Capa do lançamento
O vocalista da banda RPM, na época, Paulo Ricardo, recebeu um pedido de autógrafo do jovem baterista Cacá, e, sem querer, alterou para KK. Essa é apenas uma pequena curiosidade da trajetória artística de um músico mineiro que, podemos brincar, “só sabe fazer música, e a faz muito bem”.
Ele foi, durante seu percurso musical, um nome intenso em bandas do cenário mineiro, no entanto, também era compositor, apesar de seu espaço como autor e cantor, ainda não havia tido o devido destaque.
O tempo passou, e entre altos e baixos, enfim KK apresenta ao mundo essas canções que felizmente estavam guardadinhas na gaveta, e outras compostas recentemente, para nossa alegria e satisfação.
Dessas músicas, foram selecionadas doze. Juntas, elas formam um retrato particular das vivências, observações e reflexões que KK acumulou durante anos e anos respirando o verdadeiro rock n roll, que inclui o brasileiro e o internacional.
Nas letras, o artista é bem-humorado e divertido, mas também introspectivo e profundo. Em comum, as doze faixas trazem um apelo de positividade, alegria, esperança e fé na vida.
“’A gente tenta até conseguir’ é uma letra que eu fiz ainda nos tempos do Colégio Marconi. ‘Só uma vez’ e ‘Não Falta Amor, falta Amar’, são duas composições que escrevi recentemente. ‘A canção das canções’ demorou 20 anos pra ficar pronta”, comenta ele.
“’Mãe’ é uma homenagem a minha Mãezinha. ‘Solidão pra que’ retrata um momento bem difícil da minha vida. ‘Eu só quero namorar com você’, ‘Cala a boca e beija’, ‘Beijo por beijo’, ‘Menina ou mulher’, ‘Até que enfim’ e ‘Ainda Quero’, foram inspiradas em um relacionamento amoroso”, acrescenta KK.
O disco é muito bom, e a sede de KK pela música é algo que é impossível passar despercebido. Por essas e outras, nós entrevistamos o artista. Confira a seguir!

Matheus Luzi – Qual a sensação de jogar no mundo canções que há tanto tempo estavam guardadas?
KK – Sensação de dever cumprido! É libertador! Eu sempre acreditei que, mais cedo ou mais tarde, essa hora ia chegar. Acredito que nada acontece antes do tempo certo de acontecer. E eu percebi claramente quando esse tempo chegou! Sinto que valeu a pena esperar esse tempo enquanto eu crescia como pessoa e também como artista.
Matheus Luzi – Você traça algum nível de importância das doze faixas para o mercado do rock nacional?
KK – Sim. Essas 12 canções são da maior importância pra cena do Rock do Brasil. Elas foram elaboradas, gravadas e produzidas com um dos mais nobres “selos de qualidade” que uma música braileira pode receber. O selo “MÚSICA DE BELO HORIZONTE”. Esse “certificado de origem geográfica” não existe à toa. A música de BH e uma música de extrema qualidade. Artísticamente, no que diz respeito a execução primorosa, poeticamente, no que tange as letras e harmônica e melodicamente, no quesito musical. As faixas tem essa importância e missao. Mostrar que é possível fazer Rock de qualidade ainda hoje em dia. Enfim, essas canções são hoje um sinal de que Belo Horizonte ainda cria muito do que há de melhor no país. E até no mundo! Veja o exemplo de Toninho Horta. Ele ganhou a última edição do Grammy Latino com um álbum feito em BH e que inclusive traz o nome de nossa cidade como título.
“Pra mim, MÚSICA É VIDA! A música é FUNDAMENTAL na vida das pessoas. Não devemos abrir mão do belo, da essencia, da transcendencia que a MÚSICA pode nos proporcionar. Mesmo com a vida corrida precisamos ter espaço pra música no nosso dia a dia. A música nos emociona, nos equilibra quando precisamos de equilibrio e nos desinstala quando precisamos entrar em movimento! Precisamos resgatar a boa música. A música que toca a alma, que traz mensagens que nos inspiram. Precisamos ir além da ponta desse iceberg de entretenimento e lazer que, é claro, são importantes, mas nem de longe são a maior parte do que a MÚSICA pode nos ofercer. Viva a MÚSICA. Viva intensamente. A gente precisa encontrar um momento todos os dias pra curtir nossa música preferida, mesmo que seja dificil em meio a esse turbilhão diário de ações e informações. Precisamos tentar. A gente tenta até conseguir!”
