcos, música, shows, dinheiro, mudança de vida. Quando um vence a pobreza, outros aplaudem e festejam. O menino que veio do interior, acabou construindo uma base inovadora, decidindo se dedicar aos treinos, pois, para alguns parecem loucura, para outros, um sonho muito desejado. As batalhas que fazem com muita paciência e atenção; os jurados: Precisam ter atenção as rimas. Os Mc’s: Precisam ter concentração para soltar aquele ataque ou resposta tão forte que tira da plateia um suspiro satisfatório.

Guiizinho MC procurou desenvolver, desempenhar algo novo, hoje por causa das batalhas, conheceu amigos que o apoiou e o ajudou. Agora, no quase lançamento da primeira música, está realizando o seu sonho; ser um artista. Talento não falta, dedicação também não. Não foi uma pedra que parou, de pouco a pouco, vai construindo o próprio império.

Os Excluídos da Educação no Brasil

Pensando em muitos fatores relevantes no Brasil, exclusão, desigualdade social, discriminação e a privação da cidadania é que venho escrever.

LEIA MAIS

LITERATURA DO RAP, por Luiz Castelões

O rap é o mais importante gênero musical-literário do final do séc. XX.Assim como o post de rede social é.

LEIA MAIS

RESENHA: Curta “Os Filmes Que Eu Não Fiz” (parte 1)

Este artigo é dividido em três partes. Esta é a primeira, intitulada por seu resenhista Tiago Santos Souza como “EU”,.

LEIA MAIS

Clarice Lispector – Como seria nos dias atuais?

(Crônica de Brendow H. Godoi) Quem seria Clarice Lispector se nascida na década de noventa? Talvez, a pergunta mais adequada.

LEIA MAIS

Como nasce uma produção musical? O caso de “Lord Have Mercy” diz que vai além

O cantor e compositor norte-americano Michael On Fire tem em “Lord Have Mercy” um de seus hinos mais potentes. Michael.

LEIA MAIS

SP/RJ: Bloco dos Dubladores se manifesta contra o uso indiscriminado da inteligência artificial no enredo

O carnaval deste 2024 nas metrópoles Rio de Janeiro e São Paulo também questiona o uso indiscriminado das Inteligências Artificiais.

LEIA MAIS

O Brasil precisa de políticas públicas multiculturais (por Leonardo Bruno da Silva)

Avançamos! Inegavelmente avançamos! Saímos de uma era de destruição da cultura popular por um governo antinacional para um momento em.

LEIA MAIS

JORGE BEN – Jornalista Kamille Viola lança livro sobre o emblemático disco “África Brasil”

Representante de peso da música popular brasileira, Jorge Ben é um artista que, em todos os seus segundos, valorizou sua.

LEIA MAIS

Gabriel O Pensador, sempre insatisfeito em “Matei o Presidente”

Reportagem escrita por Nathália Pandeló em outubro de 2018 e editada por Matheus Luzi   Há quem diga que o.

LEIA MAIS

CONTO: A Falta de Sorte no Pacto de Morte (Gil Silva Freires)

Romeu amava Julieta. Não se trata da obra imortal de Willian Shakespeare, mas de uma história de amor suburbana, acontecida.

LEIA MAIS