Matheus Luzi – “A Gente Tenta Até Conseguir” é, claramente, um álbum de rock, no entanto, o que você traz neste trabalho que pode servir como novidades para o gênero?
KK – Penso que seja a diversidade de vertentes do rock num mesmo álbum. Ele não é um álbum só de rock pop, não é um álbum só de rock Brasil, não é um álbum só de Heavy Metal, não é um álbum só de Hard Core… E assim por diante! Do rock, ele tem de tudo um pouco.
Matheus Luzi – Como você mesmo menciona em release enviado à imprensa, o álbum traz músicas bem-humoradas, divertidas, profundas, introspectivas, mas todas com mensagens otimistas e alegres, de esperança e fé na vida. Nesse sentido, quais temas você aborda?
KK – Eu falo sobre temas dos quais eu tive experiências pessoais e sobre temas do cotidiano. Perseverança pra seguir seu coração; solidão, mas como uma proposta de mudança; alegria e coragem pra viver um relacionamento com reciprocidade; bom humor na hora de “discutir a relação”; o amor maternal, que não precisa, nem tem explicação; o amor difuso e presente em tudo…
“A música de BH e uma música de extrema qualidade. Artisticamente, no que diz respeito a execução primorosa, poeticamente, no que tange as letras e harmônica e melodicamente, no quesito musical. As faixas tem essa importância e missao. Mostrar que é possível fazer Rock de qualidade ainda hoje em dia.”
Matheus Luzi – Você considera alguma faixa do disco como “protagonista”, “comercial” ou que, por algum outro motivo, se destaque mais que as outras?
KK – Sinceramente, eu acho que todas as faixas são comerciais. No sentido de que todas são simples, trazem mensagens muito claras e humanas e são de fácil entendimento. Nenhuma das canções tem alguma pegadinha ou metáforas muito complicadas. Assim sendo todas as faixas são muito fáceis de serem assimiladas e lembradas! Como protagonista penso que a faixa que do título ao álbum tem essa missão. “A Gente Tenta Até Conseguir” é o coração do álbum e traz todas as outras canções a reboque. Ela puxa esse trem ? e vai espalhando as músicas por onde passa!!!
Tenho vivido uma experiência muito interessante com vários amigos meus. Eu pedi pra eles me dizerem qual era, na opinião deles, a melhor música do álbum… Muitos me disseram que eles não estavam conseguindo dizer qual seria a melhor, pois gostavam muitos de várias! O próprio pessoal envolvido na produção também dizia isso. Que o álbum não tinha uma música melhor que outra, pois todas estas boas!
Matheus Luzi – Dando sequência a pergunta anterior, quais faixas você enxerga como aquelas que, talvez, o público irá procurar menos? Aproveite essa resposta para incentiva-los a ouvir de ponta a ponta o seu álbum.
KK – Pelos números que temos acompanhado a canção menos procurada é “Até Que Enfim”. É um pop rock romântico que conta a estória de um cara que foi abandonado pela mulher que ele ama, mas que ele acredita firmemente que gosta dele. Por isso ele tem fé e esperança que um dia ela vai voltar. E um dia… ela volta! Daí o nome da canção! É muito interessante ver a dinâmica e como as situações são colocadas na letra da canção. É uma das canções mais curtas do álbum. Apenas dois minutos e meio. Penso que vale sim a pena ouvir. O arranjo ficou muito bacana! Além de falar de um tema muito humano e reccorente. A grande maioria das pessoas já vivenciou essa situação!
“Penso que seja a diversidade de vertentes do rock num mesmo álbum. Ele não é um álbum só de rock pop, não é um álbum só de rock Brasil, não é um álbum só de Heavy Metal, não é um álbum só de Hard Core… E assim por diante! Do rock, ele tem de tudo um pouco.”
Matheus Luzi – Sobre a ficha técnica do disco, comente.
KK – Como eu já disse, o álbum foi baseado em valores que eu acredito sejam fundamentais para uma vida feliz e saudável. Como perseverança, amor e amizade. Como eu era meu próprio diretor geral, produtor musical e fonográfico, eu construi a equipe de forma a refletir esses valores. Em primeiro lugar eu convidei meu grande e antigo amigo, que por razões da vida, do talento e do esforço, tinha se tornado um dos maiores contrabaixistas e produtores musicais do Brasil e do Mundo, Adriano Campagnani. Quando eu ainda estudava no Colégio Marconi, minha banda precisou de um baixista pra tocarmos numa festa. Então alguém indicou o Adriano. E essa banda foi a primeira banda dele. Criamos então uma conexão musical muito profunda. Aí em algum momento ele seguiu o caminho dele e eu segui o caminho que eu precisava seguir, mas eu sempre tive em mente voltar a tocar com ele! E pelas voltas que o mundo dá, nós nos reencontramos! Ele já é um músico consagrado, reconhecido e admirado, excelente produtor musical e arranjador. Daí pedi pra ele convidar amigos dele. Pra manter a energia e fundamentos que eu desejava. Então ele chamou o André, irmão dele pra fazer a bateria! E foi uma grata surpresa pra mim. Pois eu lembrava do André assistindo nossos antigos ensaios na casa do Adriano. Chamou o Guilherme, também de Belo Horizonte, pra fazer a guitarra, chamou o Deangelo pra fazer os teclados, convidou o Wagner e o Breno pra executarem os metais. Por sua vez, Guilherme convidou o amigo dele Milton Guedes pra fazer a gaita da canção título do álbum! Aí então eu consegui manter a energia da amizade no álbum! O clima nas gravações era muito legal! Cada músico ficava entusiasmado com a participação do outro!!
Matheus Luzi – O que você espera de sua carreira solo?
KK – Espero fazer o que eu sempre quis fazer. Espero poder tocar minhas músicas e continuar compondo mais músicas e continuar tocando minhas músicas e continuar compondo minhas músicas. Se as pessoas gostarem do meu som, vai ser legal também. Se mais pessoas gostarem do meu som vai ser mais legal também. Se muitas pessoas gostarem do meu som vai ser muito mais legal também! O importante é que todos sejamos felizes. Espero também contribuir para o redespertar do Rock Brasileiro, da música de qualidade, tanto harmônica e melodicamente, quanto no aspecto das letras e das mensagens.
“Sinceramente, eu acho que todas as faixas são comerciais. No sentido de que todas são simples, trazem mensagens muito claras e humanas e são de fácil entendimento. Nenhuma das canções tem alguma pegadinha ou metáforas muito complicadas. Assim sendo todas as faixas são muito fáceis de serem assimiladas e lembradas!”
Matheus Luzi – Há alguma história ou curiosidade interessante sobre o álbum ou sobre você que você queria nos contar?
KK – O que eu achei muito bacana é que todas as gravações dos instrumentos bases foram feitas de maneira remota. Cada músico gravou em seu “próprio estúdio”. Adriano gravou os baixos no estúdio da casa dele em BH, Guilherme gravou as guitarras no estúdio da casa dele em Houston – Texas, nos USA, o Deangelo gravou os teclados, inclusive o piano acústico em seu estúdio em Trancoso – BA, André gravou as baterias em um estúdio em Uberlândia – MG. Nas gravações das participações especiais isso também aconteceu. Milton Guedes gravou a gaita no estúdio que ele também tem na casa dele no Rio de Janeiro – RJ, Wagner Tiso gravou o piano acústico em um estúdio também no Rio, Sérgio e Esposa gravaram violoncelo e violino no estúdio da casa deles em BH. Somente os metais, do Breno e do Wagner, e a minha voz foram gravados em um estúdio de Belo Horizonte, onde foram feitas também a mixagem e a masterização.
Matheus Luzi – Agora deixo esse espaço livre para você dizer o que quiser.
KK – Pra mim, MÚSICA É VIDA! A música é FUNDAMENTAL na vida das pessoas. Não devemos abrir mão do belo, da essencia, da transcendencia que a MÚSICA pode nos proporcionar. Mesmo com a vida corrida precisamos ter espaço pra música no nosso dia a dia. A música nos emociona, nos equilibra quando precisamos de equilibrio e nos desinstala quando precisamos entrar em movimento! Precisamos resgatar a boa música. A música que toca a alma, que traz mensagens que nos inspiram. Precisamos ir além da ponta desse iceberg de entretenimento e lazer que, é claro, são importantes, mas nem de longe são a maior parte do que a MÚSICA pode nos ofercer. Viva a MÚSICA. Viva intensamente. A gente precisa encontrar um momento todos os dias pra curtir nossa música preferida, mesmo que seja dificil em meio a esse turbilhão diário de ações e informações. Precisamos tentar. A gente tenta até conseguir!